sábado, 11 de setembro de 2021

 
Dampyr 255 - Haiti
por Christian Imparato
 
 
O gosto de ler aventuras de Dampyr reside também em poder navegar entre os séculos e as diferentes épocas históricas, mantendo-se colado às páginas por curiosidade, acontece exatamente isso no número 255 da série mensal, intitulada Haiti. Que nos leva para o meio dos ataques dos bucaneiros de 1600 nos mares do Caribe para depois, saltar direto para a ilha das Antilhas dos dias atuais.

Tudo é arquitetado seguindo uma precisa e refinada continuidade editorial, enquanto a história de junho pode ser tranquilamente lida como a continuação de Cuba Livre, Dampyr nº 223, publicado em 2018, e Luigi Mignacco já tinha previsto isso, que completa a história de um Mestre da noite letal e propenso a se envolver nos jogos políticos como Huracán.
Basta observar o quadrinho na sequencia...


Sensacionais é dizer pouco para as páginas iniciais, muito mais que um simples sonho, constituem mais que uma visão de um pai como Draka, conhecido na época como Capitão Rocheburne, enviada a seu filho Harlan para deixá-lo em guarda. 

Movendo-se de Cuba para o Haiti e aproveitando a corrupção e a miséria desenfreadas acentuadas pelo terremoto de 2010, Huracán assumiu as rédeas do poder governando com seu exército de mortos-vivos, para estabelecer uma maior coesão interna, Mignacco pescou uma velha conhecida, a mambo Marceline, uma figura muito útil para criar o paralelismo entre os Mestres da noite e o vodu Loa. Como queira chamá-los ou definí-los, eles sempre pertencem a uma linhagem maligna que é muito, muito sensível ao sangue de Dampyr.



O sólido roteiro de Mignacco é baseado na ação pura, porque toda a primeira parte foi dedicada aos diálogos explicativos, o leitor foi bem instruído e está de posse de todas as informações necessárias. Pela primeira vez, entre outras coisas, Dampyr, Kurjak e Tesla decidem também obter o apoio da polícia local para um ataque em grande escala ao reduto do Mestre da noite Huracán.


A coerência gráfica que decorre de ter confiado a segunda parte a Dario Viotti, autor da citada Cuba Livre, contribuiu significativamente para valorizar esta aventura. É como estar de frente a uma edição em duas partes, mas atrasada no tempo e não consecutiva, o que nos permite redescobrir toda a habilidade e previsão de Viotti. Sua linha tão definida e clara é na verdade um motor adicional para toda a história em que os mortos-vivos são retratados com técnica extremamente precisa até mesmo em seus movimentos, em um dinamismo que envolve todos os demais protagonistas. 
Porém, ser um autor com uma linha clara não significa não saber dosas as passagens mais sombrias, pelo contrário, aqui também está o mérito de Viotti. Digno de elogio é toda a sequência introdutória evocativa, criada com uma técnica magistral que vê os navios (e os Mestres da noite) se encarando sob um céu estrelado, enquanto as ilusões aterrorizam a tripulação, como também a dupla splash page das páginas 16/17.
Estamos ansiosos para os próximos trabalhos de Viotti em Dampyr, depois de uma exibição de precisão detalhada que confirma sua aptidão para narrar eventos dos Mestres da noite.


Para a capa, Enea Riboldi inspira-se no assalto de Dampyr e seus companheiros de aventuras, como nos é contado no álbum, dentro da Catedral de Notre-Dame de L´Assomption em Porto Príncipe, devastada pelo terremoto. Os mortos-vivos haitianos são mantidos à distância e repelidos graças a suas balas especiais, em uma das cenas mais agitadas de todo o álbum!



Publicado originariamente no site: www.senzalinea.it

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