domingo, 24 de setembro de 2017


DAMPYR 210: O FILHO DE ERLIK KHAN - CRÍTICA
Os dramáticos e intensos fatos narrados por Boselli na edição tripla (números 200, 201 e 202), ainda têm muitas coisas a serem descobertas e seguramente nos próximos meses, continuaremos a vermos algo relacionado. Giorgio Giusfredi parte dali para nos guiar por uma violenta história, neste caso sustentada pelo excelente trabalho de Andrea Del Campo. 
Vamos dizer rapidamente que a história se insere em um outro momento chave da saga de Dampyr e, esta então é uma ocasião que não se pode perder, seja os velhos leitores, seja para que começou a "mastigar" não-mortos, mestres da noite, saltos entre planos temporais e similares, somente a partir do recente crossover com Dylan Dog.

Dampyr volta às bancas em uma aventura que o leva ao Turcomenistão, na pista de um Mestre da Noite! 

Para facilitar este último grupo de leitores adiciono algumas coordenadas que poderão facilitar a leitura de Dampyr 210, O Filho de Erlik Khan. Erlik Khan foi um personagem chave da série desde a sua primeira aparição em Dampyr 31 - O Mar da Morte. Erlik foi um dos mais importantes mestres da noite, ligado intimamente a Draka, o pai de Harlan, relação pela qual evitou matar Harlan quando tivesse oportunidade.
Pelo contrário, Erlik gastou as últimas energias que tinha no corpo destroçado pelo cruel Lord Marsden para salvar Harlan (isso é contado em Dampyr 202 "No Mundo dos Mestres", onde assistimos a definitiva partida de Erlik). Vê-lo morrer foi um golpe para tantos leitores, mas por sorte a saga de Dampyr se move sobre tantos planos temporais e então (como acontece agora no número que está nas bancas), poderemos tornar a vê-lo em ação histórias ambientadas no passado.
Ann Jurging é um outro personagem recorrente da longa história: mulher de poderes mágicos que apareceu pela primeira vez em Dampyr 13 "A Ilha das Bruxas", onde se apresenta como uma senhora de meia idade, mas no fundamental Dampyr 86 "A Casa à Beira do Precipício", Ann passa por um processo de rejuvenescimento de mais de vinte anos. A sua energia mágica desde então, aumentou consideravelmente, para galgá-la a uma das importantes aliadas de Harlan e pards, na luta contra o mal. No número 200, Ann se liga ao policial colombiano Bobby Quintana, homem de ação, conhecido pela primeira vez em Dampyr 24 "A Milícia Obscura". Enfim, embora em um papel aparentemente secundário, participa também da história, Arno Lotsari, enfermeiro do International Medical Team, amigo de longa data de Harlan (Dampyr 14 "Os Rebeldes").
 
Há uns retornos, sem considerarmos os personagens que aparecem pela primeira vez e as centenas de não-mortos que os nossos heróis enfrentam nesta edição.
Daqui introduzo a história com alguns spoilers das primeiras 40 páginas (mas nada comprometedor para a leitura).
Harlan é chamado à ação por Ann Jurging que continua a ter visões que a levam a terrível batalha com Erlik Khan nas estepes da Ásia. A dúvida que surge a Harlan e Caleb é que por trás destas visões se esconda a ação do último e mais terrível filho de Erlik: Kerey Khan, o único de fato dotado de livre arbítrio e inteligência. Harlan descobre que Kerey se rebelou a Erlik, tomando o controle de parte de seus não-mortos ao fim da Segunda Guerra Mundial.
 
Erlik não pôde eliminar seu filho Kerey, para não se privar do seu poder e o tinha simplesmente aprisionado nas profundezas das terras do Turcomenistão. Com a morte do pai, porém, Kerey Khan, se libertou. A missão de Harlan é descobrir o esconderijo de Kerey e neutralizá-lo definitivamente. 
A história imaginada e escrita por Giusfredi é rica em ação e então, continua mais que dignamente os acontecimentos do número 200. Giusfredi é bom em guiar-nos em concatenar tantos fatos e nos despistar com falsos sinais. Muito interessante a sua interpretação do personagem de Ann Jurging, desfrutado no pleno de sua potencialidade e também aproximou, com maior aprofundamento de Bobby Quintana: o encontro entre a alma alemão e nórdica e a intensidade latina de Bobby, é tratado de modo discreto mas funcional. Mais à sombra na história estão Arno e Kurjak, mas este é o papel deles, fazer surgir o protagonista com seus pensamentos e decisões. Boa também são algumas tiradas que servem para criarem um contraponto às situações de tensão e de drama que dominam a edição. As últimas 30 páginas são realmente notáveis e as peças do quebra-cabeça disseminado por Giusfredi se compõem de modo lógico, mas também inesperado.
O cuidado com os referimentos históricos na história de Giusfredi está dentro da tradição boselliana e encontra neste número os sábios pincéis e lápis de Andrea Del Campo. O desenhista declarou de ter no seu computador, um giga de material de documentação e eu acrescento que neste giga, se vê de tudo: nenhum detalhe foi esquecido e o esforço inenarrável de Giusfredi é concretizado nas páginas de Andrea Del Campo. Duas cenas dizem tudo: o ingresso no refúgio/tumba de Kerey Khan tem um sopro épico, quase ficção científica (não sei se esta fosse a vontade, mas somente para fazer intuir o sopro da cena, pessoalmente me recordei a primeira vez que vi no cinema a cena do ingresso no coração das minas de Moria, no "Senhor dos Anéis"), e tem também grande intensidade as batalhas com milhares de não mortos (ainda mais impressionante das cenas iniciais de "Deus do Massacre", para confrontar-se com uma outra edição escrita por Giusfredi). Tudo isso para citar algumas páginas que já circularam na rede, que demonstram a tradição persa. Em suma, um número em que podemos apreciar ainda mais uma vez, o alto nível dos desenhistas italianos e da Editora Bonelli, em particular. 

Chama atenção a capa de Enea Riboldi. Muito evocativa e cinematográfica, caracterizada por um fundo vermelho sangue, que encaixa para este número, onde os mortos se contam aos montes. Por fim, faço uma pequena crítica: a história merecia uma desenvolvimento mais amplo (uma história dupla? Um Especial?), isso talvez teria evitado algumas conotações (para quer ler, por exemplo, a página 80 diz algo que talvez fosse mais sensato acrescentar, para que o efeito surpresa fosse mais longo, nas páginas sucessivas) e teria permitido mais algumas páginas no fim, não para adicionar outros fatos mas, para tornar ainda mais intenso e épico, o fim.

Paolo M.G.Maino
Archeologo classico e histórico da lingua italiana
de formação (como vão juntas as duas coisas?
Difícil dizer). Professor antes e agora presidente. 
Leitor de quadrinhos (Tex, Mickey Mouse e outros). 
 
 
 
Crítica publicada originariamente no site: www.nerditalia.it

 

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