segunda-feira, 1 de julho de 2013


Claudio Falco nos conta como nasceu o episódio de Dampyr que vai para as bancas em julho - A Freira, ambientado na "sua" Nápoles. Mas vamos ouvir as palavras do autor e descobrirmos como será a nova aventura italiana de Harlan e seus companheiros caçadores de vampiros.
"RETORNO A NÁPOLES"
 Quando Mauro Boselli falou comigo pela primeira vez da possibilidade de que eu escrevesse, depois de sua "A Maldição de Varney! (Dampyrs 52 e 53), uma nova aventura de Dampyr ambientada em Nápoles, a minha primeira reação foi topar no ato... Cinco minutos depois comecei a suar frio, mas já não podia voltar atrás! Como lidar, com o "agravante" de ter nascido na cidade, o "terreno minado" das paisagens e das tradições de um lugar esculpido no imaginário coletivo por milhares de romances, filmes e peças teatrais? Como não cair na armadilha dos lugares comuns? E, sobretudo, onde encontrar uma idéia que me permitisse invocar o passado pleno de magia da minha cidade, mas que que já não tivesse sido usado muitas, muitas vezes?

Descartados a princípio os vários pontos conhecidos por todos, me vi encurralado num beco sem saída. Por sorte, para me tirar das dúvida em que me encontrava "apareceu" o fantasma de Marie-Henri Beyle. E este, me ofereceu algo, como na melhor tradição napolitana, me fez recordar de um livro, na época um autêntico best seller, atribuído (muito provavelmente sem qualquer fundamento, mas esta é uma outra história) a: "A Crônica do Mosteiro de Santo Arcangelo", extraída dos arquivos de Nápoles. Era a história que procurava, plena de sangue e mistério, escura e barroca, pronto, estava ali! Harlan e Kurjak já podiam partir para Nápoles. Por mais estranho que possa parecer a quem não nasceu por aqui, Nápoles, "o lugar do sol", é um lugar quase perfeito para uma história de horror. Os palácios do centro histórico, os becos, as vias Tribunali e Spaccanapoli que levam a época romana, a parte percorrível dos subterrâneos da cidade, fornecem uma gama de locais ideais.

Assim, "armado" de minha máquina fotográfica, fui dar uma volta para recolher documentações para Nicola Genzianella, o desenhista de Dampyr 160 (um italiano originário de Turim, que transportou para as páginas o "espírito" da cidade e me deixou na dúvida se não tem um antepassado napolitano). E então, Palácio Sangro Casacalenda foi transformado, na ficção, Palácio Ayala. Temos também o histórico Café, sempre usado como ponto de encontro dos intelectuais napolitanos, o Convento de São Gregório Armenio, a antiga Pizzaria, onde foi inventada a pizza Margherita e, obviamente, o Convento São Arcangelo. Seguramente não poderia faltar os coadjuvantes que animaram Dampyrs 52 e 53. Tive trabalho para dar novamente voz a Don Raffaele, a Almerinda e Piccerilli. A voz, eis o problema. Que voz dar aos personagens "locais"? Como dar a eles "voz" mas no rítmo próprio da lingua napolitana, sem exceder na utilização do dialeto local? Essa parte foi provavelmente a principal dificuldade na realização dessa história.

Dentro de pouco dias Dampyr 160 estará nas bancas. Eu só posso esperar (com uma ansiedade além do habitual), a opinião dos leitores.

Claudio Falco



Matéria publicada originariamente no site: www.sergiobonellieditore.it

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