Ghost Watch - Dampyr Especial (outubro 2023) / crítica
Por Paolo M.G. Maino
Ghost Watch é o 19º Dampyr Especial, uma série de longa duração que acompanha a série regular que já ultrapassou 23 anos de publicação e navega rumo ao número 300.
A série anual dos especiais manteve a distinção de sempre oferecer algo "especial": do primeiro "Dracula Park", ao segundo "Os horrores de Londres", e depois continuando com outras pérolas, como: "Os estudantes da Escola Negra", "O Livro do tempo perdido" ou até o último "O jovem Dampyr". Histórias autoconclusivas que, no entanto, não deixaram de acrescentar elementos importantes à continuidade dampyriana.
A apresentação do último especial recentemente nas bancas parecia anunciar uma história bastante clássica sobre o tema de terror da casa mal-assombrada. Um especial portanto alinhado com o Halloween e aparentemente um filler (ou esperava que fosse assim...) mas será mesmo assim?
Vamos por partes.
História e Roteiro: Mauro Boselli
Desenhos: Fabrizio Longo
Capa: Alberto Dal Lago
Ghost Watch foi escrito por Mauro Boselli que se inspirou em um acontecimento real: na noite de 31 de outubro de 1992, a BBC transmitiu uma caça aos fantasmas em uma casa mal-assombrada, apresentando-a como uma investigação contínua e ao vivo. A história transmitida quase em horário nobre despertou medos, ansiedades, reações imprudentes e infelizmente, até o suicídio de um menino partIcularmente impressionável.
Boselli em sua história, imagina que a BBC irá propor um remake dessa história, mas desta vez declarando a natureza científica completa da investigação e chamando Maud Nightingale e um grupo de caçadores de fantasmas para o seu serviço, incluindo Harlan Draka.
Este é o ponto de partida, mas a história que se desenrola por trás de uma bela capa de Alberto Del Lago é tudo, menos óbvia e banal. Na verdade eu diria que o primeiro a nos enganar é o próprio Boselli que monta uma clássica história de fantasmas e depois se volta para algo completamente diferente, numa grande encenação efetivamente tramada por um inimigo nas sombras. Não posso dizer mais nada (mas farei isso em breve na área de spoiler...) mas basta dizer que esse especial me manteve colado ao álbum como uma tensão de alta qualidade.
É uma história cheia de reviravoltas e que vê o retorno de todos (mas todos), os amigos londrinos de Harlan (Mark, Dean Barrymore, Sati, Simon Fine com seus filhos, Tarrant... em suma, todos todos e até mesmo o lendário Thor, o cão bernês de Mark!)
E se todos os amigos estiverem lá, até mesmo o n... não... valor lá... falarei sobre isso mais tarde na área de spoiler.
Belos os personagens de contorno e como de costume o trabalho de pesquisa de documentação entre as dobras da história (ou notícias policiais nesse caso) é notável.
Depois de uma análise (sem sermões) sobre a nossa sociedade pós-moderna onde a imagem é tudo e onde as interpretações parciais e tendenciosas valem mais do que a realidade e os preconceitos custam a morrer.
A história também faz sucesso graças aos desenhos de Fabrizio Longo que estreiou na série em 2016 com o igualmente convincente "A porta do inferno" (nesse caso com os textos de Moreno Burattini.
Em Ghost Watch, Longo oferece provas sólidas na caracterização dos personagens, na ambientação dos diversos locais, na atuação e nas interações dos diversos atores no campo. Mas talvez o aspecto que mais me impressionou seja o uso do claro-escuro que amplifica a impressão de algo oculto, rastejante e maligno. O longo confronto final é excelente, cheios de cena de ação, até sangrentas (sejam elas reais ou não).
E agora uma pequena zona de spoiler!
ALERTA DE SPOILER
O que eu não esperava, como escrevi no início, é que Ghost Watch seria uma peça importante da continuidade dampyriana e, em vez disso, aqui está o retorno de Marsden em grande estilo. O mais esquivo, vil e enganador dos Mestres da Noite.
O uso dos não-mortos como substitutos para evitar riscos, as decepções do pai do pobre menino que se suicidou em 1992, o ataque aos amigos para ferir ainda Harlan... em suma, Marsden confirma que é nojento e odioso.
E Boselli sabe usá-lo como um antagonista perfeito em 360º, oposto a Harlan em todos os sentidos: ele nunca enfrenta o inimigo em campo aberto; ele não respeita seus ajudantes, que são apenas escravos iludidos de seu poder; ele está sempre pronto para fugir assim que houver risco para ele.
A leitura do Especial também me faz pensar que o confronto com Marsden, esperado para os próximos meses, só poderá acontecer rastreando-o em alguma dobra do Multiverso, justamente onde gosta de torturar seus rivais fanzendo-os cair em um armadilha com o apoio de outros mestres das noite ou talvez graças aos fragmentos do Caldeirão de Dagda. Resumindo, o golpe final contra Marsden será desferido por Harlan, mas será necessário muita ajuda (e acredito que sacrifício) para derrotá-lo.
Entre a busca pelos fragmentos do caldeirão de Dagda, as batalhas com algum outro Mestre da Noite (será que von Henzig retornará? e as sombras escuras da batalha total com Marsden, está sendo tecida uma trama dramática que nos acompanhará em pelo menos até o nº 300 e a celebração do 25º aniversário de Dampyr.
Finalmente, um pensamento para o fim do pobre Thor. Prenunciado por ele além da idade máxima dos Berneses, seu sacrifício por Harlan com suas últimas energias vitais é verdadeiramente comovente e acrescenta um sabor épico (Ulisses/Argos) e ao mesmo tempo cotidiano à história.
Enquanto isso, se ainda não o fez, chegou a hora de assistir ao filme Dampyr, disponível em diversas plataformas de assinatura e também em DVDs especiais e em Blu Ray.
Crítica publicada no site: www.fumettiavventura.it
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