domingo, 23 de janeiro de 2022

 
O circo tem sido muitas vezes tema de contos de terror e mistério e até a saga de Dampyr já experimentou aventuras sombrias relacionadas ao mundo circense (vimos isso no belo conto de Giusfredi e Fortunato, O lobisomem de Matera). Afinal, é um lugar de ilusões e magia, real ou falsa, de monstros e acrobacias. A história de Jack Lantern aproveita o máximo esse leitmotiv e combina-o com as tradições celtas (as origens do Halloween) no verde (aqui por dizer dado o forte claro-escuro) e acima de tudo na chuvosa Irlanda. 
A nos servir esse prato que se move entre a história, folclore, encontros demoníacos e ilusões está a dupla Nicola Venanzetti (textos) e Michele Cropera (desenhos) já vistos em ação em "O pintor da escola negra". 
 
A história de Jack Lantern
 
Argumento e roteiro: Nicola Venanzetti
Desenhos: Michele Cropera
Capa: Enea Riboldi

Venanzetti nos conta uma história de horror aparentemente desconectada da continuidade dampyriana (mas nunca é) que é outra homenagem após seu "Ano novo céltico" às tradições folclóricas nórdicas. Na verdade, vamos descobrir de onde vem o hábito das simpáticas abóboras americanas com lanternas irlandesas muito mais perturbadoras!
A história também é um clássico confronto com poderes demoníacos além da compreensão humana. Mas como Nicola nos contou em um podcast, a novidade da história é que no claro-escuro de Cropera, o mal não vem das trevas, mas da luz. E esta é uma variant que se desloca na leitura e que, chegando ao fim, nos faz olhar a capa de Enea Riboldi com todos os outros olhos. 
Os personagens introduzidos na história são bem delineados (Grace e Jack Lantern em primeiro lugar) mesmo que como acontece às vezes nas histórias autoconclusivas eles talvez merecessem mais espaço (as razões do demônio e sua derrota final precisavam de mais algumas páginas), mas como em Dampyr nada é verdadeira autoconclusivo... então temos a esperança razoável de que algo que permaneceu pendente possa ser pego mais cedo ou mais tarde e possivelmente pelo próprio Venanzetti. 
Do claro-escuro de Cropera só podemos dizer tudo de bom: o artista é realmente perfeito para nos fazer sentir a atmosfera decadente e fantasmagórica desta triste balada Dampyriana. Alguns desenhos e páginas parecem vir de um storyboard imaginário refinado de um filme expressionista alemão rodado nos anos vinte ou trinta do século passado!
Em ultima análise, um bom número que confirma o bom ano do nosso matador de vampiros preferido. Mas não há tempo para relaxar porque agora temos que ir à opera (mortal ainda?) Com Claudio Falco e Simone Delladio!
 
 
 
Crítica publicada no site: www.fumettiavventura.it 

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