sexta-feira, 19 de maio de 2017


Dampyr 206: o deus do massacre, a crítica


Depois de Bloodwood, dois números atrás, Giorgio Giusredi volta em Dampyr na sua segunda história na série normal, marcada por uma capa de Enea Riboldi, insolitamente anômala pelo seu fundo branco, mas de grande efeito, O amor de Giusfredi pelo cinema também influencia esta nova história do FIlho do Diabo, homenageando Quadrophenia, film cult de 1979.

Como diretamente do filme de Franc Roddam, inspirado no disco do Who, lançado em 1973, os contrastes da juventude inglesa dos anos 60, dividida entre Mods (vestidos elegantemente, cultuadores do jazz e rock britânico como aquele do Who ou dos Beatles), montados em scooters italianas e os Rockers (seguidores dos motoqueiros americanos e rock, jaquetas de couro e look estrada), estão no centro da história.

Tomamos conhecimento de um episódio acontecido com Harlan, distante no tempo e no espaço, do lado de lá do Canal da Mancha, em Londres e depois em Brighton, local de um duro encontro entre as duas facções citadas acima. Conhecemos Wendy, então namorada do filhote de Draka, que o leva para o lado dos Mods, que rapidamente se torna uma referência, em oposição ao líder dos Rockers, o enigmático Clashdog, ele está encarnado - como diz o título da história - o Deus do massacre.

O encontramos quando a história invade o presente, ligado ao grupo dos Foreign Fighter de procedência anglosaxônica, que estão agindo na atual guerra civil que não dá paz à Ucrânia. É no extremo leste europeu que se movem quando um velho conhecido como Ringo Ravetch pede ajuda ao seu ex-companheiro de armas Kurjak  e ao resto do trio. A trama descrita no passado de Harlan se funde assim com aquela que se passa nos dias de hoje; finalmente, traz a cena em Brighton, onde o confronto é digitalizado e alimentado pelas cores de um time de futebol.

O deus do massacre é um ótimo trabalho, seja como roteiro, seja como história, de Giusfredi. É uma história original, complexa e envolvente, construído sobre uma notável documentação (marca registrada da série) e sua paixão contagiosa por um particular momento histórico.

A edição não representa somente mais um passo valioso na continuidade dampyriana, mas também é um pretexto para refletir e fazer refletir sobre a natureza do ódio e da violência que dividiu e divide jovens de todas gerações: música, política, esporte ou religião são temas vazios, covardemente mascarados como os princípios da fé para dar vazão aos instintos mais reprimidos, a incapacidade de se comunicar, a impotência de construir algo de bom.

As imagens que dão vida e energia à narração são fruto do trabalho de Daniele Statella e Patrick Piazallunga, que, a respeito do colega Marco Fara, dá um trato mais limpo, e junto a uma intensidade emotiva, alcança um resultado estético particularmente cativante.  O encontro entre os dois artistas é selado pela projeção de suas características nos dois hoolingans que ameaçam - primeto como uma pistola depois com uma faca - Jack, amigo do protagonista.



 Crítica publicada originariamente no site: www.badcomics.it

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