Entrevista concedida por Diego Cajelli, em ocasião da Rimini Comix 2011.
DIEGO CAJELLI, O CRIADOR DE PÁGINAS
Depois dos criadores, é o argumentista com mais histórias
Depois dos criadores, é o argumentista com mais histórias
Com estatísticas na mão, Diego Cajelli é aquele que mais assinou histórias depois dos criadores do personagem. "Não sei bem como e porque" - parece quase justificar-se o argumentista milanês - mas foi assim.
40 anos, Diego Cajelli é um criador. De que outra forma definir uma pessoa que escreve histórias, conto de fadas para crianças, poesias para um livro de fotografias, artigos de parapsicologia e mistérios, analista de revistas em quadrinhos, bem como, dedica-se (e muito) ao rádio e ao teatro (além de uma banda - Zelig - junto com Alessio Tagliento)? Na sua gaveta constam alguns prêmios recebidos, inclusive alguns como melhor argumentista. A esta longa lista, adiciona-se o cargo de consultor de uma agência de Milão. Criativo, obviamente.
Quando juntamos ao currículo a atividade com quadrinhos propriamente dito, arriscamos não termos espaço suficiente. Argumentos excepcionais também em Dampyr. O personagem nasceu em 2000. Cajelli escreveu para ele em 2003, então deve recuperar o tempo perdido. E para isso, tem-se dedicado.
"Desembarquei na SBE alternando aos textos com Carlos Ambrosini para Napoleone, escrevi Legs antes de encontrar Dampyr e Zagor. A relação com estes dois últimos personagens é mais estável, é uma relação que está se consolidando.
Porque Dampyr?
Dampyr basicamente é quadrinho de horror, mas diferente por causa dos tons e das atmosferas do quadrinho precedente da Editora SBE: Dylan Dog. Dampyr tem uma linguagem narrativa diversa. Não há aquele aspecto romântico e surreal presente nas histórias do Indagador do Pesadelo Londrino (Dylan Dog). Não há infernos burocráticos, a morte encapuzada (e com a foice como conhecemos), ou monstros que reagem à monstruosidade que verdadeiramente é de nos seres humanos. O mal, em Dampyr, é um mal absoluto, total, ao qual os personagens se relacionam de modo duro e brutal, sem romantismo.
Veja o caso, em muitos episódios assinados por você, estão entre os que mais têm ação na série. Também a estrutura realística da narração combina com você.
É um elemento de força da série. Quase todo número de Dampyr, fora a parte que tem Praga como base, se passa em um local diferente. Sempre são zonas de guerra, ou uma localidade longínqua, típicas das histórias de aventura clássica. Estes lugares, são contados de modo profundo, reconstruindo os ambientes de modo fiel, ir até a reconstrução precisa dos eventos reais ou ligados ao floclore local, que servem ao propósito da trama. No mais, há uma espécie de supertrama que interliga todos os episódios, aquilo que os entendidos do meio chamam de continuidade.
Harlan Draka enfrenta tantas temáticas, mas o universo narrativo de Dampyr tem como filão principal, os vampiros.
Sobre suas páginas existem dois tipos de vampiros: os Mestres da Noite e os seres humanos transformados em vampiros ou não mortos. Somente os Mestres da Noite podem transformar um humano em um não morto, para depois usá-lo como escravo, e se tem mais de um a seu serviço, então tem um bando. Se te morde um não morto, você morre. Os não mortos se comportam como os vampiros que todos conhecem. Se movem somente de noite, necessitam de sangue humano fresco para sobreviverem, incendeiam-se com a luz do sol. Se recebem tiros, nada lhes acontece. São velocíssimos e agilíssimos, e alimentados suficientemente saem de cena. Com muito esforço e empenho, talvez consiga mantê-los afastados. De dia, obviamente. Mestres da Noite, ao contrário, são de uma raça diferente. Não são humanos, criam ilusões, têm grande poder mental, podem criar monstros e criaturas usando a parte orgânica deles, tipo o cabelo ou mesmo o seu sangue. Geram os não mortos, com os quais se comunicam telepaticamente, são do sexo masculino e feminino e mais ou menos imortais.
Mas... Mas se um Mestre da Noite fizer amor com uma humana, gera um Dampyr.
Dampyr é uma criatura meio a meio, o sangue que corre nas suas veias é a única coisa no mundo que pode matar os não mortos e os Mestres da Noite. É um veneno, um ácido corrosivo, um elemento tóxico e absolutamente letal para todos os vampiros. No mais, um Dampyr envelhece lentamente, cura rapidamente seus ferimentos, tem um lado obscuro que deve ser controlado, e não perde a razão se depara com uma ilusão criada por um Mestre da Noite.
Mas por qual razão um Mestre da Noite gera uma criatura capaz de matá-lo?
Sob um certo ponto de vista, a série, a série inteira de Dampyr é a resposta a essa pergunta. Exceto os combates espetaculares, as cenas apavorantes, os monstros do folclore mundial, as reconstruções históricas, os pesadelos e os delírios... A série fala da complexa e intrincada relação entre Harlan e seu pai Draka, o vampiro mestre. Draka gerou Harlan para usá-lo contra os outros Mestres da Noite, para ter o domínio do mundo. Ou talvez não, o fez por vingança, talvez não, o fez porque os outros Mestres não respeitaram um pacto, talvez não, o fez por amor, talvez não, o fez para equilibrar o multiuniverso, talvez não.
É amigo, é inimigo, é amigo e inimigo ao mesmo tempo, bom os com os humanos, mas também não, sádico, impulsivo, Rei, um belo rico de fascínio. Entre Harlan e seu Pai, há uma espécie de trégua raivosa, à espera de novos capítulos. O fato está que, talvez, por um bocado de tempo, Draka usou Harlan, para dar cabo da concorrência. São vários os Mestres da Noite que Harlan deu fim. Mas não o fez sozinho.
Harlan está sempre acompanhado de dois co-protagonistas: Emil Kurjak e Tesla. Como é esse time?
Kurjak é um humano "normal". Kurjak é o único que arrisca a pela, no sério, é um tipo tosco, que atira antes de fazer perguntas, um Sérvio daqueles duros, que já viu de tudo um pouco. Tesla é uma não morta, uma vampira. É loira, muuuuito bonita e atualmente tem um affair com Kurjak (na verdade ela tinha uma queda por Harlan, mas imaginem quanto seria problemático para uma vampira estar próxima de um ser que pode matá-la). Harlan matou o Mestre da Noite que criou Tesla, liberando-a do controle mental. Desde então, ela decidiu seguir "os nossos" e bandeou-se para o lado das forças do bem. Um detalhe, ela tem que se alimentar, o faz escolhendo às suas vítimas entre os numerosos bastardos que "os nossos" que encontram na estrada deles. Harlan, Kurjak e Tesla têm como base, o Teatro dos Passos Perdidos, no coração nevoento de Praga. O patrão da casa é Caleb Lost. É um Amesha (um anjo caído), uma criatura mística, sobrenatural, rica de fascínio, cujo rosto é baseado em David Bowie, que introduz na série o segundo filão narrativo. Além de vampiros, Harlan, Kurjak e Tesla estão em luta contra os demônios. Mas faleremos disso na próxima edição especial.
Obviamente em Rimini.
40 anos, Diego Cajelli é um criador. De que outra forma definir uma pessoa que escreve histórias, conto de fadas para crianças, poesias para um livro de fotografias, artigos de parapsicologia e mistérios, analista de revistas em quadrinhos, bem como, dedica-se (e muito) ao rádio e ao teatro (além de uma banda - Zelig - junto com Alessio Tagliento)? Na sua gaveta constam alguns prêmios recebidos, inclusive alguns como melhor argumentista. A esta longa lista, adiciona-se o cargo de consultor de uma agência de Milão. Criativo, obviamente.
Quando juntamos ao currículo a atividade com quadrinhos propriamente dito, arriscamos não termos espaço suficiente. Argumentos excepcionais também em Dampyr. O personagem nasceu em 2000. Cajelli escreveu para ele em 2003, então deve recuperar o tempo perdido. E para isso, tem-se dedicado.
"Desembarquei na SBE alternando aos textos com Carlos Ambrosini para Napoleone, escrevi Legs antes de encontrar Dampyr e Zagor. A relação com estes dois últimos personagens é mais estável, é uma relação que está se consolidando.
Porque Dampyr?
Dampyr basicamente é quadrinho de horror, mas diferente por causa dos tons e das atmosferas do quadrinho precedente da Editora SBE: Dylan Dog. Dampyr tem uma linguagem narrativa diversa. Não há aquele aspecto romântico e surreal presente nas histórias do Indagador do Pesadelo Londrino (Dylan Dog). Não há infernos burocráticos, a morte encapuzada (e com a foice como conhecemos), ou monstros que reagem à monstruosidade que verdadeiramente é de nos seres humanos. O mal, em Dampyr, é um mal absoluto, total, ao qual os personagens se relacionam de modo duro e brutal, sem romantismo.
Veja o caso, em muitos episódios assinados por você, estão entre os que mais têm ação na série. Também a estrutura realística da narração combina com você.
É um elemento de força da série. Quase todo número de Dampyr, fora a parte que tem Praga como base, se passa em um local diferente. Sempre são zonas de guerra, ou uma localidade longínqua, típicas das histórias de aventura clássica. Estes lugares, são contados de modo profundo, reconstruindo os ambientes de modo fiel, ir até a reconstrução precisa dos eventos reais ou ligados ao floclore local, que servem ao propósito da trama. No mais, há uma espécie de supertrama que interliga todos os episódios, aquilo que os entendidos do meio chamam de continuidade.
Harlan Draka enfrenta tantas temáticas, mas o universo narrativo de Dampyr tem como filão principal, os vampiros.
Sobre suas páginas existem dois tipos de vampiros: os Mestres da Noite e os seres humanos transformados em vampiros ou não mortos. Somente os Mestres da Noite podem transformar um humano em um não morto, para depois usá-lo como escravo, e se tem mais de um a seu serviço, então tem um bando. Se te morde um não morto, você morre. Os não mortos se comportam como os vampiros que todos conhecem. Se movem somente de noite, necessitam de sangue humano fresco para sobreviverem, incendeiam-se com a luz do sol. Se recebem tiros, nada lhes acontece. São velocíssimos e agilíssimos, e alimentados suficientemente saem de cena. Com muito esforço e empenho, talvez consiga mantê-los afastados. De dia, obviamente. Mestres da Noite, ao contrário, são de uma raça diferente. Não são humanos, criam ilusões, têm grande poder mental, podem criar monstros e criaturas usando a parte orgânica deles, tipo o cabelo ou mesmo o seu sangue. Geram os não mortos, com os quais se comunicam telepaticamente, são do sexo masculino e feminino e mais ou menos imortais.
Mas... Mas se um Mestre da Noite fizer amor com uma humana, gera um Dampyr.
Dampyr é uma criatura meio a meio, o sangue que corre nas suas veias é a única coisa no mundo que pode matar os não mortos e os Mestres da Noite. É um veneno, um ácido corrosivo, um elemento tóxico e absolutamente letal para todos os vampiros. No mais, um Dampyr envelhece lentamente, cura rapidamente seus ferimentos, tem um lado obscuro que deve ser controlado, e não perde a razão se depara com uma ilusão criada por um Mestre da Noite.
Mas por qual razão um Mestre da Noite gera uma criatura capaz de matá-lo?
Sob um certo ponto de vista, a série, a série inteira de Dampyr é a resposta a essa pergunta. Exceto os combates espetaculares, as cenas apavorantes, os monstros do folclore mundial, as reconstruções históricas, os pesadelos e os delírios... A série fala da complexa e intrincada relação entre Harlan e seu pai Draka, o vampiro mestre. Draka gerou Harlan para usá-lo contra os outros Mestres da Noite, para ter o domínio do mundo. Ou talvez não, o fez por vingança, talvez não, o fez porque os outros Mestres não respeitaram um pacto, talvez não, o fez por amor, talvez não, o fez para equilibrar o multiuniverso, talvez não.
É amigo, é inimigo, é amigo e inimigo ao mesmo tempo, bom os com os humanos, mas também não, sádico, impulsivo, Rei, um belo rico de fascínio. Entre Harlan e seu Pai, há uma espécie de trégua raivosa, à espera de novos capítulos. O fato está que, talvez, por um bocado de tempo, Draka usou Harlan, para dar cabo da concorrência. São vários os Mestres da Noite que Harlan deu fim. Mas não o fez sozinho.
Harlan está sempre acompanhado de dois co-protagonistas: Emil Kurjak e Tesla. Como é esse time?
Kurjak é um humano "normal". Kurjak é o único que arrisca a pela, no sério, é um tipo tosco, que atira antes de fazer perguntas, um Sérvio daqueles duros, que já viu de tudo um pouco. Tesla é uma não morta, uma vampira. É loira, muuuuito bonita e atualmente tem um affair com Kurjak (na verdade ela tinha uma queda por Harlan, mas imaginem quanto seria problemático para uma vampira estar próxima de um ser que pode matá-la). Harlan matou o Mestre da Noite que criou Tesla, liberando-a do controle mental. Desde então, ela decidiu seguir "os nossos" e bandeou-se para o lado das forças do bem. Um detalhe, ela tem que se alimentar, o faz escolhendo às suas vítimas entre os numerosos bastardos que "os nossos" que encontram na estrada deles. Harlan, Kurjak e Tesla têm como base, o Teatro dos Passos Perdidos, no coração nevoento de Praga. O patrão da casa é Caleb Lost. É um Amesha (um anjo caído), uma criatura mística, sobrenatural, rica de fascínio, cujo rosto é baseado em David Bowie, que introduz na série o segundo filão narrativo. Além de vampiros, Harlan, Kurjak e Tesla estão em luta contra os demônios. Mas faleremos disso na próxima edição especial.
Obviamente em Rimini.
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