domingo, 19 de novembro de 2017


CLAUDIO FALCO ENTRE DAMPYR E RICCIARDI
Presente nas bancas com três histórias, Claudio Falco nos contou como nascem suas histórias para Dampyr e como fez para adaptar para os quadrinhos as investigações do Comissário Ricciardi. E como faz para conciliar seu trabalho de médico com todas as coisas que escreve...

"O Dia dos Mortos", número 212 de Dampyr, saiu duas semanas depois do Especial 13, "A Terra das Águias". Em comum, o fato de ambos serem histórias de Claudio Falco. E não é só: também "A sensação da dor" - A primeira aventura em quadrinhos do Comissário Ricciardi, há pouco nas bancas, é de autoria de Claudio Falco. Não poderíamos deixar de entrevistá-lo!

Iniciamos a entrevista de modo clássico: de onde surgiu a inspiração para "O Dia dos Mortos", número 212 de Dampyr atualmente nas bancas? 
Tenho uma grande paixão pela história e cultura da América Latina e acho fascinante o fato que, no México, o "Dia dos Mortos" é visto não com tristeza, mas sim é festejado, com muita cor, música e doces. Sempre me pareceu um ambiente perfeito para uma história de Dampyr e então parti dali. O Narcos, neste contexto, não poderia faltar e enfim, quando a idéia começou a tomar forma, a tentação de inserir de algum modo Ixtlan - um dos Mestres mais carismáticos que já se viu na série - foi muito forte para renunciar.

De um modo geral, com encontra inspiração para suas histórias para uma série com uma continuidade característica como Dampyr? Qual a base narrativa inicial para propor uma história? 
Esta é uma pergunta de um milhão de dólares! Devo confessar que as "dicas" vêm um pouco de todas as partes (livros, filmes, viagens realizadas, jornais... algumas vezes, até da música clássica) e, muitas das vezes de maneira casual. Não vou procurá-las, muitas das vezes são elas (que sorte!) que me encontram. Quantas vezes, eu provei "me veio uma idéia" e acabei ficando por horas, como um idiota olhando a folha em branco. Encontrada a idéia base, o próximo passo é a idealização de um antagonista "forte" (ou escolher um adequado para a ocasião, entre os inúmeros a série). O resto vem (quase) por si só.
Um quadrinho de "O Dia dos Mortos", desenho de Fabiano Ambu

Sabemos que trabalha como médico: como consegue conciliar esta profissão com aquela de autor de quadrinhos, entre outras muito prolífico? 
Prolífico? Eu? seria prazeiroso sê-lo, mas o meu "segundo trabalho" me subtrae boa parte do tempo. Brincadeira a parte, não é sempre fácil conciliar as duas coisas, desligar o interruptor da metade racional do cérebro, que uso no hospital, para acender a metade "autor de história em quadrinhos". Escrevo em todo momento livre (graças a paciência da minha mulher, que também escreve e então me entende), mas à noite e de madrugada, quando o telefone não toca para romper o silêncio, são os momentos mais frutíferos e que prefiro.

No tocante ao Comissário Ricciardi em quadrinhos, que origina-se da adaptação de um romance real, então um tipo de trabalho diferente de Dampyr. Quais são os desafios específicos de uma história do gênero? 
Ricciardi foi um desafio da primeira à ultima página. Reduzir a história ao fazer a transposição, de um modo diferente da página escrita para os quadrinhos, seria trair o original de maneira imperdoável. Ricciardi é um personagem imensamente trágico, feito de pensamentos, de silêncios, de aparência. Ele tem um segredo, uma maldição que o impede de viver e de amar e o condena à solidão. Contar a primeira parte de suas histórias de maneira "visível", mantendo-se fiel às atmosferas do romance (o ao menos tentar: cabe aos leitores dizer se consegui ou não) e no mesmo tempo fazer de modo que fosse reconhecida a "marca de fábrica" da Sergio Bonelli Editore, foi cansativo, mas ao mesmo tempo entusiasmante. 
Um quadrinho de Comissário Ricciardi. Desenho de Daniele Bigliardo.

No número 1 de Ricciardi, o layout é muito livre, e não segue de fato a grade bonelliana. Se trata de uma escolha sua ou do desenhista Daniele Bigliardo? Ou algo que concordaram juntos? 
A "forte" idéia de romper a grade bonelliana foi uma idéia de Daniele, que também impôs graficamente Ricciardi e os coadjuvantes da série. O restante (e mais algumas coisas) discutimos todos juntos: Maurizio de Giovanni, o diretor Michele Masiero, o curador Luca Corvi, os outros desenhistas - Lucilla Stellato, Alessandro Nespolino e Luigi Sinaschalci -, os meus colegas autores- Sergio Brancato e Paolo Terracciano (senza dimenticare a contribuição do staff da Escola Italiana de Comix através de Mario Punzo) -, durante a fase de configuração da série. O resultado final acredito que seja uma "síntese" equilibrada e eficaz da contribuição de todos.

Neste momento nas bancas e livrarias são três histórias escritas por você: o Dampyr Especial, o número 212 da série regular e o número 1 do Comissário Ricciardi em quadrinhos. Pode nos falar de seus projetos futuros para ambas as séries? 
No fim de maio será o Magazine dedicado ao Comissário Ricciardi, que terá quatro histórias. Uma será minha: "Febre", uma história belíssima que narra o homicídio de um "adivinho" (assim são chamados aqueles que, em Nápoles, tradicionalmente, interpretam os sonhos para jogarem os números na loteria). No decorrer do ano, acredito que estão programadas algumas aventuras do Dampyr Harlan Draka (outras histórias já terminadas estão em processo de finalização), Neste momento, estou escrevendo uma história para a série regular de Dampyr, e adaptando um outro romance de Ricciardi. Emfim, estou trabalhando com Terracciano em outro projeto ligado ao imaginário literário de Maurizio de Giovanni, que será realizado pela Sergio Bonelli Editore. Em suma, em 2018, não terei motivos para ficar entediado.

Entrevista concedida a Adriano Barone



  Matéria publicada originariamente no site: www.sergiobonellieditore.it

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