terça-feira, 24 de março de 2020


O condutor da Calábria - Dampyr 239 (fevereiro de 2020)

(Crítica de Paolo M.G.Maino)

Harlan retorno à Itália e mais uma vez, entre as dobras da história da nossa Península, os autores de Dampyr inserem a ação de personagens ultra-humanos de maneira sensata, como neste caso o Mestre da Noite Vrana, que vimos em ação pela primeira vez  em A terra das águias, Dampyr Especial 13, lançado em outubro de 2017.

Para traçar a trama, temos a caneta do especialista Claudio Falco (agora o segundo roteirista em número de páginas nos vinte anos de história editorial de Dampyr, atrás apenas de Mauro Boselli) que, além disso, já havia sido o roteirista do Dampyr Especial 13, acima citado.
O condutor da Calábria
Historia e roteiro: Claudio Falco
Desenhos: Francesco De Stena
Capa: Enea Riboldi

Vale a pena recordar brevemente que naquela ocasião Harlan e pards, conheceram dois Mestres da Noite, Horvath, implacável e sem escrúpulos e direi - com um adjetivo sugestivo - gorkesco (a referência é Gorka, primeiro Mestre da noite que Harlan enfrentou e matou, na sua primeira aventura: um personagem negativo, violento pelo qual não se pode nutrir nenhuma empatia) e Conde Vrana, um Mestre da Noite mais reflexivo e sensato (como se fosse possível usar esses termos para estes supervampiros...), com aspectos quase humanos e, portanto, comparável a personagens como Draka Pai, Amber, Araxe... Obviamente naquela ocasião quem se deu mal foi Horvath, enquanto Conde Vrana desfrutou dos poderes de Dampyr a seu favor, para eliminar o rival. 

Agora passados anos, Falco recupera a "pista albanesa", no entanto, movendo o centro da história para a Calábria e em meio a comunidade albanesa, ou seja, os herdeiros dos albaneses que chegaram à Itália guiados pelo condutor militar Skandeberg em 1461 e fincaram raízes por lá.
A história de "O condutor da Calábria"
Feitas essas premissas, fornecemos agora uma breve sinopse da história, ou melhor, dos elementos que compõem a história sem cair em inúteis spoilers para quem por ventura ainda não leu Dampyr 239. A comunidade albanesa e em particular a bela proprietária de terras Sara Greco é ameaçada por homens da máfia calabresa, manobrados à distância pelo boss Salvatore Marasco, que fugiu para Hamburgo, na Alemanha. Como no passado o Conde de Altafoglia, ou seja, o Conde Vrana, retorna para ajudar seu povo e junto com seu fiel não-morto Marnesh, mostrará ao boss do crime que no território dos itálo-albaneses ele não terá vez.

Como já aconteceu na história do Dampyr Especial 13, a intervenção de Harlan terá, portanto, características particulares: quem é o vilão a ser derrotado? Vrana ou o boss mafioso? Quem é mais violento? O braço armado de Salvatore Marasco ou Vrana, que parou de se alimentar de sangue humano há séculos? 
Um dilema no qual poderá alterar o modo de agir de Dampyr e pards, pois envolve o risco de ser considerado homem de algum chefe do crime que deseja impor seu próprio domínio sobre o território.

Vrana se confirma como um personagem interessante quase melancólico que poderá ser reutilizado no futuro (quem sabe?) ou no passado; entretanto, bem dileneada a figura de seu fiel assistente não-morto Marnesh, que recebeu a liberdade de ação e de pensamento, seguramente não usual (além de Tesla, me vem a mente imediamente Bugsy Siegel ou também, mais recentemente, o Deus do massacre em Dampyr 206).

Falco em suma, continua a trabalhar em histórias auto-conclusivas que, no entanto, sempre têm a possibilidade (ou de fato já são pensadas assim) de levar uma espécie de sub-continuidade Falchiana, claramente identificada na macro-continuidade dampyriana. 

A estréia de Francesco De Stena como desenhista de Dampyr

A frente dos desenhos, Francesco De Stena, que após um trabalho em Le Storie (aliás história que estreiou nossa coluna de críticas em nosso Blog), foi arrolado para o staff de Dampyr e se juntou a um grupo de traços históricos e de primeira hora (Majo, Luca Rossi e Genzianella) e desenhistas emergentes de valor já inquestionável (penso nos últimos três Dampyr com Longo, Gualandris e o próprio De Stena).

A capacidade de trabalho no claro-escuro em uma série de horror como Dampyr e ao mesmo tempo o cuidado com realismo histórico do contexto, requer desenhistas capazes e preparados de vários pontos de vista (não basta a técnica, precisa ter estudado a saga dos matadores de vampiros, ter lido livros e assistido filmes com história de horror e de fantasia, ou pelo menos, esteja disponível em seguir as referencias fornecidas ou adicionar outro material que respeite a verossimilhança típica da série).

Se me posso permitir, com todas as dimensões necessárias, o Harlan de De Stena olha aquele de Majo e tenta ser seu espelho. Talvez nem tudo funcione perfeitamente (kurjak em particular), mas estamos em níveis muito altos e podemos esperar outros trabalhos convincentes no futuro!


Matéria publicada originariamente no site: www.fumettiavventura.it 

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