sábado, 19 de março de 2016


DAMPYR 192 - "A GRANDE BESTA" - CRÍTICA

O episódio de Dampyr do mês de março, que saiu no dia 3, marca o retorno em cena de inúmeros personagens, mais ou menos perdidos entre a névoa horrorífica da longa série da Sergio Bonelli Editore. O primeiro e talvez mais importante dos quais podem ser revelados sem temor: da capa e do título da edição (a sinopse pode ser lida no site da SBE), espera-se o retorno do joven Sho-Huan, tido por alguns a reencarnação do famigerado Aleister Crowley. Quem segue habitualmente a série sabe que o personagem é inspirado na enigmática figura de Edward Alexander Crowley, chamado a Grande Besta, exoterista, artista, escritor e alpinista britânico, que viveu entre o fim do século XIX e a primeira metade do século XX. No curso da série, Sho-Huan já entrou em conflito com Harlan Draka várias vezes, acabando exilado em algum local impreciso do multiverso, no nº 178 da série "Os Vagabundos do Infinito". Mas o jovem Sho-Huan já demonstrou ter prazer em mover-se entre as barreiras que separam o espaço e o tempo, entre os infinitos universos possíveis.

Neste episódio Mauro Boselli revela finalmente a verdade sobre a relação que liga Sho-Huan ao misterioso Crowley, ao mesmo tempo lançando nova luz sobre os horripilantes planos do mago, que envolvem os Grandes Antigos. Para a ocasião, o autor faz uso do vasto e refinado conhecimento dos grandes clássicos do horror, invocando, o já citado Crowley, e os grandes mitos da literatura gótica como Ambrose Bierce, Robert Chambers e, obviamente, Howard Philip Lovecraft. Utilizando-se da complexa mitologia deles, Boselli, graças ao claro/escuro de Arturo Lozzi, reconstrói os tétricos lugares dos delírios daqueles escritores, invocando a escura simetria de Kingsport e Innsmouth, de Dunwich a Carcosa.

É claramente um número de revelações, este 192, rico de diálogos e explicações. No entanto a trama, mais lenta e transitória na primeira parte, se faz agradavelmente na segunda, prendendo com golpes de cena inesperados. O ponto forte da história, porém, remete sem dúvida à atmosfera: sempre em desequilíbrio entre as atmosferas quase asfixiantes de uma Londres secreta e gótica, e os espaços vertiginosos de um infinito perturbador e inquietante, às páginas nos presenteiam em mais de uma ocasião com aquele calafrio misterioso e "sem nome" que se se pode encontrar somente entre as páginas originais do visionário de Providence.

Carmelo Nigro


 
Matéria publicada originariamente no site: www.senzalinea.it

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