O suicídio de Aleister Crowley
História e roteiro: Mauro Boselli
Desenhos: Michele Cropera
Capa: Enea Riboldi
Crítica de Paolo M.G. Maino
Depois da belíssima trilogia dos Dampyrs 217-219, volta às páginas do matador de vampiros da Editora Bonelli, o co-criador da série, bem como, o curador da mesma, Mauro Boselli, e o faz com uma história dampyriana até a medula. É dampyriana no sentido do horror típico da série ou o confronto com os grandes poderes malignos e poderosamente irracionais (presença dos Grandes Antigos lovecraftianos explicitamente citados neste episódio); é dampyriana por ser ligada fortemtente à continuidade por contar um episódio singular (o suicídio simulado de Aleister Crowley) que vem com a marca registrade Boselli, reconduzido à trama das histórias de Harlan e companheiros; é dampyriana porque como acontece frequentemente, cada ator da história desempenha um papel no todo, tanto que Harlan mesmo aparece às vezes, parecendo um coadjuvante (mas este é um outro ponto do realismo dampyriano); e é dampyriana, enfim, pelo jogo contínuo dos planos temporais e de conseguir ser plausível de momentos que permaneceram misteriosos e em que viemos a ser conduzidos: neste caso, a relação entre Pessoa e Crowley,
E com isso, dissemos todos os motivos que fazem a história e roteiro funcionarem e seguirem os ditames da série que já tem quase vinte anos.
Mas digamos algo mais sobre a "coisa": Harlan, Kurjak e Tesla partem para Portugal, seguindo as visões de Ann Jurging, agora namorando Bobby Quintana, se pensarmos na primeira aparição dos dois na série, daremos boas risadas... mas há um fator comum, desde o início, que os une: foram criados por Maurizio Colombo! Ann está procurando adquirir mais informações possíveis sobre o mago Crowley, um personagem que no passado já se opôs a Sho-Huan e que Harlan e Caleb estão procurando reconstruir a biografia com precisão. Ann, sendo ela também dotadas de potentes poderes mágicos, parece ser a mais indicada para reencontrar traços do mago inglês da primeira metade do século XIX... absolutamente normal!
Em particular esta procura pelo passado de Crowley - um passado que, no entanto, para Ann torna-se uma experiência real, como no caso das cenas apocalípticas do terremoto/tsunami que devastou Lisboa em 1755 - nos leva a conhecer o outro protagonista da história que aparece em primeiro plano na capa de Enea Riboldi, ou seja, o poeta Pessoa, homem e artista das múltiplas personalidades e portanto, por essa razão, em sintonia com Dampyr.
Não adicionaremos mais nada, para não tirar o prazer da leitura daqueles que ainda não leram, mas uma última consideração pode ser feita: o tema das identidades múltiplas (que no caso, na figura de Pessoa), e corre ao longo da história e também acrescenta (ou ao menos reitera) um aspecto importante da estrada que está caminhando o bom Kurjak, marcado sempre pelos acessos de tosse e pela palidez que tem marcado sua face.
Não adicionaremos mais nada, para não tirar o prazer da leitura daqueles que ainda não leram, mas uma última consideração pode ser feita: o tema das identidades múltiplas (que no caso, na figura de Pessoa), e corre ao longo da história e também acrescenta (ou ao menos reitera) um aspecto importante da estrada que está caminhando o bom Kurjak, marcado sempre pelos acessos de tosse e pela palidez que tem marcado sua face.
O que dizer dos desenhos de Cropera? Boselli o testou pela enésima vez. Além da consolidada capacidade de desenhar personagens com forte carga expressiva, às vezes parece desaparecer, mas também incrivelmente reais (incrível como o fado que vemos cantado em um local dos anos trinta da capital portuguesa), Cropera nos presenteia com a reconstrução de Lisboa do começo do século passado e ainda mais para trás na metade do século XVIII e depois nos projeta em um mundo das perspectivas incertas. Uma prova maiúscula impressionista das cenas de ações no final, muito dinâmicas e com uma majestosa dupla splash page!
Um número que nos satisfaz e que talvez tem como único pecado, o fato de pertencer a uma série plena de evoluções e que nunca para. Para quem nunca leu Dampyr, seria fácil partir daqui? Não creio, mas com qualquer informação encontrada na rede (porque não também como o nosso Dampyr Index) e como as sempre preciosas introduções, poderá também fazê-la e gozar de uma história fantástica, surreal, misteriosa e carregada de suspense, enriquecida pelos de um grande artista!
Crítica publicada no blog: fumettiavventurarecensioni.blogspot.com
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