segunda-feira, 12 de novembro de 2018


As bestas do mundo inferior - Dampyr Especial nº 14 (outubro de 2018) 

História e roteiro: Giovanni Di Gregorio
Desenhos: Andrea Del Campo
Capa: Enea Riboldi


Crítica de Paolo M.G. Maino

Pontual como todo ano, desde o primeiro, o mítico especial Dracula Park, chega nas bancas o décimo quarto especial de Dampyr, uma história longa de 160 páginas orquestrada por Giovanni Di Gregorio (ativíssimo ultimamente com a bela minissérie Creepy Past) e desenhada por Andrea Del Campo. E como sempre acontece, o especial é uma oportunidade para os três matadores de vampiros andarilhos, de enfrentarem novas ameaças em lugares desconhecidos: depois de terem encontrado dois mestres da noite na Albânia no ano passado no especial A Terra das Águias, também esse ano Harlan, Kurjak e Tesla vão se deparar com mais uma ameaça que levará muita ação (mas quando não há ação em Dampyr?) que os levará a um acerto de contas na selva boliviana ao som de bala, espadas, garras e presas.
Giovanni Di Gregorio, como nos adverte o curador da série Mauro Boselli no editoral da edição, destila na história experiências e conhecimentos adquiridos nas tantas viagens que o autor fez com uma mochila nas costas, e é assim nessa história boliviana, onde não vemos somente os lugares clássicos (o Lago Titicaca, a produção de coca, vestígios da civilização inca, o problema de viver na altitude...) mas (e não poderia ser de outra forma em uma série assim com a alta taxa de "realismo histórico" como Dampyr) vêm acompanhados de aspectos minuciosos do folclore popular, de tradições bem pouco conhecidas, como por exemplo, a surpreendente existência de minorias, como aquela dos afrobolivianos. Di Gregorio mostra isso para olharmos com simpatia os tempos e modos de vida de certos contextos sociais tão distantes daquele europeu em que vivemos (e talvez haja uma pitadinha de inveja na comparação com o frenesi da nossa vida), mas tudo isso é fato nas entrelinhas de uma história que exala ação continuamente e se reduz ao mínimo os aspectos didáticos (e nunca acaba em si mesmo por tudo que diz respeito ao julgamento histórico sobre o comportamento dos conquistadores e dos europeus em geral na Bolívia e por extensão na América Latina). E direi que para mim aqueles que são o ponto forte do roteiro e da história, são propriamente as cenas de ação e a descrição do contexto moderno e antigo a Bolívia e entra-se num fluxo de eventos que, desde a antiguidade, levam ao presente, respeitando os cânones dampyrianos.
Os adversários de Harlan e pards são válidos e da parte deles jogam bem suas cartas, segundo esquemas já vistos em Dampyr.Esquemas que Di Gregorio mostra conhecer bem: o rival mexe suas cartas, Harlan é chamado à causa, alguma coisa revela ao inimigo a presença de Dampyr e isso o leva a procurar o contra-ataque, Harlan e pards são levados ao confronto final na fortaleza do adversário. Mas obviamente o esquema não é nada se não há consistência, se não há realismo e se não se respeita os movimentos dos personagens. Di Gregorio sabe disse e realiza uma história que funciona muito bem e que tem um final que dá razão às muitas sementes plantadas pouco a pouco. Talvez (se trata de uma crítica? Não estou seguro) o fechamento muito rápido e com um final menos aberto do que se poderia esperar, mas isso acontece com frequência nas histórias escritas por aqueles que de uma maneira mais casual se dedicam a escrever Dampyr e tende a escrever histórias one-shot que, no entanto, se encaixam perfeitamente na saga de Dampyr (aqui, por exemplo, temos uma ligação com outra história boliviana de vários anos atrás: Dampyr 137 - Os Implacáveis). 
A frente dos desenhos, Andrea Del Campo confirma de estar à vontade com complexas representações monstros mitológicos e depois de ter desenhado para os textos de Giusfredi, os monstruosos filhos de Erlik Khan (Dampyr 210), dá forma a seres abomináveis das lendas incas, bem como, a uma bela figura feminina (Katari) que me lembrou a fascinante Marie Leveau do mundo de Zagor (olhem ela na imagem abaixo para confirmar). As cenas de ação são o ponto forte, sobretudo quando acontecem no claro/escuro da noite. 
Em suma, um especial que vai satisfazer os leitores de Dampyr que estão para desfrutar uma história extra, depois de infelizmente terem perdido neste verão, o Maxidampyr. E agora falta pouco para o número regular que se passa em Lucca, feito por 13 desenhistas/ilustradores (a frente dos desenhos: Majo, Genzianella,Cropera e Rubini...)




Crítica publicada originariamente no blog: www.fumettiavventurarecensioni,blogspot.com

Nenhum comentário: