quarta-feira, 9 de novembro de 2011


ENTREVISTA DE FABIANO AMBU

CONCEDIDA AO PQEDITORI

Para os amantes do sangue e das séries vampirescas. Para todos que reconhecem o desenho do autor. Hoje temos o prazer de apresentar um dos melhores desenhistas da Itália, que realiza aventuras dampyrianas absolutamente únicas, como é a beleza da sua Tesla. Aqui para vocês, o grande Fabiano Ambu.

Nos fale de sua formação
Fabiano Ambu: Frequentei a academia de belas artes por quatro anos, onde fui diplomado com o arquiteto pelo Instituto Europeu de Desenhos. O quadrinho sempre foi minha paixão, quando me transferi de Cagliari para Milão, estive na SBE e apresentei alguns desenhos, depois de quatro anos, fui chamado para a série que esperava trabalhar, isto é, Dampyr.

Em qual escola gráfica você se inspira?
Fabiano Ambu: Vejo muitos os quadrinhos clássicos como Toppi, Battaglia; atualmente gosto muito de J.H.Willians III, que trabalha para a DC Comics em Batgril e Batman. No que concerne a cenários e ambientações vejo os quadrinhos franceses, mas digamos que observo um pouco de todos os estilos e as soluções gráficas. Posso porém, afirmar com certeza que a maior influência sobre meu traço provêm da paixão pelas obras de Dino Battaglia.

Qual a marca registrada do seu traço?
Fabiano Ambu: Creio que o meu traço se caracteriza por ser "sujo", e costumo utilizar o preto e o cinza, para isso Dampyr é uma série que se adapta perfeitamente às minhas características.

Nos fale de seus primeiros trabalhos
Fabiano Ambu: O primeiro trabalho foi L´Insonne com Giuseppe Di Bernardo. Giuseppe é um desenhista de Diabolik, criou e argumentou as aventuras de Desdy Metus (L´Insonne), este quadrinho deu visibilidade a muitos desenhistas novatos. Cheguei em, L´Insonne na segunda edição, e devo dizer que acreditava que poderia fazer tranquilamente 94 páginas... ao final para completar o trabalho, precisei do auxílio de outro desenhista, quando somos jovens, pensamos que podemos abraçar o mundo (risos). O meu traço era diferente de hoje, mas já prenunciava alguma coisa do meu estilo atual.

Como foi sua primeira impressão com Dampyr?

Fabiano Ambu: Devo dizer que graficamente Tesla e Kurjak "peguei" de primeira, enquanto o mais complicado era apenas um desenho de Harlan, apesar de ser um ávido leitor.
Comecei a ler Dampyr desde os primeiros números, e tanta era a minha paixão pela série que foi esse artifício que apresenta a Bonelli, pois queria desenhar uma história de a qualquer custo.
Também, amo o mode de escrever de Boselli (na realidade queria trabalhar Harlan), colaborar com ele e continua sendo uma grande experiência trabalhar com Mauro (Boselli), é teimoso e orgulhoso tanto quanto um habitante da Sardenha, por isso trabalha tão bem. Harlan é complexo de desenhar, porque não é classicamente belo e os traços de sua face são particulares.

Nos fale sobre "A Casa de Faust" (Dampyr 121)
Fabiano Ambu: "A Casa de Faust" se passa em Praga, e foi belíssimo trabalhar uma história de Dampyr com aquelas ambientações. Essa história tem uma passagem engraçada para contar. Nunca tinha visto determinada fachada de Praga, e deveria me basear em fotografias, e num certo ponto, para corrigir um determinado quadrinho me basiei numa fachada específica. Mauro Boselli me disse que tal fachada não existia em Praga, e que deveria retirar a fachada do quadrinho - na dúvida, retirei. Depois, fui a Praga a passeio e claro, fui visitar a tal fachada, "ela existe de verdade", isto para vocês entenderem, quanto é meticuloso e apurado o trabalho sobre Dampyr e quanto respeito há pelos leitores. Devo dizer que foi um trabalho apurado, porque representei personagens num todo e eu tinha, além da documentação relacionada ao argumento, uma série de pesquisas para fazer, mas isso é prazeiroso.

A força de Dampyr está na continuidade, como procura fazer para igualar o seu traço com os desenhistas que lhe precederam?
Fabiano Ambu: Não, isso não é problema. As ambientações devem ser similares em todas as edições, o estilo ao contrário, muda, estou convicto que essa seja a força de Dampyr, realizar atmosferas góticas, benulosas, mas todo desenhista pode exprimir as próprias características. Basta ver Alessandro Bocci, que tem um traço limpo e linear, enquanto eu, tenho um traço mais "sujo" e carregado, enquanto Santucci, que se utiliza de enquadramentos muito dinâmicos e tem traços de Neal Adams.
Dampyr é uma série que tem verdadeiros talentos dos quadrinhos e sou feliz por fazer parte deste staff.


O que falta a Dampyr para atingir o sucesso editorial de Tex ou Dylan Dog?
Fabiano Ambu: Tex é como Superman, são personagens que fazem parte do imaginário coletivo, passaram de geração e geração entre os leitores. No que toca a Dylan Dog, creio foi muito importante o período histórico em que nasceu, naqueles anos a gente queria um certo tipo de horror e Sclavi foi mestre em oferecer-nos esplêndidas ambientações surreais. Sinceramente, creio que Dampyr não seja qualitativamente inferior a estes títulos e demonstra que depois de dez anos goza de boa saúde à nível de banca.
Quando surge uma divergência sobre uma página, como resolve o problema?
Fabiano Ambu: Quando se trabalha com um argumentista/editor como Boselli, a última palavra cabe a ele, e não se perde tempo com discussões. Pode dar uma opinião aqui ou acolá, mas o argumento prevalece sempre e dessa forma tem funcionado perfeitamente. Com a redação tenho ótima relação, devo dizer que o ambiente na Bonelli é muito familiar e isso ajuda muito.

Nos fale de seus projetos futuros?
Fabiano Ambu: Agora estou finalizando uma história de Dampyr, tenho um compromisso com a Star Comics para uma mini-série na qual sou o criador gráfico e realizarei as capas. Me dedico também ao Artist Alley, cujo grupo fazem parte eu, Marco Santucci e Alessandro Bocci, e, nos apresentamos em vários stands das várias feiras de quadrinhos, onde damos vida às nossas outras produções, isto nos permite experimentar novos estilos gráficos.

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