segunda-feira, 21 de janeiro de 2019


Hellfire Club

História e roteiro: Nicola Venanzetti
Desenhos: Fabrizio Longo
Capa: Enea Riboldi


Crítica de Paolo M.G. Maino

Retorna para nos contar uma história de Dampyr, o bravo Nicola Venanzetti, que depois do número 200, assumiu um ritmo discreto e está apresentando uma história ao ano (os outros álbuns foram o 203 e o 213, sem contar a história 3 do Maxi Dampyr 8, que saiu no verão (europeu) de 2016), tendo como desenhista Fabrizio Longo (desenhista do Especial 12 e do Dampyr 217). A escolha de desenhar essa história de Venanzetti que recaiu sobre Longo, foi correta, dado o peso das sombras, depois de mostrar o inferno dantesco no Especial 12 e o encontro titânico entre dois Golem no Dampyr 217, agora é a vez de visualizarmos as orgias sadomasô do Hellfire Club e os ritos violentos da obscura (ou melhor "negra) deusa, contra quem devem lutar Harlan e pards. 
A sinopse da história (pelo menos a parte inicial para evitar excessivos spoilers), conta que no condado de Kent, na Inglaterra, um rico agente imobiliário morre em circunstâncias misteriosas, aparentemente vítima de um jogo sadomasô que acabou em tragédia, mas as investigações de Simon Fine, detetive da Scotland Yard, amigo de longa data de Harlan e dotado de poderes paranormais (sobretudo da não comum habilidade de abrir portas no multiverso), percebe que se trata de um homicídio ligado a qualquer coisa de obscuro e sombrio. Com a chegada de Harlan e Kurjak e, seguindo essa possível pista, os três chegam a herdeiros do Século XVIII e ao Hellfire Club, aonde se cultura uma entidade misteriosa: a Deusa Negra. Histórias do passado e do presente (como é comum em Dampyr) se ligam e se cruzam em um cenário que oscila entre a depravação dos ricos nobres à procura por emoção, transgressões, violência e o sangue que a Deusa Negra pede como marca de submissão (e obviamente o tema da submissão é o pano de fundo que liga as páginas da história a partir da corajosa capa de Enea Riboldi. Capa que ainda me faz perguntar se Dampyr seria na verdade, uma série "Audace" travestida de série regular...
Venanzetti sabe alternar as partes com mais diálogos às cenas de ação e, sobretudo as cenas em vemos ganhar vida os ritos e orgias. A atmosfera geral está talvez, para mim, menos evocativa e misteriosa do que no ótimo Ano Novo Céltico (Dampyr 213), mas o autor se confirma como uma sólida realidade do staff de escritores de Dampyr. Venanzetti conhece a série e foi hábil em inserir nas suas últimas três histórias, personagens e elementos amados pelos leitores de longa data. Neste caso é a vez do investigador com poderes paranormais Simon Fine que estreiou no Dampyr Especial 2, desenhados por Giovanni Freghieri (álbum de uma importante visita de Harlan a Londres, visita onde ele e Harlan encontrariam um outro investigador da Bonelli, ou seja, Dylan Dog, mas na época o encontro foi vetado e somente aconteceu há pouco mais de um ano). A escolha de fazer Harlan e Kurjak interagir com Fane não foi casual e está estreitamente ligada aos elementos que o nosso caro caçador de vampiros deverá recolher para chegar a resolução da história.
Pessoalmente, a história de Venanzetti me convenceu, com uma única excessão, talvez um pouco apressado o óbvio, o fator decisivo. Não falo mais para não cair em inúteis spoilers... se quiserem podemos falar no grupo "A aventura em quadrinhos de A(dam) a Z(agor)!".
Na frente dos desenhos, as páginas de Fabrizio Longo (que tive a sorte de ver os originais e em grande formato durante uma breve visita à redação), são realmente muito apuradas e são melhores que os dois trabalhos anteriores do desenhista. Como já disse, o roteiro pleno de cenas obscuras, de interiores mal iluminados, quando não em túneis cavernosos é um ambiente natural para os claros/escuros de Longo. Acrescento mais elogios ao trabalho de reproduzir as pinturas oníricas e alucinados quadros de Johann Heinrich Fussili (podem ver um exemplo na foto acima e publicado no site da Sergio Bonelli).
E agora esperemos a estréia de um novo desenhista para Dampyr, Simone Delladio, que nos levará a uma história escrita por Gualtieri no mundo de aventura dos piratas, piratas vampiros certos, mas ainda piratas!



Crítica publicada no blog: fumettiavventurarecensioni.blogspot.com

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