sábado, 14 de março de 2020


DAMPYR 238 - ROXANA
Por Carmelo Nigro

A explêndida capa do novo Dampyr assinada por Enea Riboldi, nos introduz no vigésimo ano de vida da série. Vinte anos faz, como recorda o logo ensanguentado no alto à esquerda da capa, Harlan Draka começava a sua missão contra vampiros e mestres da noite. O 2000 já está há longa duas décadas, os volumes chegaram a 238, e o panteão de horror da série, assim como os seus atores coadjuvantes, estendeu-se para incluir tradições e mitos de todo o mundo.

Roxana, o primeiro volume da nova década de autoria de Di Gregorio e Gualandris, quase parece querer comemorar o aniversário, com uma repentina volta às origens. Uma rápida olhada, sem grandes consequências, parece os lugares e temas originais da série.

Entre os Cárpatos, na Moldavia Romena, tem um hotel de antiga tradição e de grande fama. Um hotel fechado durante a Segunda Guerra, que tinha hospedado a nata dos diregentes da Europa. Um lugar assombrado, é claro, mas que obviamente deve ser reaberto. Quem convocar para a tarefa senão os Ghost Hunters da Universidade de York? O grupo de parapsicólogos conhecidos nas páginas de Dampyr 34 (Os caçadores de fantasmas) do longínquo 2003, retorna na pista de uma série de aparições inexplicáveis até mesmo para eles que são profissionais.

A verdade é mais uma vez, que nas sombras existem perigos mais letais que fantasmas. Perigos que só podem ser enfrentados com balas e sangue de Dampyr. E de fato, ambas as coisas são desperdiçadas. Especialmente na segunda metade do volume, que parece um longo tiroteio com vampiros. Uma nota dissonante, o choque com a arma branca de Kurjak. História principalmente de ação então, que fecha um olho (mas talvez seja um olho preguiçoso) ao drama costumeiro.

A ambientação é sombriamente exótica, a dimensão do mistério sobre o qual o script é construído cria uma agradável sensação de expectativa e ansiedade. 

Pouco profunda a adversária da vez (que respeita o turno, faltando somente bater o ponto), muito confuso e genérico pelas razões: femme fatale do passado, temperamental e extremamente ciumenta. Uma tentativa de apressar o aprofundamento, que acaba por produzir no personagem uma incoerência mal justificada: ferozmente libertina e, no entando ciumentíssima sem reais motivos. Todos os seus comportamentos parecem casuais, como o resultado de uma encruzilhada de lugares comuns, sobrepostos com o único objetivo de torná-lo uma adversária traiçoeira e sangrenta. Em suma, o retrato de uma creep. Pecado, porque as premissas do volume não parecia ruins. 

Menções honrosas merece as páginas particularmente desenvoltas e expressivas de Gualandris. Impressionante a riqueza de detalhes, quase barrocas as sequências "de época", que é acompanhado por uma expressão nos rostos de rara eficácia.



Publicado originariamente no site: www.senzalinea.it

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