terça-feira, 15 de maio de 2012


FABRIZIO RUSSO: "A MINHA FORMA DE COMUNICAÇÃO? OS QUADRINHOS!"
Hoje conosco, Fabrizio Russo, Ilustrador milanês. Obrigado por ter aceito esta entrevista.
Obrigado por me convidar.

Fabrizio em 1991 frequentou a escola de quadrinhos de Milão e seguiu as lições de Enea Riboldi, o que recorda daquele período?
Em 1991 tinha 21 anos, passou realmente tanto tempo e falando de recordações, começo a me sentir como aqueles coronéis da reserva, que nos bancos da praça, contam sobre aventuras do passado. Deixando a melancolia de lado, recordo com grande paixão, entusiasmo, a vontade de não parar de desenhar, tentar chegar a um nível de profissionalismo que me permitisse publicar. Recordo os primeiros fanzines realizados junto ao meu amigo e companheiro de escola, Maurizio Rosenzweig Enea, que só de conviver com ele, me fazia entender o que significa fazer profissionalmente este trabalho; às discussões sobre este ou aquele desenhista, qual o melhor, blá, blá, blá. Foram anos belíssimos, em que Dylan Dog estava no máximo de seu esplendor, vendendo 1.000.000 de exemplares. Os Dylan Dog Horror Fest... paro por aqui, senão vou chorar.
Em 1994 chegou a Bonelli em "Zona X" e realizou graficamente Robinson Hart em sete episódios da série que acabou. O que ficou desta experiência?
Na realidade em 1994, iniciei a colaboração com a Bonelli realizando duas histórias autoconclusivas de Vicenzo Beretta, depois desse acontecimento me propuseram trabalhar com Luigi Mignaco em Robinson Hart. Para mim foi uma oportunidade imperdível, porque Luigi na época já era um argumentista renomado e experiente, escrevia Mister No e Dylan, e depois porque estas minisséries, narravam as aventuras de um viajante no tempo, o que dava um enorme trabalho de documentação, graças ao qual meu nível de profissionalismo se solidificou.
Você e Dampyr, que relação existe entre vocês?
Estamos "namorando" há 10 anos e devo dizer que as coisas entre nós vão muitíssimo bem. Na realidade entre Zona X e Dampyr, aconteceram três histórias de Martin Mystere, mas o verdadeiro salto de qualidade, ocorreu com Dampyr. É uma série realmente desafiadora, não somente pelo estilo das histórias, a severidade de Mauro Boselli (graças ao qual melhorei muitíssimo), mas sobretudo pelo altíssimo nível de todos os desenhista do staff. Apenas chegado, tive que "enfrentar" profissionais como Majo, Andreucci, Luca Rossi, Genzianella, Maurizio Dotti, etc, asseguro que quando quando desenhava, minhas mãos tremiam!
Colabora com editora francesa Clair de Lune, com a qual adentrou no mundo dos polinésios da Ilha de Páscoa, é um gênero que te atrai? Nota alguma diferença em relação ao quadrinho italiano? 
Se você se refere a minisérie Rapa Nui (acabará em mais duas edições) da Clair de Lune, são flashbacks do tempo da colonização por parte dos polinésios da Ilha de Páscoa, mas são momentos ambientados num futuro próximo, 2050, e um pouco mais a frente, 2070, tem gênero histórico, fantasioso, uma mistura de tudo um pouco. Foi um projeto, um desafio, mas seguramente muito divertido, estimulante e gratificante de fazer. No que concerne ao mercado francês, digo, que são enormes as diferenças, se comparado com o italiano. Na França os quadrinhos são considerados "literatura ilustrada", as edições são sempre coloridas, o desenhista tem muito mais liberdade, pode dar algum "pitaco" na história, e sobretudo, quando te perguntam: "Trabalha com o quê?" Respondo... "desenho quadrinhos", não te falam... "Sim, ok! Mas isso é trabalho?"  
Prefere desenhar em preto e branco ou a cores?
Prefiro em preto e branco! Sou parcialmente daltônico... e também míope, como pode ver escolhi o trabalho certo para mim!

Em seu blog pode-se apreciar seu lado cômico, por alguns desenhos que estão lá, já pensou em criar um personagem cômico?
Na realidade, os desenhos humorísticos me servem para dar "umas férias" em zumbis, vampiros, fantasmas, etc. Na realidade não penso em um personagem humorístico meu, mas me seria prazeiroso ilustrar uma história usando um estilo menos realístico e mais informal... Quem sabe talvez em uma outra vida.

Você é leitor de mangá ou outros quadrinhos?
Ultimamente o tempo está curto, ultimamente estou concentrado nas produções francesas e claro leio Dampyr e outras produções italianas. Com relação a mangá, admito minha ignorância...dos japoneses gosto das artes marciais.

Se pudesse escolher um personagem para desenhar, qual escolheria?
Toda vida Tex ou Tenente Blueberry.
Quais são os valores educativos por de trás dos quadrinhos? Pode a arte dos "balões" ensinar qualquer coisa aos jovens?
Eu penso que os quadrinhos são sobretudo uma forma de comunicação que utiliza a linguagem figurada para contar histórias, é um instrumento, como tal pode ser usado de várias maneiras e para muitos fins. Resulta que os valores que estão por trás dos quadrinhos são muitos, educativos ou não... depende do tipo de escolha que se quer fazer. A arte dos "balões", pode ensinar a ler de uma maneira "relaxada". Penso nas histórias de Prat, o Ken Parker de Berardi e Milazzo só para citar três casos, que não podem ser considerados "romances ilustrados"? Estamos reduzidos infelizmente a Itália para dar mais dignidade aos quadrinhos, e chamá-los de "Grafic Novel" não me parece uma grande coisa.
Como vê daqui dez anos a situação dos quadrinhos na Itália?
Nada desesperador, penso que continuarão a existir, provavelmente voltados para um seguimento específico, o prazer que proporcionam hoje será menor, seguramente utilizaremos suportes digitais, mais para leitura que para realizá-los, mas não acredito na morte dos quadrinhos daqui a poucos anos.

Pode-nos antecipar seus próximos trabalhos?
No momento estou a pleno vapor desenhando Dampyr, cuja história que iniciei, deverá ir para as bancas em fevereiro de 2013, e tenho outros dois no arquivo, mas não tenho idéia de quando serão publicados. Nesse meio tempo, estou terminando o segundo volume de Rapa Nui para Clair de Lune, que deve ir para as bancas em outubro, gostaria de prosseguir com o trabalho na França, mas vamos ver, um passo de cada vez.

Quer agradecer a alguém?
Acho que sou uma pessoa iluminada, tenho a sorte de fazer o trabalho mais lindo do mundo e por isso, agradeço a sorte...mas isso faço todos os dias... Agradeço às pessoas que me suportam e frequentemente me suportam, e obviamente agradeço por esta oportunidade e pela hospitalidade.

Onde nossos leitores podem buscar mais informações a seu respeito?
Bem, podem me encontrar no http://fabrizioillustratore.blogspot.com ou no facebook: Fabrizio Russo Illustratore.


Matéria publicada no originariamente no site: www.cartoonmag.it

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