quarta-feira, 9 de março de 2016


DAMPYR: OS MISTÉRIOS DE PRAGA
Chega nas livrarias e revistarias um volume que junta as primeiras quatro aventuras de Dampyr em Praga. Para apresentar-lhes, entrevistamos Mauro Boselli.

Dampyr retorna às livrarias. Desta vez, com a marca da Sergio Bonelli Editore. Nas mais de quatrocentas páginas que compõem "Dampyr: Os Mistérios de Praga", nós apresentamos algumas das histórias mais importantes da saga dos matadores de vampiros de Boselli e Colombo, aquelas que estabeleceram a capital Checa, como a base principal dos nossos protagonistas, também o cruzamento entre a realidade e as dimensões infernais dos Mestres da Noite e as das "outra parte". Entrevistamos Mauro Boselli, para nos guiar através das ruas de Praga e pelas raízes destas imprescindíveis histórias para todo seguir de Dampyr.
Das terras dilaceradas do conflito balcânico das edições do início à mais plácida e mágica atmosfera de Praga. Como surgiu a idéia deste cenário para a base operacional de Dampyr? 
Na origem, eu eu Maurizio Colombo tínhamos pensado em "Dampyr" como uma mini-série em doze episódios que, embora não sendo toda ambientada na região balcânica daqueles anos (era a metade dos anos 90), colocaria os protagonistas em outros cenários contemporâneos, de guerra ou não. Entre estes havia seguramente a cidade de Berlim e Paris, mas, tratando-se de uma mini-série, não havia a exigência de darmos uma "casa" aos nossos heróis. Sergio Bonelli, porém, não somente naquele tempo, não via com bons olhos as mini-séries, mas tinha noção de potencialidade da nossa saga, talvez rendendo-se também ao fato de que os personagens tinham "muito a dizer".
Na época, tínhamos apresentado o roteiro de uma outra série de ficção, centrada numa criatura similar a um anjo, percursor do nosso Caleb Lost. Um projeto que não teve aprovação final, mas que foi muito discutido: as histórias mostrariam os personagens ao longo do tempo, assim como Harlan e os seus, se movimentam através do espaço e das localizações geográficas. Eu e Colombo decidimos fundir os dois conceitos, fazendo confluir essas idéias em Dampyr, alterando a estrutura da série. Assim, transformando-se em uma história com fim em uma série mensal, a nossa criatura mudou algumas de suas características. 
Todo herói precisa pertencer a um lugar: Sherlock Holmes tem apartamento 221B na Baker Street; Dylan Dog e Martin Mystere vivem, respectivamente, em Crave Road em Londres e em Washigton News em Manhattan; o Fantasma tem sua Caverna da Caveira, assim como Zagor sempre volta para sua cabana nos pântanos de Darkwood...
Harlan e os seus mereciam se radicar em um local sugestivo e com forte referência ao fantástico, ao literário e à ficção. Praga nos pareceu a capital européia mais adaptada e Maurizio Colombo imaginou um teatro perdido na névoa que foi transformado no Teatro dos Passos Perdidos em que Caleb acolhe nossos heróis.

A Praga em que se movem os protagonistas de Dampyr é aquela de hoje ou é uma Praga idealizada de onde emerge somente o lado mágico e misterioso? 
A Praga atual está invadida por turistas e é rica em locais de entretenimento. Mas em muitos lugares menos batidos sobrevivem às atmosferas que ficaram famosas por escritores e poetas. Uma noite de inverno, no Beco d´Oro, a dez graus abaixo de zero, pode não parecer tão diferente daqueles experimentados por Franz Kafka, quando ele se retirava para escrever na sua casinha no nº 22. Passeando pela cidade, quem dera pelos becos de Malá Strana, o "Pequeno Bairro", é ainda possível andar pelos bares antigos e livrarias que inspiraram aquelas de Nikolaus e Harlan. 


Nas nossas histórias, a Praga moderna se transforma naquela do passado, graças a dispositivos narrativos ligados à habilidade mágica de Nikolaus, que consegue trazer à cena, personagens já desaparecidos ou às ruelas do já desaparecido gueto hebráico. De tanto em tanto, então, isso se reflete em nossas histórias. Por exemplo, em "Doutor Cinderela" (um dos episódios constante deste volume) se passa na atualidade da época (as enchentes de 2002) ao imaginário dos personagens criados, neste caso, Gustav Meyrink, autor do célebre "O Golem". Uma figura, a de Meyrink, que encontramos como um extra na nossa série.

A primeira vez na capital Checa se mostrou fundamental para a saga inteira de Dampyr. "Sob a Ponte de Pedra", de fato, viu a entrada em cena de tantos personagens e tantos elementos que deram foram a "Dampyr". A história foi concebida desde o início para ser a base para se construir o futuro da série?
O episódio, como diz o título, é uma evidente homenagem a Leo Perutz e ao seu "De noite sobre a ponte de pedra", uma história que se vê citada diversas em figuras do imaginário de Praga, como o Golem, Rabbi Loew, Asswerus, o hebreu errante e outros ainda. A história, de qualquer forma, não é somente um tributo a Perutz, mas representa a pedra angular da série de Dampyr: o encontro entre o angélico Amesha Caleb e os nossos heróis, que fizeram surgir as aventuras subsequentes. A partir deste momento, Harlan, Kurjak e Tesla se empenharam em dois fronts principais: de um lado deram caça a uma raça de super vampiros, conhecidos como Mestres da Noite e de outro lado tiveram que lidar com a Potência do Multiverso, conhecida como Outra Parte ou Inferno.

As sucessivas aventuras em Praga vieram para reforçar a figura de Nikolaus e emergir o mais perigoso e potente entre os antagonistas de Harlan e Caleb: Nergal! Duas figuras do equilíbrio entre eles e o nosso mundo...
Um dos principais "villain" da série é sem dúvida Nergal, uma figura chave, que faz a ponte entre o mundo dos vampiros e aquele infernal. Mestre da Noite e adversário de Caleb Lost, é o chefe da polícia secreta da Outra Parte. Entre os "dependentes" desta superpotência infernal, o agente Nikolaus desde sua primeira aparição se mostra uma figura ambígua e dotada de simpatia e humanidade(!), tanto que, até o estado atual, pode-se considerá-lo amigo e aliado dos nossos heróis.

Entrevista concedida a Luca Del Savio

O livro Dampyr: Os Mistérios de Praga está nas bancas e revistarias italianas desde 25 de fevereiro de 2016.




Matéria publicada originariamente no site: www.sergiobonellieditore.it

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