terça-feira, 23 de outubro de 2018


Dampyr 222 - O Suicídio de Aleister Crowley, a crítica

Por Francesco Bergoglio


Com Dampyr 222, que foi para as bancas em setembro passado, retorna aos textos Mauro Boselli. O co-autor do Filho do Diabo confecciona um quadrinho que se resume em um episódio autoconclusivo, a essência da série criada por ele, junto com Maurizio Colombo. O álbum em questão mistura de fato história e literatura, misturando a realidade com a ficção em mix que é a marca registrada da fábrica de Dampyr. 
É necessário elencar os nomes que estão envolvidos nessa história: Fernando Pessoa, Aleister Crowley e H.P. Lovecroft. se bem que os dois últimos "são de casa" na saga horror-fantasia da Sergio Bonelli Editore, o primeiro é certamente uma novidade.
Graças a esta nova aventura de Harlan Draka e companheiros, descobrimos que o famoso poeta português e o famoso ocultista inglês se conheceram em vida, unidos pelo interesse comum pela magia e o sobrenatural. 
O Suicídio de Aleister Crowley nos fornece uma resposta, na lingua dampyriana, há um enigma ainda sem solução, ou seja, o caso da Boca do Inferno, quando o esoterista britânico encenou a propria morte com a ajuda de Pessoa.
Além disso, reaparece em ação uma figura chave da continuidade, a bela vidente Ann Jurging, que deverá praticar um ritual de caráter sexual, para evitar a enésima ameaça dos Grandes Antigos, os seres semi-divinos nascidos do gênio Lovecraft. 
Do roteiro de Boselli - não temos dúvidas - emerge um conhecimento amplo e erudito de todo argumento, testemunhando a cultura do escritor milanês. Podemos citar, por exemplo, o catastrófico terremoto acontecido em 1755 em Lisboa, a ponto de influenciar o filósofo Volteire em seu trabalho - O Otimismo. Não podemos esquecer as citações que sempre marcaram a personagem enigmática de Pessoa.
A trama é densa e envolvente, passando por vários planos temporais e dimensionais, até o eletrizante final, fazendo com que os leitores não tirem os olhos de cada página da revista. O seu irresistível fascínio também é mérito de um veterano do calibre de Michele Cropera. 
A marca do desenhista de Fidenza (província de Parma), imediatamente reconhecida pelo traço e a pessoal aguzeda do estilo, que parece reinvocar na profundidade de suas páginas, o abismo indescrítivel e instável de que de alguma forma deve dar uma representação. Ele consegue de uma maneira surpreendente, com imagens potentes, fascinantes e ao mesmo tempo, repulsivas, sublimadas na monumental representação de Cthulhu.



Crítica publicada originariamente no site: www.badcomics.it 

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