OBSERVADORES EXTERNOS!
Na Seção "dal buio..." da edição 119, o próprio Boselli, indica o site crítico "Observadores externos". Então, abaixo, a tradução da crítica a Dampyr 119.
Dê a um leitor de Dampyr uma edição escrita por Mauro Boselli, desenhada por Michelle Cropera, com uma bela capa de Enea Riboldi e que trate de continuidade (e que continuidade!) e terá um leitor muitíssimo contente. Tudo isso é "A Amante do Vampiro", a edição 119 de Dampyr, que é um suspiro de alívio depois do dois últimos decepcionantes episódios.
Joan, pobre Joan!
Quem se aproxima da leitura de Dampyr com essa edição, se decepcionará e terá dúvidas sobre quem é o protagonista da série, porque Harlan Draka só aparece na página 67. É o recorde da série. No segundo posto, dessa estranha classificação se coloca a edição 101, "A Procura de Kurjak", onde Harlan aparece na página 62. O novo leitor poderá chegar a pensar que pegou a edição enganado, vendo a história, no lugar do homem viril da capa, uma frágil figura feminina de nome Joan. Tudo isso, não faz outro que confirmar a atipicidade do produto de Mauro Boselli, especial se confrontarmos com todas as outras séries mensais da editora de Milão, a SBE.
A figura de Joan e sua profunda caracterização, vem dedicada a beleza, em quase 60 páginas. A escolha de Boselli de presentear os leitores com uma figura frágil, de aspecto não muito cativante, deve-se muito à figuras femininas literárias (uma delas, Jane Eyre, protagonista do livro homônimo de Charlote Bronte, com que nesta edição há mais de uma analogia) corajosas. Tão perfeita é sua caracterização, que o personagem Joan, supera até mesmo o personagem - Oenghus Mordha, nada memos que um Mestre da Noite, novinho em folha, cuja o fascínio está limitado ao seu misterioso comportamento na sua casa sombria. (e em seguida, descobriremos pelo seu passado)
Uma regra não escrita da narrativa mundial é esta: mais se fala de um personagem que na narrativa é ausente, mais este personagem adquirirá fascínio. Incrível, mas verdadeiro, Boselli pôde com Joan, catapultar esta regra. É ela que dita os tempos da narrativa, é ela que acompanha o leitor na descoberta do passado de Mordha, e ela que tornará possível, o definitivo encontro entre o Mestre da Noite e o seu destino: um Dampyr. Joan Dunne é protagonista da edição, como foi Allan Milland, na edição 116 "Chuva de Demônios", em que adquire um determinado estilo da parte do autor no últimos tempos, um estilo que adota como protagonista, um personagem próprio para a história em questão, dedicando sempre menos espaço ao protagonista principal da série, uma modalidade realmente inovadora (e de fato, como todas as inovações, não é vista com bons olhos).
Removida a centralidade da figura de Joan, a trama não apresenta particularidades ese desenvolve tudo somado de maneira bastante previsível. O argumento está impecável: o falar consigo mesma de Joan nas primeiras páginas, podem transmitir toda fragilidade humana de sua figura, o sofrimento ético moral por Lord Mordha, é bem feito pela seleção de diálogos e escolhas das situações, e são utilizados dois diferentes estilos que "quebram" a narração em duas: a primeira parte dedicada a Joan e a segunda parte, com a entrada em cena de Dampyr.
Apesar de pouco aparecer, Harlan Draka faz de sua boa estampa, especialmente poética (mais que espetacular) no encontro final com Mordha, cujos detalhes servem também para enfatizar a qualidade das narrativas do Mestre da Noite, escravo de um ancestral e milenar medo, que decidirá enfrentar de maneira corajosa, sem utilizar os poderes dos outros de sua estirpe.
E este ancestral e milenar medo é também o elemento que marca especialmente essa edição, na ótica da continuidade. Porque até agora não citou talvez o verdadeiro protagonista da edição, ou...
O Dampyr do passado
No já distante quinto número de Dampyr (o estupendo Teatro dos Passos Perdidos) em um dos primeiros diálogos entre Harlan e o anjo loiro Caleb Lost, é trago ao conhecimento de todos a existência de outros Dampyrs no passado. Mas no que a série avançava às referências a estes fantasmagóricos Dampyrs existentes antes de Harlan aumentavam: o exemplo na edição 9, a Mestre da Noite, Lamiah, vendo Harlan pela primeira vez, exclama: "Um Dampyr! Tinha séculos que não via um...", o que faz pressupor que já tinha encontrado um Dampyr na sua milenar existência. Na Seção "dal buio..." (a seção de cartas de cada edição) da edição 35, um enigmático "as apostas estão abertas.." de Boselli, referindo à pergunta de um leitor sobre quem seria o Dampyr do passado, deu margem a especulações. Depois de um tempo, no Fórum Italiano de Dampyr, o mesmo Boselli, comunica aos leitores que o Dampyr do passado, já tinha feito uma aparição na série, em uma breve sequência, por poucos quadrinhos, mas que já foi vista.
Tudo isso fez a identidade do Dampyr do passado, uma verdadeira lenda para os fãs italianos de Dampyr. Um defeito, mas um preço desta edição é aquele de fazer somente degustar a natureza épica da trama, apenas de sentir o aroma, deixando, porém, com o esgômago revolto: a página que podemos admirar abaixo é a única página em que aparece o Dampyr do passado.
Mas se nós dermos um giro pela web, muitas hipóteses de fato, e depois da leitura desta edição, a hipótese mais plausível recebe clamorosa confirmação: o Dampyr do passado, parece ser Taliesin, o Bardo, visto rapidamente na edição dupla 43/44 e em um só quadrinho (porém bem camuflado) na edição 100.
Vem indicado como o Homem dos Corvos, e de fato assim parece aparecer nos quadrinhos acima. Entretanto, o mesmo Harlan Draka tem sua corva pessoal, Kavka. Partindo da premissa, parece que esta inofensiva corva, que apareceu pela primeira vez na edição 12, é um dos elementos mais importantes da saga dampyriana, uma espécie de guardiã do Dampyr.
Mas algo muito mais sensacional, parece que Boselli está se divertindo, em querer cruzar passado, presente e futuro, em uma espécie de jogo sádico com o leitor. A mãe de Harlan Draka, Velma, foi, sem subterfúgios, a amante de um vampiro, o Mestre da Noite, Draka. Veja o caso, A Amante do Vampiro, é também o título deste espisódio. QUe aquele encontro sexual, consumado à página 72, entre o atormentado Mestre da Noite Mordha e a frágil humana Joan, se não é um preâmbulo de uma coisa bem maior, um (enésimo) Dampyr na série?
Cropera
Na sua terceira prova (em quatro edições), o ex-capista de Lazarus Led, Michele Cropera confirma seus dotes, embora não tenha atingido os resultados nos seus testes anteriores, principalmente por causa de um defeito de aproximação (como quase sempre) no argumento de Boselli. A história da edição, passa a maior parte na escura casa de Mordha, e sendo esta, a casa de um Mestre da Noite, necessitava de uma certa ênfase de escuridão, necessitava recriar a atmosfera de uma residência irlandesa. O talento do desenhista utiliza assim um traço pesado, em alguns casos exagerado: se na maior parte dos casos esta particularidade obtém eficaz efeito (foleando a edição, a escuridão dos desenhos, saltam aos olhos) em alguns casos, os resultados, são discutíveis. A exemplo das imagens em primeiro plano das páginas 52-53, denotam a escolha de traço realmente excessivo e caótico. No geral, os fundos das primeiras imagens, são tratadas com a mesma meticulosidade, uma escolha em alguns casos irritante.
O amor pelo enquadramento cinematográfico de Cropera, se manifesta com toda sua força no enquadramento do último desenho da página 13 (onde o sombreado, apesar de marcado, funciona na atmosfera). Mas não é por acaso que os melhores resultados dos desenhistas, são obtidos ao "ar livre". Belíssima a sequência, que vai da página 35 a 38, assim como a breve sequência, da pseudo-aparição do Dampyr do passado (págs. 76-78). Uma bela realização, mas um pouco claustrofóbica, que não faz colhe plenamente a epicidade da situação. As representações de Dublin, em vez de sofrer pequenos desenhos, foi excessivamente estilizada e não vale a pena, realçar a beleza da capital irlandesa. Um problema de abordagem do argumento, já dito antes.
Perfeita a caracterização gráfica do sofrido Mordha (seja velho, quanto jovem), surpreendente aquela de Joan, enquanto nos causa alguma perplexidade a caracterização de Tesla e sobretudo Harlan. Em primeiríssimo plano da pág. 79, nos mostra em vez de um Harlan atípico, nada parecido com o rosto de Ralph Fiennes, de "Strange Days" (Dampyr é inspirado nesse ator), uma caracterização pessoal de Cropera, que para fazer sucesso, ainda precisa de melhoras.
Num todo, o trabalho de Michele Cropera, seguramente está acima da média, de muitos outros desenhitas, mas a consciência do que o desenhista pode fazer a mais, está revigorada após essa prova.
D para Dampyr
Como já disse, capa muito bonita aquela de Enea Riboldi, sutilmente violenta, ao menos para os padrões bonellianos: pode irritar a excessiva quantidade de cadáveres às costas de Harlan, e a face não propriamente escolhida deste (defeito quase sempre presente), mas a escolha do argumento e o emprego das cores em descrevê-la, rendem uma capa muito fascinante e digna de uma edição deste calibre.
Diante da hipótese do nascimento de um novo Dampyr, definitivamente perturbador para toda a série, não se pode permanecer indiferente. Boselli continua a jogar com nós leitores, continua a inserir sempre novos pontos na continuidade da saga dampyriana e nunca deixar de dar as respostas. A lenha com que Boselli alimenta o fogo das hipóteses, começa a apagar o próprio fogo: quando chegarão às respostas? Junto ao décimo ano de vida editorial do título, nos encontramos atrasados com tantos episódios que juntos formam um quebra-cabeça gigantesco, disposto numa parede que parece infinita, com peças espalhadas em todas as direções. Poderia ser essa a resposta de Boselli a um defeito estrutural da série, aquele de ter criado um protagonista, que deve combater inimigos muito poderosos, também para ele. Reforçar a continuidade da série para não reduzi-la a um banal embate entre Dampyr e Mestres da Noite, uma boa escolha, quase uma necessidade, mas cansativo para o leitor. Esperamos que na nova década de Dampyr, tenhamos (pelo menos) algumas respostas.
Argumento: 7
Roteiro: 8
Desenhos: 7,5
NO TODO: 7,5
(Matéria publicada originariamente no site: www.osservatoriesterni.it)
A AMANTE DO VAMPIRO
Argumento e Roteiro: Mauro Boselli
Desenhos: Michele Cropera
Capa: Enea Riboldi
Editora: Sergio Bonelli
Edição Mensal: 119
Fevereiro de 2010
Argumento e Roteiro: Mauro Boselli
Desenhos: Michele Cropera
Capa: Enea Riboldi
Editora: Sergio Bonelli
Edição Mensal: 119
Fevereiro de 2010
Dê a um leitor de Dampyr uma edição escrita por Mauro Boselli, desenhada por Michelle Cropera, com uma bela capa de Enea Riboldi e que trate de continuidade (e que continuidade!) e terá um leitor muitíssimo contente. Tudo isso é "A Amante do Vampiro", a edição 119 de Dampyr, que é um suspiro de alívio depois do dois últimos decepcionantes episódios.
Joan, pobre Joan!
Quem se aproxima da leitura de Dampyr com essa edição, se decepcionará e terá dúvidas sobre quem é o protagonista da série, porque Harlan Draka só aparece na página 67. É o recorde da série. No segundo posto, dessa estranha classificação se coloca a edição 101, "A Procura de Kurjak", onde Harlan aparece na página 62. O novo leitor poderá chegar a pensar que pegou a edição enganado, vendo a história, no lugar do homem viril da capa, uma frágil figura feminina de nome Joan. Tudo isso, não faz outro que confirmar a atipicidade do produto de Mauro Boselli, especial se confrontarmos com todas as outras séries mensais da editora de Milão, a SBE.
A figura de Joan e sua profunda caracterização, vem dedicada a beleza, em quase 60 páginas. A escolha de Boselli de presentear os leitores com uma figura frágil, de aspecto não muito cativante, deve-se muito à figuras femininas literárias (uma delas, Jane Eyre, protagonista do livro homônimo de Charlote Bronte, com que nesta edição há mais de uma analogia) corajosas. Tão perfeita é sua caracterização, que o personagem Joan, supera até mesmo o personagem - Oenghus Mordha, nada memos que um Mestre da Noite, novinho em folha, cuja o fascínio está limitado ao seu misterioso comportamento na sua casa sombria. (e em seguida, descobriremos pelo seu passado)
Uma regra não escrita da narrativa mundial é esta: mais se fala de um personagem que na narrativa é ausente, mais este personagem adquirirá fascínio. Incrível, mas verdadeiro, Boselli pôde com Joan, catapultar esta regra. É ela que dita os tempos da narrativa, é ela que acompanha o leitor na descoberta do passado de Mordha, e ela que tornará possível, o definitivo encontro entre o Mestre da Noite e o seu destino: um Dampyr. Joan Dunne é protagonista da edição, como foi Allan Milland, na edição 116 "Chuva de Demônios", em que adquire um determinado estilo da parte do autor no últimos tempos, um estilo que adota como protagonista, um personagem próprio para a história em questão, dedicando sempre menos espaço ao protagonista principal da série, uma modalidade realmente inovadora (e de fato, como todas as inovações, não é vista com bons olhos).
Removida a centralidade da figura de Joan, a trama não apresenta particularidades ese desenvolve tudo somado de maneira bastante previsível. O argumento está impecável: o falar consigo mesma de Joan nas primeiras páginas, podem transmitir toda fragilidade humana de sua figura, o sofrimento ético moral por Lord Mordha, é bem feito pela seleção de diálogos e escolhas das situações, e são utilizados dois diferentes estilos que "quebram" a narração em duas: a primeira parte dedicada a Joan e a segunda parte, com a entrada em cena de Dampyr.
Apesar de pouco aparecer, Harlan Draka faz de sua boa estampa, especialmente poética (mais que espetacular) no encontro final com Mordha, cujos detalhes servem também para enfatizar a qualidade das narrativas do Mestre da Noite, escravo de um ancestral e milenar medo, que decidirá enfrentar de maneira corajosa, sem utilizar os poderes dos outros de sua estirpe.
E este ancestral e milenar medo é também o elemento que marca especialmente essa edição, na ótica da continuidade. Porque até agora não citou talvez o verdadeiro protagonista da edição, ou...
O Dampyr do passado
No já distante quinto número de Dampyr (o estupendo Teatro dos Passos Perdidos) em um dos primeiros diálogos entre Harlan e o anjo loiro Caleb Lost, é trago ao conhecimento de todos a existência de outros Dampyrs no passado. Mas no que a série avançava às referências a estes fantasmagóricos Dampyrs existentes antes de Harlan aumentavam: o exemplo na edição 9, a Mestre da Noite, Lamiah, vendo Harlan pela primeira vez, exclama: "Um Dampyr! Tinha séculos que não via um...", o que faz pressupor que já tinha encontrado um Dampyr na sua milenar existência. Na Seção "dal buio..." (a seção de cartas de cada edição) da edição 35, um enigmático "as apostas estão abertas.." de Boselli, referindo à pergunta de um leitor sobre quem seria o Dampyr do passado, deu margem a especulações. Depois de um tempo, no Fórum Italiano de Dampyr, o mesmo Boselli, comunica aos leitores que o Dampyr do passado, já tinha feito uma aparição na série, em uma breve sequência, por poucos quadrinhos, mas que já foi vista.
Tudo isso fez a identidade do Dampyr do passado, uma verdadeira lenda para os fãs italianos de Dampyr. Um defeito, mas um preço desta edição é aquele de fazer somente degustar a natureza épica da trama, apenas de sentir o aroma, deixando, porém, com o esgômago revolto: a página que podemos admirar abaixo é a única página em que aparece o Dampyr do passado.
Mas se nós dermos um giro pela web, muitas hipóteses de fato, e depois da leitura desta edição, a hipótese mais plausível recebe clamorosa confirmação: o Dampyr do passado, parece ser Taliesin, o Bardo, visto rapidamente na edição dupla 43/44 e em um só quadrinho (porém bem camuflado) na edição 100.
Vem indicado como o Homem dos Corvos, e de fato assim parece aparecer nos quadrinhos acima. Entretanto, o mesmo Harlan Draka tem sua corva pessoal, Kavka. Partindo da premissa, parece que esta inofensiva corva, que apareceu pela primeira vez na edição 12, é um dos elementos mais importantes da saga dampyriana, uma espécie de guardiã do Dampyr.
Mas algo muito mais sensacional, parece que Boselli está se divertindo, em querer cruzar passado, presente e futuro, em uma espécie de jogo sádico com o leitor. A mãe de Harlan Draka, Velma, foi, sem subterfúgios, a amante de um vampiro, o Mestre da Noite, Draka. Veja o caso, A Amante do Vampiro, é também o título deste espisódio. QUe aquele encontro sexual, consumado à página 72, entre o atormentado Mestre da Noite Mordha e a frágil humana Joan, se não é um preâmbulo de uma coisa bem maior, um (enésimo) Dampyr na série?
Cropera
Na sua terceira prova (em quatro edições), o ex-capista de Lazarus Led, Michele Cropera confirma seus dotes, embora não tenha atingido os resultados nos seus testes anteriores, principalmente por causa de um defeito de aproximação (como quase sempre) no argumento de Boselli. A história da edição, passa a maior parte na escura casa de Mordha, e sendo esta, a casa de um Mestre da Noite, necessitava de uma certa ênfase de escuridão, necessitava recriar a atmosfera de uma residência irlandesa. O talento do desenhista utiliza assim um traço pesado, em alguns casos exagerado: se na maior parte dos casos esta particularidade obtém eficaz efeito (foleando a edição, a escuridão dos desenhos, saltam aos olhos) em alguns casos, os resultados, são discutíveis. A exemplo das imagens em primeiro plano das páginas 52-53, denotam a escolha de traço realmente excessivo e caótico. No geral, os fundos das primeiras imagens, são tratadas com a mesma meticulosidade, uma escolha em alguns casos irritante.
O amor pelo enquadramento cinematográfico de Cropera, se manifesta com toda sua força no enquadramento do último desenho da página 13 (onde o sombreado, apesar de marcado, funciona na atmosfera). Mas não é por acaso que os melhores resultados dos desenhistas, são obtidos ao "ar livre". Belíssima a sequência, que vai da página 35 a 38, assim como a breve sequência, da pseudo-aparição do Dampyr do passado (págs. 76-78). Uma bela realização, mas um pouco claustrofóbica, que não faz colhe plenamente a epicidade da situação. As representações de Dublin, em vez de sofrer pequenos desenhos, foi excessivamente estilizada e não vale a pena, realçar a beleza da capital irlandesa. Um problema de abordagem do argumento, já dito antes.
Perfeita a caracterização gráfica do sofrido Mordha (seja velho, quanto jovem), surpreendente aquela de Joan, enquanto nos causa alguma perplexidade a caracterização de Tesla e sobretudo Harlan. Em primeiríssimo plano da pág. 79, nos mostra em vez de um Harlan atípico, nada parecido com o rosto de Ralph Fiennes, de "Strange Days" (Dampyr é inspirado nesse ator), uma caracterização pessoal de Cropera, que para fazer sucesso, ainda precisa de melhoras.
Num todo, o trabalho de Michele Cropera, seguramente está acima da média, de muitos outros desenhitas, mas a consciência do que o desenhista pode fazer a mais, está revigorada após essa prova.
D para Dampyr
Como já disse, capa muito bonita aquela de Enea Riboldi, sutilmente violenta, ao menos para os padrões bonellianos: pode irritar a excessiva quantidade de cadáveres às costas de Harlan, e a face não propriamente escolhida deste (defeito quase sempre presente), mas a escolha do argumento e o emprego das cores em descrevê-la, rendem uma capa muito fascinante e digna de uma edição deste calibre.
Diante da hipótese do nascimento de um novo Dampyr, definitivamente perturbador para toda a série, não se pode permanecer indiferente. Boselli continua a jogar com nós leitores, continua a inserir sempre novos pontos na continuidade da saga dampyriana e nunca deixar de dar as respostas. A lenha com que Boselli alimenta o fogo das hipóteses, começa a apagar o próprio fogo: quando chegarão às respostas? Junto ao décimo ano de vida editorial do título, nos encontramos atrasados com tantos episódios que juntos formam um quebra-cabeça gigantesco, disposto numa parede que parece infinita, com peças espalhadas em todas as direções. Poderia ser essa a resposta de Boselli a um defeito estrutural da série, aquele de ter criado um protagonista, que deve combater inimigos muito poderosos, também para ele. Reforçar a continuidade da série para não reduzi-la a um banal embate entre Dampyr e Mestres da Noite, uma boa escolha, quase uma necessidade, mas cansativo para o leitor. Esperamos que na nova década de Dampyr, tenhamos (pelo menos) algumas respostas.
Argumento: 7
Roteiro: 8
Desenhos: 7,5
NO TODO: 7,5
(Matéria publicada originariamente no site: www.osservatoriesterni.it)
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