quinta-feira, 23 de abril de 2015


DAMPYR 181  

A ESTRÉIA DE RITA PORRETO E SILVIA MERICONE EM UMA EDIÇÃO ESCURA




Dampyr festeja os quinze anos da publicação da primeira edição (O Filho do Diabo, Dampyr 1, em abril de 2000) com "A Longa Noite de Ódio", edição em que estreiam a afiada dupla formada por Rita Porreto e Silvia Mericone. Não podemos esquecer os extraordinários e escuríssimos desenhos de Nicola Genzianella (uma garantia!), a chegada das idealizadoras de "Dr. Morgue" merece um destaque, também porque coincide com a realização de um episódio escuro e bem feito.



A chuva incessante, a loucura homicida que é galopante e alguns mistérios obscuros ainda a se revelar. Eis os ingredientes desta história. Os eventos acontecidos cinco décadas antes em Winter, Iowa, têm fortes repercussões no presente: o nosso Harlan Draka se encontra no local a busca de informações, em companhia de Anyel, ser dotado de poderes especiais.

Impossível, imediatamente, não notar os traços de Nicola Genzianella, mestre indiscutível da sombras. Se trata indubitavelmente de um dos desenhistas que atualmente encarnam da melhor forma as atmosferas da série dampyriana, discípulo de mestres como Alberto Brecia e Corrado Roi. Citamos aqui somente três páginas (entre as tantas) exemplificativas do grande trabalho do artista: o inquietante demônio andarilho, que se aproxima, quadrinho a quadrinho (pág. 37); os rapazes sinistros no ônibus (pág. 47); e a loucura feroz (pag. 53). Para o fim da edição, algumas páginas são menos detalhadas: Genzianella parece explorar os fundos completamente negros e as cenas de ação, para fazer uso de um trato mais diluído. Isso em nada invalida o trabalho, onde o clima sombrio da tempestade e os maus pressentimentos, juntam-se a morbidade opressiva de algumas cenas, satisfazendo o leitor.

Retornando às autoras da edição, nunca escondemos que impressionaram positivamente com a mistura de noir, psicologia, crime e sólidas histórias que era "Dr. Morgue" (minissérie publicada pela Star Comics entre 2011 e 2012). Presumivelmente, também Mauro Boselli deve ter gostado, visto que também dois desenhistas da minissérie, Daniele Statela e Marco Fara, debutaram em Dampyr no ano passado (realizando também a história de março, "O Filho de Kurjak").
Além desta minissérie, lemos uma história da dupla Porreto/Mericone em Dylan Dog Fest 6 (2011, cujo título foi "Femes Fatales" e inteiramente realizado por elas), que constitui a interessante estréia delas na Bonelli.
Em Dampyr 181 realizam uma história que flui fácil, "sem frescuras" e bem balanceada. Os defeitos, se quisermos, são aqueles de muitos episódios da saga: de uma parte, o recurso da continuidade passada em elementos também importantes da história (que levam em parte um novo leitor a não ter plena compreensão da aventura), por outro lado, o final: "não revelaremos" nada, mas depois de centenas de episódios preferiríamos algo mais incisivo para resolver a situação. Como para os desenhos, que não nos fazem torcer o nariz, deixando a idéia contudo, de termos lido uma boa edição, acima da média da série, e, desejando, obviamente, que nas histórias futuras as duas autoras consigam trazer o gosto particular e sugestivo delas ao universo de Dampyr!


 
A LONGA NOITE DE ÓDIO
SÉRIE: DAMPYR
NÚMERO: 181
ABRIL 2015
SERGIO BONELLI EDITORE

 
ARGUMENTO E ROTEIRO: Rita Porreto e Silvia Mericone
DESENHOS: Nicola Genzianella
COPERTINA: Enea Riboladi

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