terça-feira, 15 de junho de 2010


OBSERVADORES EXTERNOS

Abaixo, direto do site www.osservatoriesterni.it, a crítica ao Dampyr 120.

A SOMBRA DO DRAGÃO
Argumento e Roteiro: Diego Cajelli
Desenhos: Marco Santucci (auxiliado por Patrick Piazzalunga)
Capa: Enea Riboldi
Editora: Sergio Bonelli Editore (SBE)
Edição Mensal nº 120
Março 2010

Diego Cajelli estreiou na coleção de Dampyr na edição 39 - "A Última Noite", num momento muito delicado de gestão do título, um momento em que a ausência de Maurizio Colombo, co autor do personagem, junto com Mauro Boselli, começava a ser sentida fortemente. Episódios como a edição dupla "O Bando dos Mortos Vivos/Arizona Killers" (edição 28/29), "Os Insaciáveis" (edição 32), histórias escritas por Maurizio Colombo, terminadas por Mauro Bosell. A inserção de um novo roterista, era absolutamente necessária, para permitir a Boselli, enfrentar de maneira mais relaxada seu trabalho e escolheu o talentoso Diego Cajelli, autor, entre outras coisas, dos mais explêndidos episódios da coleção de Napoleone, a jóia de Carlo Ambrosini.

Harlan, o não personagem
Nós abordamos no início da revisão para Greystorm, o problema da repetição narrativa serial, e em particular, da repetição das histórias de personagens Bonelli a longo prazo. A edição 120 de Dampyr (A Sombra do Dragão), sofre realmente de uma situação banal, como pode uma maldição antiga retorne à ação por vários motivos. Diego Cajelli, consciente desse perigo, consegue enriquecer a parte cultural (e, infelizmente somente essa parte), com uma profunda procura pela temática demológica e com uma organização da trama em uma excursão pelo coração da Alemanha.
Não é a primeira vez que Cajelli, utiliza Ann Jurging, em seu país de origem. Na edição "O Dia da Fênix", apresentou-se uma situação parecida. Na edição 120, o autor se empenha em construir um "Y" sobre o mapa alemão, de modo a respeitar o símbolo demoníaco, que é a base do argumento, símbolo que identifica a cauda do dragão. Se este é um achado fascinante, mas infelizmente, o comportamento do argumento e a abordagem do roteiro, pode ter contra ele. Se de uma parte são sequências bastante espetaculares e perturbadoras (os homicídios rituais, a catastrófica sequência da ponte), por outro lado, os personagens não prendem a atenção. Ann Jurging faz aquilo que sempre fez na série, envolver Harlan na História, depois de uma visão. A edição "A Sombra do Dragão", tem o grande defeito de ser praticamente igual, como ponto de partida e conteúdo de outras obras de Diego Cajelli: "A Mina de Zyarne" (edição 60) e a já citada "O Dia da Fênix" (edição 74), vemos Ann chamar Harlan, para impedir o retorno de qualquer perigosa e sanguinária entidade maléfica.
A surpreender negativamente está também a caracterização de Harlan Draka, realmente hesitante, relegado na edição a "salvar a mocinha", aparecendo exclusivamente no "momento preciso" da edição. Estamos habituados a um Harlan nem sempre protagonista (a edição 119 é prova disso), estamos habituados também a não utilidade do personagem nas histórias, mas não estamos habituados a um Harlan assim apático.

No geral, um episódio aceitável, não muito bem escolhido, e é uma edição que não faz justiça ao talento de Diego Cajelli, o vice de Boselli, que por muitas vezes, nos deu prova de seu enorme talento (a última vez, na edição nº 113 "O Navio Fantasma").


Para ser revisto
O trabalho do estreiante Marco Santucci seria merecedor de aplausos, se não fosse por alguns erros grosseiros, que se seguiram nas páginas. Uma coisa marcante no trabalho do desenhista da Toscana, são as ambientações, realmente perfeitas, atentando-se para os mínimos detalhes. A qualidade principal de seu traço é seguramente, a dinâmica que inspira, com um consistente uso da prespectiva (lembremos que Santucci também trabalha para a Marvel). O acabamento (realizado com a supervisão de Patrick Piazzalunga) é em alguns casos, confuso, por causa da presença simultânea de escuro de mais ou claro demais, no mesmo quadrinho (a sequência da ponte é confusa também por causa da escolha das imagens), e faz pensar que para uma história que deveria, por força, viver também da atmosfera, não somente da ação, o desenhista ideal não era ele, porque não tem esses componentes.
Mas o defeito principal, são os rostos e algumas constituições físicas. Surpreende negativamente às várias face de Harlan. Vendo os traços de Harlan nesta aventura, ficamos intrigados com as várias versões que o desenhista dá ao herói nesta edição. Na sequência aparece de passagem o Professor Milius (ausente desde a edição 59), assistimos ao mágico rejuvenescimento do personagem, nos últimos quadrinhos.
Explendidamente sensual (mas sem apelar para o erótico) a "nova versão" de Ann Jurging e, seguramente a atuação dos personagens (basta considerar apenas o roteiro, pág. 29, cuja a troca de expressões de Fabian, é realmente muito boa).

Em suma, o trabalho de Marco Santucci não é de causar bocejos, mas seguramente será revisto. Esperamos, que o bom desenhista da Toscana, se empenhe em fazer uma história de ação, que presumimos ser o seu campo de batalha favorito (o seu próximo trabalho será, nos textos de Susanna Raule, roteirista novata da Sergio Bonelli Editore).


Uma mensagem da Seção "Dal buio..."
Mais uma bonita capa de Enea Riboldi, que apresenta um Harlan muito bom, com uma bela ambientação de filme de terror.

Na Seção propriamente dita, Boselli, além de anunciar, as novas aquisições para o staff de desenhistas de Dampyr, como Fabiano Ambu (que veremos na próxima edição), Michele Benevento e Alessio Fortunato, se preocupa pela primeira vez, em silenciar os seguidores de Dampyr, que o acusam de escrever pouco, apresentando dados inconfundíveis de sua evidente polivalência como autor. O fato que esta tomada de posição, vem de fato, em uma edição que não foi escrita por ele, e sobretudo, uma edição não muito bem sucedida, faz, porém, pensar (maldosamente, devemos admitir), para o fato de que Boselli escreve muito (é óbvio), mas está escrevendo mais para Tex Willer, do que para sua criatura.

A natureza extremamente complexa da série, faz com que Dampyr, não possa ser escrito por muitos. Emblematicamente são palavras de um "grande" com Tito Faraci, que admite se sentir intimidado de "encarar" a realização de uma edição de Dampyr. Muitas vezes neste site, acusamos alguns roteiristas, mas salvamos outros: Diego Cajelli está seguramente incluso na segunda categoria, uma vez que, juntamente com o saudoso Mario Faggela, foi o único a não decepcionar como autor principal de cada história realizada.

Um passo em falso, pode derrubar a todos, também os melhores e Cajelli merece nossa confiança.

Argumento: 5,5
Roteiro: 6
Desenhos: 6,5
NO TODO: 6

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