sábado, 10 de agosto de 2013


Gianmaria Contro, entrevistou Corrado Roi, homem de Dylan Dog emprestado a Dampyr para desenhar o quinto Maxi Dampyr.


O VETERANO DA ESCURIDÃO

Firme como uma rocha, staconovista incansável, Roi - além de ser um indiscutível Mestre do desenho - é também aquele que se diz "uma garantia". Teve nas mãos uma história longa e complexa, como o quinto Maxi Dampyr. E ele colocou seus traços em ação, deslizando como um violino. A despeito da seriedade e extremo profissionalismo que gosta de exibir, Corrado entre os autores bonelianos é aquele que talvez dentre todos, saiba mudar uma história em uma "atmosfera", um argumento em um "sonho"... Vamos descobrir como faz.

Caro Corrado, há quanto tempo trabalha para a Bonelli? 
La se vão quase trinta anos... 
Viu vários personagens...
Fácil falar dos personagens que faltam, e não são muitos! Trabalhei com Mister No, Martyn Mystère, Julia, Brendon, Magico Vento, Dylan Dog...


Sim, Dylan Dog é provavelmente o seu "companheiro de estrada" mais frequente. Em seguida, foi para Dampyr, tire-nos uma curiosidade: gosta de terror? 
É difícil dizer, porque na realidade do ponto de vista do desenhista é muito particular, muito diferente daquele do autor. Imagine ter uma centena de páginas para desenhar... quantos são os quadrinhos de "terror" que tem de ilustrar? Quantas são as sequências em que Dylan vai a Scotland Yard, ao pub, a um casamento? No fim das contas é mais uma questão de técnica, de continuidade. Aquilo que é mais importante, para mim, é garantir a qualidade da história, produzir alguma coisa que prenda o leitor, que respeite as expectativas.

Então, você não é um daqueles que gostam de sentir empatia com os personagens? 
Francamente, direi que não. Muitos dos meus colegas fazem isso espontaneamente, e provavelmente os ajuda a levar em frente o trabalho... Em certos aspectos é invejável. Eu não consigo manter-me em sintonia assim profundamente, talvez por algumas dezenas de páginas
O seu estilo - assim rico de claro/escuros, de sombras - se aproxima muito do "gótico". Vem em mente também certos filme do Expressionismo alemão...? 
Sim, seguramente há uma afinidade, mas é mais uma questão de "gosto", uma escolha gráfica, não uma preferência para este ou aquele "gênero". E depois, que coisa é o horror? O cinema dos castelos&vampiros dos anos sessenta? Os fantasmas e os zumbis que voltaram a moda nesses últimos anos? São coisas muito diversas...

E Dampyr? Como se viu trabalhando nesse Maxi? 
Bem direi. Dampyr é um personagem muito bem elaborado, documentado... sobretudo naquilo que diz respeito às "tomadas", às ambientações das suas aventuras. Me parecia trabalhoso! Mas o argumento de Di Gregorio - que tem dom para ficção científica - me permitiu muita liberdade.

Falando de Di Gregório (e de liberdade). Ele é um tipo muitíssimo inquieto, uma viajante inveterado. E você? Que tipo é? 
Viajar... e com que tempo? Eu estou sempre aqui, debruçado sobre uma página! Porém, brincadeiras a parte, me defino fundamentalmente um sedentário, mas talvez depende também do fato que tenho o privilégio de viver num lugar belíssimo (Laveno Monbello, na Lago Maggiore).  Me basta sair de casa e é como se estivesse de férias.

Bah, parece que, em matéria de férias, você não tem muitas possibilidades de ter verdadeiramente uma, visto que não tem tempo...
É, sim. Estou realizando ao mesmo tempo um Texone escrito por Pasquele Ruju e um Nathan Never Gigante, de autoria de Davide Rigamonti...
Tex e Nathan? É a lista de personagens que "te faltam" trabalhar...
Sim. E considero um belo reconhecimento. A SBE, evidentemente, me tem como um "recurso" de valor. Se vê que garanto uma relação qualidade/quantidade aceitável.
Não seja modesto, é verdade que seu estilo pessoal e inconfundível é sempre capaz de harmonizar-se com personagens e contextos diversos.
Dito assim soa melhor. Eu me vejo, antes de qualquer coisa, um perfeccionista que procura fazer seu trabalho com honestidade e empenho. Isso não significa que os quadrinhos não me seduzem (se fosse assim não seria desenhista), mas somente que, para mim, o essencial é o resultado final. Importa mais que minhas reflexões pessoais...
  
Entrevista publicada originariamente no site: www.sergiobonellieditore.it

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