sábado, 12 de novembro de 2016


Dampyr Especial 12: A Porta do Inferno, a crítica

Por Francesco Borgoglio

O Dampyr Especial, o décimo segundo para ser mais preciso, apareceu nas bancas no sábado dia 22 de outubro. O time criativo responsável por "A Porta do Inferno" debutou em uma história do Filho do Diabo. Nos textos um nome bem conhecido do público da Sergio Bonelli Editore, Moreno Burattini, responsável por Zagor, enquanto nos desenhos, fazemos conhecer Fabrizio Longo, trazendo nas costas diversos trabalhos da Itália. Sangue novo e intérpretes incomuns, então, injetaram novidades em um roteiro que não é exagero em definir como impressionante: A Divina Comédia.

No misterioso e variado Multiverso Dampyriano podem existir também realidade e dimensões saídas da mente fantasiosa de um poeta como aquela do romancista como Edgar Allan Poe e H.P.Lovecraft. Em tal caso falamos de um dos nossos, Dante Alighieri e de seu Inferno, aquele com "i" maiúsculo.

Burattini homenageia a cidade que o adotou, Florença, hospedando Harlan e companheiros no seu explêndido cenário. Ao protagonista e a Kurjak cabe a aterrorizante companhia de Minose, Caronte, Cerbero, Gerionte e Lúcifer em uma viagem ao mundo subterrâneo de um dos maiores maiores poemas de todos os tempos. 

Catapultado pela magia de um manuscrito antigo, o filho de Draka e o amigo não estão sozinhos; uma improvável companhia deverá atravessar todos os nove círculos infernais das profundezas gerados pelo anjo rebelde caído sobre a Terra, com a remota esperança de "tornar a ver as estrelas".

Fazem parte da aventura também a incantável Tesla e o irresistível Nikolaus, decisivos para a sorte da empreitada. Mas não queremos tirar-lhes o prazer de folear e gozar esta trama estruturada com sapiência e erudição por seu escritor que revela com desenvoltura uma certa familiaridade através da criatura dos seus amigos e colegas Mauro Boselli e Maurizio Colombo. Mesmo efeito para os desenhos de Fabrizio Longo, que nos presenteia com vislumbres e majestosos dos círculos dantescos, ricas e possantes representações de seus habitantes, reelaborando com notável personalidade a iconografia precendente, aquela que tem seu ápice em Gustave Dorè.

A narração e a arte das páginas pensadas obviamente para um produto de entretenimento, são capazes de algo insólito: conseguem capturar e transmitir ao leitor algumas das emoções centrais do trabalho original: o tormento e o total abandono a que são condenadas as almas dos pecadores naquele lugar de indescritível dor, que nossos heróis não ficam imunes.

Pensávamos até agora que o Inferno de Dante não iria mais nos angustiarmos, esquecermos as perguntas, deixando tudo na escola. Estávamos errados: os círculos e entornos podem ainda representar um pesadelo, bem como, uma ocasião de desfrutar uma incrível experiência de horror.


Crítica publicada originariamente no site: www.badcomics.it

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