quinta-feira, 28 de abril de 2016



RETORNO A CHERNOBYL
No aniversário de trinta anos da tragédia, antecipamos o conteúdo da edição de Dampyr de maio, que se passará na cidade de Pripyat, onde as consequências do desastre nuclear são terríveis até os dia de hoje.

O dia 26 de abril nos relembra um tristíssimo e nefasto aniversário. Fez trinta anos, exatamente no dia 26 de abril de 1986, na usina de Chernobyl, na Ucrânia - então território soviético - que aconteceu o maior desastre nuclear da história. À 1h23min (uma hora e vinte e três minutos), durante um "teste de segurança", ignorando todos os protocolos, o núcleo do reator número 4 da usina nuclear super aqueceu a ponto de provocar o vazamento da água de refrigeração com hidronio e oxigênio, que com isso, elevou-se a pressão e provocou a quebra das tubulações do sistema de resfriamento do reator. O contato do hidrogênio com o grafite incandescente das barras de controle com o ar, provocou a uma fortíssima explosão.

Uma nuvem de material radioativo escapou da usina em chamas. Nas horas e dias sucessivos, mais de 330.000 pessoas foram evacuadas do entorno à Chernobyl e a fumaça radiotiva atingiu rapidamente grande parte dos países europeus e chegou à costa oriental da América do Norte. Na zona do desastre morreram 66 pessoas e ocorreram mais de 4.000 casos de tumor na tireóide, mas, segundo outras estimativas, às consequências do acidente podem ter cifras assustadoras, com estimativas entre 30.000 e 6.000.000 de vítimas. Foi calculado que o desastre de Chernobyl tenha deixado uma quantidade de radiação 400 vezes àquela produzida por ocasião do lançamento da bomba de Hiroshima.

O momento em que os moradores de Pripyat foram avisados e
tiveram suas vidas mudadas, na versão de Andrea Del Campo

Não era e não a nossa intenção "celebrar este aniversário macabro. O episódio "A Cidade Abandonada" (número 194 de Dampyr, nas bancas (italianas) em 5 de maio), foi concebido autonomamente e entra na continuidade do personagem criado por Mauro Boselli e Maurizio Colombo. Recordam, faz alguns meses, no Dampyr 188 "A Marca de Horror de Carcosa", Caleb Lost mostrou a Dampyr e pards, um filme amador produzido em Pripyat, em que os militares, encarregados de repelir intrusos no entorno da usina, em 1986, encontraram um moribundo que falava em inglês, da "para sempre perdido em Carcosa" ? A história de maio desenvolve e se aprofunda neste ponto, revelando horrorosos mistérios ligados às ameaças dos Grandes Antigos escondidos na cidade satélite de Chernobyl, cuja população a abandonou nos dias subsequentes ao desastre na usina, por ordem do governo, e que nunca mais voltou a ser a mesma por causa da radiação nociva para o homem que ainda hoje se revelam nas suas ruas abandonadas.
O autor Luigi Mignacco, quando escreveu essa história, seguramente não pensava nos trinta anos do acidente de Chernobyl. De fato, ele se surpreendeu quando falamos da coincidência. "Já tem trinta anos... Não acredito que tenha passado tanto tempo. A recordação daquele dia, para mim, ainda é bastante vivo. As notícias do desastre atômico acontecido em uma usina além da "cortina de ferro", chegavam nos telejornais da época de modo vago, impreciso... Parecia viver em um filme catastrófico! Diziam que era melhor não sair de casa, que a radiação poderia vir pelo céu, transportada pelo vento..."
 Harlan, Tesla e Kurjak na paisagem desolada da cidade ucraniana hoje.
A aventura de Harlan, Tesla e Kurjak, enviados a Pripyat por Caleb Lost para investigar o desaparecimento de um grupo de turistas em visita à cidade fantasma, não nasce das recordações que o autor tem da época, mas da visão de muitas fotografias e filmes, publicações na grande rede e em jornais, que documentam o estado atual da cidade abandonada. Porque em Pripyat, verdadeiramente se pratica este "turismo do horror", e as imagens de muitos desses visitantes serviram de modelo para o desenhista Andrea Del Campo reconstruir com absoluto realismo, os ambientes de uma história que, como sempre acontece em Dampyr, transportará os leitores muito "além da realidade".
Mas aquilo que não queremos esquecer, junto aos trinta anos passados do desastre, é que na história e nas reportagens os horrores são bem mais sérios do que aqueles produzidos na fantasia dos escritores e desenhistas. 



Matéria publicada originariamente no site: www.sergiobonellieditore.it

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