quinta-feira, 2 de maio de 2013


O Grand Guignol, celebrado teatro do medo, será o "pano de fundo" da história de maio. Para ilustrá-la chamamos Alessio Fortunato, mas não somente pela capacidade evocativa de suas páginas. Alessio tem relação direta com o teatro do calafrio. Deixemos que ele fale...
"SOCORRO! ASSASSINO!". Não era difícil ouvir ecoar estes gritos de socorro e desespero nos becos escuros de uma Paris no final de 1800 e mais precisamente naquela viela que respondia pelo nome de Impasse Chaptal, um mundo repleto de gigôlos e prostitutas, de gente de todo tipo. Não é por acaso que o fundador do Teatro do Grand Guignol, bem como, diretor e escritor, era apenas um secretário da Prefeitura de Paris, Oscar Méténier. Colaborador de Andrè Antoine no célebre Teatro Livre, decidiu entre 1896 e 1897, de transformar uma velha capela, transformada depois em atelier do pintor Rochegrosse, em um palco sensacional. Foi sucesso imediato: o repertório "grandguignolesco" manteve-se por mais de setenta anos, até 1963, quando a última diretora, Eva Berkson, decidiu abandonar as páginas empoeiradas embebidas em sangue falso.

Quando, em 1991, decidi inscrever-me na Academia de Belas Artes de Bari, era viva em mim, a paixão pelo cinema clássico do horror, daquele expressionista alemão ao americano da Universal, e foi durante esse tempo que eu saiba que viria a ser cúmplice dos meus colegas e sobretudo cúmplice da minha paixão pelo Grand Guignol e seu repertório. A base logística foi Castellaneta, lugarejo do primeiro galã cinematográfico, Rodolfo Valentino. Nos reunimos sobre o nome de "Companhia Teatral Sturm and Drang" e, entre 1991 e 1993, nos lançamos na preparação de quatro das mais famosas peças do Guignol: "Sob a luz vermelha", "O fabricante de monstros", "Mammina" e "As noites do Hampton Club". O período de preparação e encenação foi marcado por problemas financeiros, mas conseguimos sempre avançar com a paixão e o desejo de "trazer a tona" aquelas ambientações que tanto nos fascinavam. A história de um gênero já esquecido, mas que deixou um legado para sempre. A resposta do público (sobretudo os jovens) naqueles anos foi muito favorável, impressionante diria, talvez ajudada pelo número 31 de Dylan Dog, "Grand Guignol". A recordação daquela experência maravilhosa conservo sempre dentro de mim e nas coisas que faço e desenho, ou pelo menos tento. Quando Boselli, faz um ano, me propôs esta história, pensei imediatamente que o "cerco tinha se fechado". A distância de exatos vinte anos reencontrei meu "fantasma" e acredito de ter dado o máximo para me manter vivo entre o sangue falso que borbulha das cenas de um pequeno teatro esquecido de Paris.

Alessio Fortunato

Matéria publicada originariamente no site: www.sergiobonellieditori.it 

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