quinta-feira, 8 de junho de 2017


O  CAMBOJA DE GIOVANNI ECCHER

Inicia-se com o númer 207 uma história dupla que transporta Harlan e companhia para a selva cambojana. O autor Giovanni Eccher nos conta o que deve nos esperar das duas próximas história de Dampyr.
No número 207 de Dampyr, desde terça nas bancas italianas, começa uma história dupla ambientada no Camboja, escrita por Giovanni Eccher. Falamos com o autor nascido em Milão, para que nos conte como nasceu a história e o que devemos esperar destas duas histórias. 

Estreiou em Dampyr em 2011 no número 137 - "Os Implacáveis" - que coisa te atrai no personagem? 
Harlan é um herói bonelliano clássico, mas possui peculiaridades que o faz menos previsível que os outros: não é infalível como Tex, não um serial-lover como Dylan, não é um mestre da sobrevivência como Mister No. Isso o torna o mais humano dos personagens acima, mesmo que seja pela metade, e isso é parte da sua força. Mas aquilo que mais me agrada na série são as ambientações: as histórias de Dampyr, por se tratar de um quadrinho fantasia, se desenvolvem quase sempre em lugares reais e descritos de maneira extremamente fiel. Por norma de fato, os autores, a partir de Boselli, escrevem histórias que acontecem em lugares que estiveram e/ou conhecem bem (por exemplo, as belíssimas histórias de Claudio Falco, que se passam na sua Nápoles, ou as histórias de Boselli ambientadas na Islândia, local em que ele já foi várias vezes). Esta mistura do fantástico e o real, em alguns casos é a própria "leitura de viagem", é a força da série. Conheço diversos leitores de Dampyr que, depois de terem feito uma viagem a um país em que tenha acontecido uma história de Harlan & Cia, eles ficam impressionados com o fato do local "ser exatamente como na revista". Se acontecer de ir a Praga, por exemplo, você pode vir do castelo até a Ponte Carlo, e a rua íngreme ao longo dela, te leva a livraria de Harlan. Reconhecerá perfeitamente os lugares e no início da Ponte Carlo, descendo em uma escada à esquerda, você poderá acessar a Ilha de Kampa - onde obviamente não encontrará o Teatro dos Passos Perdidos, a menos que Caleb não o queira...

A sua história se passa no extremo oriente, entre o Camboja e a Tailândia. São lugares que conhece por tê-los visitado?
Estive tanto na Tailândia quanto no Camboja, antes de escrever esta história, assim como estive na Bolívia antes de escrever "Os Implacáveis" e em Portugal, antes de escrever "Tributo de Sangue". Obviamente não é que tenha ido a estes locais com o único objetivo de recolher material para as histórias de Dampyr, é que adoro viajar. Mas naturalmente curto as minhas viagens para inspirar-me, tirar fotos (por exemplo, o externo da casa de Heng, na história, é baseado numa foto de uma verdadeira casa cambojana que fotografei perto de Angkor Vat, assim como o templo na selva é "resultado" de vários templos que visitei) e conhecer lendas locais e fatos históricos. Quando estive na Bolívia estive no cemitério em que presumivelmente Butch Cassidy e Sundance Kid foram enterrados e, foi ali que de fato entendi que aqueles dois não tinham morrido de fato.

Um quadrinho da história de Luca Raimondo - O Templo na Selva - Textos de Giovanni Eccher

A procura histórica é sempre fundamental nos argumentos de Dampyr. Num contexto geral, há qualquer elemento da história inspirado em fatos reais? 
O personagem de Heng é inspirado em uma pessoa que realmente existe e ainda está viva, Aki Ra, que realmente quando criança foi um soldado entre os Khemer Vermelhos e fez tudo aquilo que se conta na revista, primeiro colocando e depois desarmando minas. Na verdade, Aki Ra, fez mais: criou um museu sobre minas e um centro de acolhida para crianças mutiladas por elas. Pode ser visto ação, desarmando uma mina com extrema tranquilidade. Aki Ra, montou tudo sem a ajuda do Estado e, na verdade, ainda teve que lutar contra a rejeição dos militares.

A revista tem um ritmo forte, com muitas cenas ação. Sem comparação, podemos esperar que continue dessa forma na segunda parte? 
Também na segunda parte teremos muita ação. Como autor eu procuro seguir esta regra: menos papo, mais ação! A capa fala bastante claro... Além disso, como se pode intuir no final da primeira parte, parte da história se passará em Bangkok, na Tailândia. Haverá várias surpresas, como já dissemos, não serei um estraga prazeres, então fecho a minha boca!

Já está trabalhando em novas histórias de Dampyr? 
Estou pensando num história que raízes na Segunda Guerra Mundial, front russo. Mas ainda não sei se engrenará, está na fase de projeto. Há uma outra história, parcialmente realizada, sobre uma lenda urbana de Estocolmo, que deverá ser escrita a quatro mãos com Mauro Boselli, mas devido aos seus múltiplos compromissos difícil dizer se e quando conseguiremos completá-la.
Entrevista concedida a Adriano Barone  



Matéria publicada originariamente no site: www.sergiobonellieditore.it

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