quarta-feira, 9 de agosto de 2017



Crítica: Dylan Dog 371 - Chega o Dampyr

Dylan Dog cruza seu caminho com aquele de Harlan Draka, o Dampyr, em uma Londres tomada de terror pelas mortais criaturas às ordens de Lodbrok, o Mestre da Noite. Nesse meio tempo, John Gost torna a tecer sua escura e inominável trama às costas do inquilino de Craven Road, primeira parte de uma longa história que continuará, encontrando seu epílogo, nas páginas de Dampyr nº 209, intitulado "O Detetive do Pesadelo".


CHEGA O DAMPYR

A terminologia, a grosso modo, tem mais importância do conteúdo que representa. Em alguns casos, se discute tanto sobre os significados das palavras que se perde a direção. Crossover, foi mudada - no âmbito dos quadrinhos - a perfeita representação de uma categoria de histórias em que dois personagens (geralmente ambos publicados pela mesma editora) se encontram entre às páginas, antes em uma série e depois na outra, Simples assim, não tão estranho como muitos entendem.

Na realidade, todo este movimento contestatório sobre a correta definição de um termo é supérfluo, sobretudo quando nos encontramos a ler uma história como "Chega o Dampyr", em que Dylan Dog e Harlan Draka (o Dampyr) - se encontram pela primeira vez. O anúncio deste evento já tinha sido feito há alguns anos, e no curso do tempo, tentou-se imaginar como seria a fórmula utilizada pelos autores para fazer da melhor forma o encontro entre dois mundos notadamente diferente entre eles. 

Romântico? Não. Intimista? Não. Em uma história com vampiros e caçadores, poderia prevalecer somente a ação. Aquela a meia estrada entre Blade, Buffy e James Bond, como diz também Dylan no meio da história.

Desde às primeiras páginas de "Chega o Dampyr", se tem a sensação de que subiu numa moto, e de ter partido a toda velocidade, em direção a meta. Não há tempo de refletir, ou, ainda o leitor de se sentir confortável, e não ter consciência do que está prestes a enfrentar, exatamente como convém a Dylan.

Nos textos desta primeira parte do crossover, encontramos o responsável por Dylan Dog, Roberto Recchioni em dupla com Giulio Antonio Gualtieri que representa a ponte entre o Detetive do Pesadelo e Dampyr.


AÇÃO 

O ritmo da primeira parte é exatamente o que trouxe sangue novo a Dylan nos últimos anos. Não há espaço para introduções chatas. Tudo deve ser sempre novo, e, Roberto Recchioni se confirma um ótimo autor quando há necessidade de idealizar histórias não convencionais. Voltando no tempo, da sua estréia nas páginas de Dylan Dog, antes de ser o responsável, são rarissimos os momentos que segue o escrito nas histórias do Detetive do Pesadelo.

Tudo muito dinâmico, veloz, com escolhas narrativas que fazem encaixar cada peça. O resultado é uma primeira parte da história que flui extremamente bem, graças às enquadraturas que fazem parecer um filme.

Há um grande revés, obviamente, pois os autores têm a necessidade de contarem como aconteceu a situação que permitiu o encontro dos dois heróis da Editora Bonelli. A aproximação, troca as atmosferas do mundo de Dampyr, e encontramos páginas com as odiadas explicações. Estamos de frente a uma edição que começa bem e se transforma numa história entediante? Absolutamente não, Recchioni e Gualtieri criaram uma edição que para a maior parte é ambientada internamente (casa de Dylan), com diálogos longos e com ação. 

A primeira coisa boa em "Chega o Dampyr" é Groucho, que fez algumas das suas, que nos fazem rir, e consegue alegrar toda a referência histórica sobre Dampyr e seus parceiros. Os universos de Dylan e Harlan Draka, se mesclam com sangue e projéteis, eles encontram o equilíbrio e a direção. Há espaço para todos: da Rania e Carpenter até John Ghost, que - mais uma vez - demonstra ser um grande marionetista, e - pessoalmente - um grandíssimo personagem cujo potencial ainda é pouco explorado.

Onde nos levará esta primeira parte da história? Descobriremos em Dampyr 209, intitulado "O Detetive do Pesadelo", escrito por Mauro Boselli e desenhado pela coluna dylandogana, Bruno Brindisi. Nas bancas a partir de 4 de agosto.


OS DESENHOS DE BIGLIARDO


"Chega o Dampyr" é uma história bem calibrada, seja no tocante aos textos, mas sobretudo no tocante aos desenhos de Bigliardo. Já na sua última aparição sobre as página de Dylan Dog, "A Serviço do Caos", o desenhista pertencente a Escola Salernitana (Brindisi, Siniscalchi, De Angelis, etc) demonstrou ter embarcado numa direção a respeito da linha clara, privada de sombra, mas plena de detalhes, que tinha caracterizado toda sua produção precedente. As páginas relizadas, da primeira à última, são densas de atmosfera escura, de olhares que parecem perfurar as páginas e transmitem melancolia.

A trama? Na sua simplicidade, na sua canônica composição quando se fala de vampiros, é bem estruturada e consegue unir não somente os protagonistas das duas séries, mas também, todo o aparato narrativo e atorial que os circula, tornando-a menos óbvia e menos enjoativa.

Dampyr e Dylan, um encontro tão esperado, e, ao final, muito gratificante. Ah! A capa dupla, realizada por Gigi Cavenago, promete. Espetacular é redundante.

Luigi Formola


Crítica publicada originariamente no site: www.c4comic.it 

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