segunda-feira, 16 de maio de 2016


Crítica: DAMPYR. Os Mistérios de Praga de Mauro Boselli, Luca Rossi e Nicola Genzianella.

Título: Dampyr. Os Mistérios de Praga

Autores: Mauro Boselli, Luca Rossi, Nicola Genzianella

Editora: Sergio Bonelli
Páginas: 416

Ano de publicação: 2016

Preço de capa: 15,00 euro


Crítica de responsabilidade de Marika Bovenzi

Dampyr. Os Mistérios de Praga é a nova publicação da Sergio Bonelli Editore, que, mais uma vez, decidiu presentear os leitores com um volume que retrata as histórias de um dos personagens mais famosos do imaginário "bonelliano": Harlan Draka, o Dampyr caçador de vampiros. Este, de maneira geral, se apresenta como um personagem tranquilo, idealista e apaixonado, que só tem um objetivo na vida: lutar contra a estirpe das trevas.

Não faltam companheiros de aventura, como um ex-soldado, Kurjak; Tesla, uma graciosa "não morta" que precisa de nutrir-se de sangue humano para sobreviver - inspirada em Annie Lennox; Caleb Lost, uma criatura da raça dos Amesha (seres de luz que são a origem das lendas dos anjos), caracterizado com a face de David Bowie; Nikolaus, um demônio do mal capaz de invocar fantasmas, que se revela um precioso aliado de Harlan. Na esfera dos antagonistas, ao contrário, encontramos uma variedade de personagens que se sucedem em cerca de 400 páginas: de Draka, Pai de Harlan, a Duca Nergal, a Grigor Vurdlak, a Mordha, a Jan Vathek, a Gorka, e tantos outros. Como pano de fundo para estas intrépidas aventuras, encontramos a cidade gótica por excelência: Praga; cruzamento de diversas etnias e mesclada de cultura eslava, hebraica, alemã e italiana, com as suas lendas, atmosferas sugestivas e vem apresentada como a cidade dos anjos e dos demônios; uma metrópole ao mesmo tempo incantável e escura, fantástica e horrorífica.


Em Praga, Harlan Draka, caçador infalível, juntos com os seus fiéis amigos, se meterá na pista das criaturas da noite e combaterá os horrores; a decadência e os crimes escondidos da cidade. O livro é dividio em quatro histórias, coligadas entre elas. Entre elas, vamos recordar, "Sob a Ponte de Pedra", em que Harlan, Kurjak e Tesla encontram pela primeira vez, Caleb Lost, e decidem de residir permanentemente na cidade; e "Doutor Cinderela", em que a realidade histórica da época, como as enchentes de 2002, se funde com personagens da lenda local, como o Dr. Dee e o poeta Holan.


Inútil dizer que o estilo de Mauro Boselli no argumento é simplesmente sublime. O autor consegue - através das palavras - ser irônico, afiado, obscuro, preciso, apaixonado e misterioso. Além disso, na minha opinião, consegue representar fiel as lendas que envolvem Praga, citadas nesse volume. Quanto aos desenhos, Luca Rossi consegue evocar o lado tenebroso, tétrico e inatingível seja dos lugares seja das pessoas, e graças a traços elaborados e não em esboços, desta dois elementos importantes:a ambiguidade e a oscuridade. Um volume sugestivo, de traços oníricos e surreais, aconselhado para todos os leitores que sempre seguem as aventuras de Harlan Draka, mas também aos que querem mergulhar na poeticidade gótica de Praga.


Crítica publicada originariamente no blog: letteraturaecinema.blogspot.com

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