sexta-feira, 6 de outubro de 2017


Dampyr # 211
A enciclopédia de horror de Boselli

A noite de São Giovanijá passou faz um pouco de tempo e para o Halloween falta um pouco de dias, mas não temam: com o Dampyr de Mauro Boselli, o horror está sempre batendo na porta. 
Se quem assina a história é "o Chefe" Boselli, também quando o protagonista das histórias não é Harlan Drakla, mas um dos seus amigos, neste caso Emil Kurjak, a qualidade e a diversão estão assegurados. 
Horror Movie, história lançada em 4 de outubro e que os vossos aficcionados Audaci tiveram o privilégio de ler antes de todo mundo, é uma daquelas histórias rápidas e velozes, de ser lida de uma só vez e fora da continuidade, e sem ligação com a macrotrama da saga do Matador de vampiros mais famoso do quadrinho italiano. 
Sim, porque, como sempre, o responsável e co-criador da série, sabe inserir com uma maestria incomparável referências a episódios passados e a ter juntos todos os seus numerosíssimos filões narrativos deixados em suspenso sabiamente. Além disso, outra arte na qual Boselli é um mestre inalcançável é aquela de escrever histórias que apresentam diversos planos de leitura(método - após anos sessenta, que deixou o quadrinho italiano mais maduro - introduzido por Guido Nolitta e depois levado adiante com estilos diferentes, por Giancarlo Berardi, Alfredo Castelli, Tiziano Sclavi, Claudio Chiaverotti, até chegar aos dias de hoje com Alessandro Bilotta e Roberto Recchioni, para citar alguns).
 
Neste caso, o "Chefe" opta por uma aberta declaração de amor ao cinema, à literatura e ao quadrinho de horror. Os referimentos, diretos e indiretos, aos mestres dos grandes trabalhos do gênero são muitos: para todos basta o nome de George Romero (que morreu recentemente) e o cadáver da mulher na banheira em The Shinning (romance de Stephen King e filme de Stanley Kubrik). Mas impossível não pensar também em nomes nossos como Tiziano Sclavi ou Dario Argento (que os bem informados nos informaram, está trabalhando em uma história para o Detetive do Pesadelo, criado por Sclavi).
A história se desenvolve em um hotel assustador, o Wonderland Hotel, localizado nos já assustadores Montes Apalaches (aconselhamos durante a leitura, escutar um disco da Banda Appalachian Winter de Black Metal), que podem ser comparados aos Cárpatos, e, representam uma ambientação perfeita para um horror clássico.

O desafio que Boselli lança é o seguinte: conseguir escrever uma história que conte de modo intrigante e fácil - enquanto usa livremente todos os clichês do gênero - sobre personagens estereotipados (a loira sexy, o nerd desconfiado, o herói atento, o negro que faz uma maldade no fim...), que se encontram para viver uma clássica aventura de horror. Uma história que parece suspensa, metade entre realidade e ficção e a outra metade entre vida e morte.

O autor aproveita estas páginas para nos dar a conhecer sobre as novas habilidades de Emil Kurjak e ainda mais para destacar o talento da desenhista, Silvia Califano.
Depois de uma ótima estréia na série regular com "O Sopro Quente do Hermatão" (Dampyr#166), escrito por Claudio Falco, a ótima desenhista de Roma, retorna aqui, demonstrando toda a sua capacidade. Nascida em 1984, depois de ter trabalhado em Lancystory, Skorpio e John Doe, desde 2012 é uma desenhista de Dampyr e uma coisa nos leva a pensar, se "O Chefe" a escolheu, algum motivo há!
O seu talento e o seu traço realístico não renuncia nunca à sutileza. Em alguns trabalhos precedentes tinha optado por um layout muito livre, que recordava as imposições do quadrinhos americanos, nesta história utiliza uma estrutura que se adere aos ditames da editora. Então é ela a verdadeira protagonista de Horror Movie e os Audaci, a parabenizam e que possa trabalhar ainda muito, neste nível.
 
Uma leitura mais que aconselhada.
 
Rolando Veloci
 
 
 
Crítica publicada originariamente no blog: gliaudaci.blogspot.com

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