quinta-feira, 17 de agosto de 2017


Crítica: Dampyr #209 - O Detetive do Pesadelo

Escrita por Orzo Nimai


"- Avante Dylan! É o momento de usar a pistola!... Harlan preparou para você as balas antivampiro.
- OK, mas... Eu nunca carrego uma pistola...
- Tesla e Dylan Dog"


DOIS HERÓIS SIMILARES MAS DIFERENTES

Harlan Draka chega a indagar sobre o pesadelo dos Mestres da Noite junto ao nosso Dylan Dog de Craven Road neste novo crossover assinado pela Sergio Bonelli Editore. A série Dampyr se funde com Dylan Dog em duas edições que completam a história sob duas respectivas séries, escolha acertada, que junta duas séries cuja base é o horror, balanceando o suspense e ação dos exterminadores de vampiros com a profundidade e o romantismo dylaniano.

Nos textos os responsáveis pelas duas séries: Roberto Recchioni, auxiliado por Giulio Antonio Gualtieri, para Dylan Dog, e Mauro Boselli para Dampyr, em uma combinação de diferentes gerações que conseguem escrever sem perder a marca de cada, que em certos momentos, deixam isso bem claro.

Nos pincéis, Daniele Bigliardo para Dylan, Bruno Brindisi para Harlan, que fizeram diferentes escolhas para os tons, as sombras e os claro-escuros. A história de Dylan se passa em ambientes internos, é carregada de tons cinzas, quase uma fuligem que circunda os personagens, ao contrário, a história de Dampyr, em que os espaços abertos dominam a cena, é mais clara.

SANGUE DE DAMPYR

Iniciada no número 371 de Dylan Dog, a trama do crossover prossegue em Dampyr 209 e vê nosso trio de caçadores de vampiros passar por boas para freiar o Mestre Lodbrok e eliminá-lo de uma vez por todas, depois de tê-lo deixado partir após a intervenção do bom Dylan Dog, que prometeu isso à vampira Lagertha. Os apaixonados pelas séries de TV já entenderam, nessas breves dicas da trama, que há citações à cultura nórdica e a uma conhecida série sobre vickings não faltará para encantar seus paladares. Como é tradição nas histórias dampyrianas, o folclore, os mitos e as lendas do território "hospedante" ganham vida e destaque relevante na história.

Os protagonistas pela mão de Boselli, voltam a sua caracterização tradicional, um pouco mais sérios do que a escolha de Recchioni, que nos presenteou com um Dampyr fisicamente desenvolto, enquanto que o Draka de Boselli é sempre duro, mas, loquaz e heróico.

A história desta edição segue o cânone dampyresco sem nenhum algo a mais e nenhum golpe de cena, manteve-se como uma leitura normal para os fãs da série se não fosse pela introdução do Detetive do Pesadelo.

CORAÇÃO DO DETETIVE
Interessante a relação que surge entre os dois mundos. Harlan e seus amigos são fortes, sem medo, habituados em ir pra a guerra a golpes de navalha e tiros de kalashnikov, enquanto Dylan é corajoso, mas com suas fraquezas, mais tido às reflexões e ao compromisso, clemente também com os vilões de momento e apaixonado pelas mulheres, capaz de criar empatia mesmo com as vampiras.

Os dois caráteres se confundem na história. Enquanto no número de Dylan Dog era Harlan o elemento desestabilizante, o matador implacável, nesta edição é o Senhor Dog que troca o carregador, fazendo as coisas andarem de modo diferente. Uma escolha calculada dos autores provavelmente, uma operação que faz soprar um pouco de ar neste calor infernal, um encontro que os leitores Bonelli não podem perder.

Uma nota especial vai para o espetacular Groucho, que em ambas às histórias é uma pérola reluzente na escuridão. Magistral o momento em que o Mestre da Noite tenta ler a mente dele. Não percam.


Crítica publicada originariamente no site: www.c4comic.it  

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