quinta-feira, 12 de novembro de 2020

O lobisomem de Matera - Dampyr 248 (novembro de 2020)

(Crítica de Paolo M.G.Maino)

Tese, antítese e síntese. A filosofia hegeliana se adapta perfeitamente na sequência dos três albuns de Dampyr. 2018: Planeta de Sangue; 2019: A amiga mortal; 2020: O lobisomem de Matera.
Os autores? Giorgio Giusfredi e Alessio Fortunato que bem nos acostumaram com os lançamentos deles e também em 2020 confirmam (pelo menos por esse motivo) este agradável momento.
Mas tentemos explicar por que Hegel veio à mente (lido e interpretado casualmente, sem pretensões e sem aprofundamentos inúteis).
 

O lobisomem de Matera
Argumento e roteiro: Giorgio Giusfredi
Desenhos: Alessio Fortunato
Capa: Enea Riboldi
 
Planeta de Sangue é o início do "sortudo" casamento. Uma história apertada, horror, cheia de ação, plena de continuidade dampyriana e herdeira tanto de Boselli quanto de Colombo. O desenho de Fortunato está empenhado em buscar uma matriz narrativa adequada a uma história que quer recuperar e homenagear "A tela demoníaca" (como em "Bloodywood" onde Giusfredi estava acompanhado pelo igualmente expressionista Cropera). Está e a tese
A amiga mortal é a história íntima, elegíaca, dentro da continuidade é verdadeira mas ao mesmo tempo fora dessa. Um hino ouvido pelo roteirista e tocado (com Bic) pelo desenhista. Uma partitura em quadrinhos. Esta é a antítese
E agora "O lobisomem de Matera": É a sintese? 
Sai hoje oficialmente nas bancas e por isso não quero cair em nenhum spoiler, mas os elementos da síntese e de uma síntese satisfatória estão todos lá.
 

Há uma história de ação que mergulha no terror mais clássico (depois dos vampiros na hit parede de sucessos de monstros de terror, temos os lobisomens, certo?) há uma história perfeitamente na continuidade de Dampyr e nesta linha narrativa é aquela de Planeta de Sangue; mas então temos uma história que tem dois co-protagonistas intensos, melancólicos e amaldiçoados e então temos uma denúncia franca e direta e de toda violência sem sentido e resultado da crueldade doentia e ao mesmo tempo há o grito de luta contra toda discriminação de quem é diferente: da violência nazista à homologação da moda e da imagem (e essas nuances de drama e elegia ressoam em "A amiga mortal".


Gisufredi chega narrativamente a uma síntese que completa e realça os muitos elementos presentes nas duas histórias anteriores e o faz com certeza de poder contar com as mãos hábeis de Alessio Fortunato que dá vida a imaginação do autor. O êxito está em um quadrinho divertido, apaixonante, rico de detalhes também para se refletir, mas nunca entediante (mesmo na sessão de explicações de Caleb, que recupera algunas informações úteis ao trio Harlan, Kurjak e Tesla antes da partida deles para Matera). Em suma, um quadrinho popular e boneliano!


Os desenhos de Fortunato são mais uma vez a garantia do prazer da leitura. O desenhista da Puglia não mostra manchas e continua a nos dar personagens intensos e dramáticos. Mas também irônicos e alegres e depois nos mostra uma Matera bela e gótica. A cidade acertadamente, decidiu em parceria com a SBE, dedicar uma exposição com as páginas de Fortunato! Só para justificar o que estou lhes dizendo, olhe com calma as quatro páginas retiradas da prévia do site da Bonelli que incluí nesta análise. Sem balões...mas eles são necessários? Aqui, ler e assistir Fortunato no roteiro de Giusfredi é como assistir a um filme no mudo,  mesmo sem balões, a força narrativa é preservada. 
Acrescento apenas duas outras considerações (e talvez daqui a alguns dias deixarei um estudo mais aprofundado para Chiara Cvetaeva, leitora assídua de Dampyr e admiradora da dupla Giusfredi / Fortunato).


A cena inicial é uma homenagem ao nascimento do Dampyr Harlan Draka. Fortunato cita Majo e Giusfredi cita Boselli/Colombo. Uma escolha que vem deliberadamente no fim das celebrações dos 20 anos de vida editorial do matador de vampiros da Editora Bonelli. Novidade na continuidade. Lendo, encontrarão tantos planos temporais (5 ou 6, ao menos) e cada um dele está inserido na trama no momento certo para explicar. Um controle das 94 páginas do quadrinho por Giusfredi que também dá lugar uma longa cena final de acerto de contas (o último a fazer uma assim tão longa sem ser Mauro Boselli foi Falco em "Krampus" e em "O condutor da Calábria).
Chega! Mais não se pode dizer! Se ainda não pegou... corram para as bancas, aliás, vão de bicicleta (se puder também nas zonas vermelhas), com a máscara e a camiseta de Zagor! Verdade, David? 
P.S.: Explêndida a capar de Enea Riboldi!

 
 
Publicado originariamente no blog: www.fumettiavventura.it no dia 04/11/2020.

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