domingo, 17 de junho de 2018



Crítica Dampyr 219: Tudo por Amor

Por Fabrizio Cozzolino

No término da história precedente de Dampyr, o número 218 - "Danças Macabras", assistimos a morte de um dos co-protagonista da série, estamos falando de Tesla, a vampira que foi protagonista indiscutível e teve de enfrentar o Mestre da noite Rupert Von Henzig, sucumbindo a seus enganos e as suas sádicas maquinações. O próprio Von Henzig transportou, tanto a nós quanto a bela Tesla em um turbilhão de imagens cinematográficas e referimentos às mais "horrorosas" criaturas que a sétima arte tenha parido (Não por acaso se refere a um filme gótico de Antonio Margheriti, de 1964, livremente inspirado em uma história de Poe, enquanto a mesma trama se inspira em uma outra história desse autor, O Barril de Amontilado). 

Este "Danças Macabras" trouxe consigo grandes expectativas por parte dos leitores, visto os pressupostos. Expectativas ao nosso ver, amplamente atendidas neste "Tudo por Amor", escrito por Mauro Boselli e desenhado por Corrado Roi.

Dampyr 219 abre, com Harlan e Kurjak na busca por Von Henzig e seus não-mortos, movidos por uma irreprimível sede de vingança, atormentados pela perda da amada Tesla. Mas é o mesmo Von Henzig que, depois de ter conduzido os dois caçadores de vampiros para a enésima armadilha, revelará que na realidade há ainda uma possibilidade para os nossos protagonistas de reencontrarem Tesla. A partir deste momento em diante reinará o engano, que moverá os nossos protagonistas e outros importantes personagens da série como se fossem peões em um enorme tabuleiro de xadrez. 

Provavelmente já revelamos muito da complexa trama tecida por Boselli, que, como acontece na série do Filho do Diabo, ironiza com clichês e lugares comuns sobre vampiros e, preenche os quadrinhos com referências clássicas do cinema e da literatura do gênero (de Nosferatu de Murnau a Cagliari de Weine). Aquilo que podemos dizer porém é que o verdeiro motor da narração é, como se evidencia o título, o amor. Um amor perverso, muitas vezes cego e incondicional, que leva as criaturas da noite a fazerem de tudo pelo objeto do próprio desejo.

A dar vida às sombras que se escondem na mente de Boselli, está Roi, que nos mostra nesta história as suas típicas sombras longas, que muitas vezes contrastram com cortes de luzes surreais. O resultado é uma atmosfera que dá calafrios e que permeia as ambientações da história: uma Praga que recorda Holstenwall, do Gabinete do Doutor Caligari, às nevoas da Bucovina, onde as visões oníricas e sombria dos personagens ganham vida.



Crítica publicada originariamente no site: www.senzalinea.it  

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