sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

Ópera mortal - Dampyr 261 (dezembro 2021) / Crítica
 
Por Paolo M.G. Maino
 
 
Ópera mortal
 
Argumento: Mauro Boselli
Roteiro: Claudio Falco
Desenhos: Simone Delladio
Capa: Enea Riboldi

Depois da Hollywood dos anos vinte/trinta, depois de um filme amaldiçoado exibido em Paris, após as tentativas de golpear Dampyr através de seus amigos (Kurjak e especialmente Tesla), um dos mais recentes (e bem sucedidos) Mestres da noite retorna: Van Henzig, o belo arquivampiro moreno e culto, que tem o rosto de Benedict Cumberbatch (que dá o rosto ao Doutor Estranho). 
E sua presença é sempre sinônimo de ilusão, engano, ficção. Também em "Ópera mortal" não contradiz esse leitmotiv, mas obviamente a curiosidade é a variante em relação ao esquema básico. 
Desta vez, Boselli e Falco homenageiam o mundo da ópera através de uma encenação que, a partir do roteiro original, se transforma em horror e visa atingir os amigos de Harlan de Praga através dos projetos obscuros de Van Henzig. Porque desta vez o mestre da noite ataca nossos heróis bem em seu próprio território, onde geralmente se sentem mais seguros.
Então, voltamos a caminhar pelos becos mágicos da capital da República Tcheca e - é preciso admitir - para o andarilho Harlan, vivenciar algumas aventuras em sua Praga tem algo de regenerador e certamente também para nós leitores. Tem Nikolaus, a cervejaria de Mala Strana, o Teatro dos Passos Perdidos, o nevoeiro que sobe do Moldava, os elegantes fantasmas de Nikolaus (você pode vê-los em ação na página acima)...
A história como uma ópera moderna prossegue por episódios ou talvez melhor dizer por atos em que as apostas aumentam cada vez mais até o confronto final (mas será um confronto real, ou Van Henzig o evitará como muitas vezes acontece com o mestre em fuga?). Pouco importa, afinal, porque o verdadeiro coração de "Ópera mortal" é precisamente a variedade de ambientes das óperas que constituem o cenário de tantas armadilhas para Dampyr e seus amigos.
Boselli e Falco têm ao lado deles, os lápis e tintas de Simone Delladio para fazer funcionar as atmosferas mágicas de Praga e da ópera lírica. Depois de estreiar no Dampyr número 227 - Piratas, aqui ele oferece uma prova maiúscula. Delladio está perfeitamente à vontade com Harlan, Kurjak e Tesla (belíssima) e cuida dos detalhes com uma precisão admirável. São páginas para serem admiradas e re-admiradas pelo enésimo excelente desenhista que entrou para a Bonelli nos últimos anos. Outro artista totalmente mestre do claro-escuro como é certo para o estilo narrativo da saga de Dampyr, tão marcada por desenhistas como Luca Rossi, Nicola Genzianella, Majo, Michele Cropera...
Uma cena que me fez pular do sofá enquanto estava lendo:Tesla em uma certa altura, enquanto lutava, dá um salto mortal se apoiando com extrema elegância nas costas de um touro bravo.
Imagem que imediatamente me lembrou a dança com o touro da arte cretense! E Delladio depois do meu post no Facebook confirmou que eu estava certo. 3000 anos de história da arte recontadas em duas imagens. Essa é a mágica (ilusão?) de tantas histórias em quadrinhos.



Crítica publicada no site: www.fumettiavventura.it 

Nenhum comentário: