Yossele, o mudo - Dampyr 217 (abril de 2018)
(Crítica de Paolo M.G. Maino)
Depois do emocionante Horror Movie (dampyr 211 de setembro de 2017), retorna aos textos (e o fará em uma trilogia de números que se prenuncia de alta tensão) o co-criador do matador de vampiros Mauro Boselli e o faz em parceria com Fabrizio Longo, que pudemos ver no especial "dantesco" de 2016, nos textos do zagoriano Moreno Burattini.
Diremos de imediato que Yossele, o mudo, se apresenta como um outro ponto importante da estreita continuidade dampyriana, e basta elencar os elementos que o constitue, para entendermos: Praga, o encontro com Nergal e Abigor, Caleb e Nicolaus, o Golem e o gueto hebraico, o jovem não-morto Nicholas (recordam do Dampyr Especial 4 e a cruzada dos adolescentes?), Ljyba, os spok... para quem ama as histórias que se aprofundam no passado mágico de praga, que se referem a cabala e ao esoterismo hebraico, estamos de frente a uma história que fecha idealmente o cerco iniciado na primeira aparição de Harlan em Praga no número 5.
Difícil comentar sem revelar muito da história, também porque todos os acontecimentos das conquistas do Golem Yossele no Século XVI são jogados no presente em uma sutil trama de enganos e o contrário, que é muito difícil de entender, quem vai se destacar na eterna luta entre as forças infernais e a armada do bem. Nergal puxa os fios com Abigor de um lado, Caleb e Harlan com a indispensável ajuda de Nikolaus do outro. Além disso a história segue uma linha muito descritiva pelas primeiras 70 páginas, para somente depois crescer dramaticamente nas últimas 20/30.
Sobre o final (que de modo algum pode-se mandar spoilers), compartilho somente uma impressão: já presenciaram os encontros entre o Hulk e a Coisa? Quando lerem, poderam dizer que também veio a mesma coisa em mente. Há realmente uma explosão de ação em tom "Marvel", o que é uma agradável surpresa (a ação é um ingrediente básico na série Dampyr), mas este tipo de ação talvez não seja usual e atende às expectativas do leitor).
Boselli retomando os textos, demonstra ter um controle férreo sobre sua criatura, porque com tantas sementes que Claudio Falco plantou em algumas de suas últimas histórias, logo estarão na trama principal e terão seguimentos importantes. Talvez entre todos os personagens que passam pelas páginas de Yossele, o mudo, o mais sacrificado me parece ser a bela Ljuba (mas tenho a suspeita que foi colocada na história para nos dizer algo que, por enquanto, me escapa, ou talvez seja apenas para justificar a presença do não-morto Nicholas, que desempenha um papel importante, sem ser protagonista).
Um aplauso particular ao desenhista Fabrizio Longo que com os seus claros/escuros fortes e expressivos se inserem perfeitamente na representação da Praga de Harlan e com uma segurança notável maneja os elementos de apoio da saga de vinte anos de Dampyr (enquanto movimentou-se em um terreno mais livre no Especial de 2016).
Crítica publicada originariamente no blog: www.fumettiavventurarecensioni.blogspot.com