quinta-feira, 4 de agosto de 2016


Dampyr 196: As Presas de Annwn, a crítica.

Por Francesco Borgoglio

As Presas de Annwn, que foi para as bancas (da Itália) em 5 de julho de 2016 (Dampyr 196), se revela fundamental na continuidade da série; ponto de partida de um arco narrativo em quatro episódios centrados no primeiro Dampyr que apareceu sobre a terra: Taliesin, o bravo. A história se movimenta a partir de indícios que apontam o paradeiro de Dolly Maclaine, raptada pela terrível Black Annis, soberana de Annwn (o reino dos mortos na antiga cultura de Gales) e povoada pelos assustadores Tywyth Teg. Aparecem novos textos à disposição de Harlan Draka e do amigo dele, o arqueólogo Mathew Shady. Alguns pertencem à escritora - uma parente longe do protagonista da série - e são escritos em uma língua desconhecida, que parece ser em britônico, idioma falado na Inglaterra durante a ocupação Romana.

Na edição encontramos todos os personagens reunidos ao longo da série, nos mais variados níveis históricos e poéticos com a variada epopéia Arthuriana.  Não poderia faltar a fascinante Amber Tremayne, que vemos nas vestes de Ambra, a Senhora de Gwylnedd. Como podem imaginar. Desenvolvem um papel relevante também o pai de Taliesin, Mordha e uma velha conhecida dos fãs de Dampyr, que nos panos da Senhora do Lago, a mulher que adotou e criou o jovem Llenlleawg, o alter ego galês e fonte de inspiração para Lancelot. Também eles se unem a companhia formada e guiada por Artos e Aurelio Ambrosio e composta por guerreiros do calibre de Manlio Artorio, Kei e Bedwyr.

A empreitada é urgente, liberar a amada de Ambrosio - Aidan do povo dos Sidhe - e reaver o caldeirão mágico de Dagda. Para fazê-lo, o time de heróis embarcam no explêndido navio Prydain, imortalizado na capa de Enea Riboldi e parte do porto da lendária Lyonesse. Annwn só se pode alcançar pelo mar, através de um portal dimensional acessível pelo oceano. A vigiá-los tem ainda Amber, na forma do potente Dragão Vermelho, o símbolo que de tempos imemoriáveis está nas bandeiras celtas e no estandarte de Arthur.

As Presas de Annwn é um quadrinho ímpar, incrível. É o fruto da complexa e delicada trama tecida por seu autor, Mauro Boselli, que desde a estréia compartilha o parto da criatura com Maurizio Colombo. Satisfaz o leitor com uma vasta e ampla documentação. Por esse meio, o autor conseguiu reconstruir uma ficção própria, pessoal e sugestiva, fundindo-a com o horror característico da série. Expandindo uma intrincada e fragmentada trama Arthuriana, dispensa num conjunto de informações, espalhadas ao longo de grandes intervalos de tempo, distintos filões literários e múltiplas áreas geográficas. Boselli cruzou fontes, datas, elementos controversos, compensados por uma extraordinária e lúcida imaginação.

Tudo retratado nas fantásticas páginas de Dario Viotti, uma prova soberba para a sua estréia no título mais eclético da Sergio Bonelli Editore. A fluidez do trato e a qualidade expressiva acompanhada do rigor com os detalhes, estão em consonância com os exigentes padrões da Editora de Milão. A influência estética de "Os Senhores do Anéis", é percebida facilmente, e a rigorosa adesão à sistemática do personagem, parece conter por vezes, um talento natural, expressivo.


Crítica publicada originariamente no site: www.badcomics.it

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