sábado, 4 de fevereiro de 2017


Bonelli: Viagem na mitologia de Dampyr - Entrevista com Majo

Por Francesco Bergoglio

Olá Mario, seja benvindo ao Badcomics.it!
O número 200 de Dampyr é um belo acontecimento. O primeiro número data de abril de 2000 e, como o seguinte, leva sua assinatura. Quanto contribuiu para a definição estética dos atores principais: Harlan, Kurjak e Tesla?
Olá e obrigado a vocês. Para Harlan segui as indicações precisas dos dois criadores do personagem, que faziam referimento ao ator Ralph Fiennes, enquanto Tesla e Kurjak - posso dizer com orgulho - são farinha do meu saco. Para Tesla a referência de Mauro Boselli e Maurizio Colombo era Annie Lennox; eu na realidade me inspirei em uma modelo. Para Kurjak, usei uma imagem do fotógrafo Richard Avedon relativa a um book que continha traços tipicamente balcânicos.

Decididamente deixou a sua marca nos protagonistas de Dampyr. Alguns leitores notaram uma analogia com os personagens de Hammer, série da Star Comics que colaborou na criação.
Sim. Não é a primeira vez que ouço essa observação. O caso como os gostos pessoais, induzimos nós criadores de Hammer, como Mauro e Maurizio em Dampyr, escolhendo três personagens para as respectivas séries, com a diferença que em Hammer os protagonistas tinham o mesmo peso, enquanto Harlan é indiscutivelmente o personagem principal, em relação aos seus companheiros de aventura.
Outra analogia, ainda mais evidente, diz respeito às duas interpretes femininas, Helena de Hammer e Tesla de Dampyr, ambas as duas são loiras e com cabelos curtos (somente inicialmente Helena, que já mostra no sétimo número, cabelos em franco crescimento!). Também os pontos de referências são diferentes: Helena segue os traços de uma amiga, enquanto Tesal ínspirada numa modelo de um book de moda. Duas personagens diferentes que o tratamento e o estilo pessoal, além da forte personalidade demonstrada em ambas as séries, tornaram-nas muito semelhantes.

Como se viu trabalhando em uma série de tons muitíssimos escuros como Dampyr? Você imediatamente se adaptou? 
Digamos que eu tenha feito qualquer coisa de similar no início da minha carreira: Full Moon. Não era um quadrinho especificamente de horror, mas tinha diversos elementos paranormais. Depois fiz ficção científica, para qual o escuro, em certos aspectos, sempre esteve sob controle. Trabalho muito as sombras e devo dizer que com Dampyr me adaptei imediatamente, sim!

O seu Dampyr, partindo do pressuposto que foi o primeiro, se tornou icônico e ficou impresso no imaginário do publico. 
Trabalho muito refazendo uma fotografia. Me fixei na imagem de Ralph Fiennes. No início eram poucas, agora com a proliferação da rede tem até de sobra. Recordo que me "documentei" num filme de referência, Strange Days, e que tirava as dúvidas pausando a imagem do VHS (risos). Dediquei muito tempo e empenho. Procuro sempre dar uma tridimensionalidade, uma alma aos meus personagens, e neste caso se tratava do principal. Fico feliz que me reconheçam.
Quando se trata de ambientações, paisagens reais e contextos históricos, a documentação e a fotografia são certamente um valioso suporte. Quando precisa confrontar-se com o elemento fantástico, de onde tira inspiração? 
Afirmo que o elemento sobrenatural, aquele mais rigoroso, me resulta no mais difícil. Mauro sabe e solicitamente procura vir ao meu encontro propondo-me histórias muitíssimas realistas (risos). Obviamente com uma série como Dampyr não se pode evitar certos roteiros. Quando isso acontece comigo, eu tento imaginar uma realidade distorcida, mas eu preciso de uma abordagem prática. Por exemplo, para criar um monstro, parto de um animal, eu o deformo, cruzo com outro, faço e refaço até quando me dou por satisfeito. Os meus monstros são sempre muito substânciais!

Sabemos que Mauro Boselli te convocou para o staff de Tex. Quando vamos te ver novamente em Dampyr? 
O "Texone" em que estou trabalhando vai me tomar ao menos mais um ano. Por enquanto não há nada programado no que diz respeito a Dampyr.

Podemos te considerar um desenhista de Dampyr, de Tex ou ambos? 
Me dá prazer ser considerado um desenhista e basta! (risos) Gosto de mudar, não ficar parado sempre na mesma série. Sobre Dampyr trabalhei por quinze anos porque são poucos os quadrinhos como este, que te dão a possibilidade de escolher entre muitos temas e situações diversas. Mas para ser sincero sinto o peso da continuidade e preciso fazer outras coisas. Estou disponível para qualquer proposta!


Entrevista publicada originariamente no site: www.badcomics.it

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