Na edição de Dampyr que foi para as bancas ontem, fez sua estréia entre os autores do Matador de Vampíros, Alessandro Bilotta. Pedimos a ele para apresentar a "A Papisa de Roma".
São passados quase quinze anos de quando Alessandro Bilotta (autor romano, nascido em 1977), junto a outros autores, fundavam a Editora Montego, começando a se fazer notar, com lançamentos editoriais como "Povero Pinocchio", "Il dono nero" e "Le strabilianti vicende di Giulio Maraviglia". Nas últimas décadas, Alessandro entrou no rol dos autores dos quais é melhor não perder um trabalho, mas também está entre aqueles nomes "que fazem um pouco de tudo" no mundo dos quadrinhos. Isto porque Bilotta, não consegue se fixar em um único personagem, em uma só história ou em um só gênero. É um tipo curioso, que não consegue ficar parado, sempre produzindo histórias, que muitas vezes resultam fantásticas.
Todos esses pormenores, na realidade, nos ajudou no nosso bate papo com Alessandro Bilotta, autor de "A Papisa de Roma", que foi para as bancas ontem (na Itália), edição quer marca sua estréia entre os autores de Dampyr.
Como se aproximou de Dampyr? Antes de escrever essa história, já era seguidor do matador de vampiros de Boselli&Colombo?
Leio Dampyr desde o primeiro número. Uma coincidência, quando ele saiu, em 6 de abril de 2000, também saiu um dos meus primeiros quadrinhos, "il dono nero", desenhado por Emiliano Mammucarri e Andrea Bergioli. A minha história era uma revisitação ao mito vampiro, ambientada num Roma contemporânea, a mesma que uso como "pano de fundo" em "A Papisa de Roma". Penso que, entre as séries da Bonelli, Dampyr é a minha favorita, como leitor e agora como autor. Aquilo que escrevo, parte sempre de uma documentação rica, uma imersão no argumento que vou "encarar", e o estilo Boselli de escrever sempre me fascinou, pela incrível capacidade de se utilizar vasta documentação, para tornar o enredo envolvente.
Com a sua história, Harlan vai pela primeira vez a Roma! Que fatos históricos/misterioros conseguiu "pescar", para envolver Dampyr em uma aventura pelas ruas da capital?
O episódio é centrado na figura história de Dona Olimpia Maidalchini, que viveu na primeira metade do Século XVII e considerada a mulher mais malvada da história. Enviada para o convento, consegue escapar, acusando de tentar seduz-i-la, o sacerdote que era o seu diretor espiritual. No seu segundo casamento, tornou-se esposa de Pamphilio Palmphili, e seu cunhado, Giovanni Batista se tornou o Papa Inocêncio X. Parece que ela guiou Inocêncio X e dirigiu toda a corte papal, sendo chamada de Papisa. Inventou o sistema de beneficência que escondia na realidade troca de favores, um sistema de subornos, bem a frente de seu tempo.
Por exemplo, quando concedeu proteção as cortesães, ditas "mulheres da Cúria", na realidade estava organizando a prostituição e se transformou na primeira cafetina da história. O povo romano "não morria de amores" por ela. Virou até fonte para ditado popular.
Quando há de verdadeiro, então, na história, a respeito de Dona Olimpia Maidalchini?
Quando contamos história penso que o mais importante é ser crível. A idéia que uma figura como Olimpia Maidalchini, que se achava onipotente, tenha encontrado a imortalidade por meio de um Mestre da Noite, me parece crível.
Como falávamos, as histórias de Dampyr parte de um rico trabalho de documentação, histórica e fotográfica. Que tipo de material juntou para poder ajudar o desenhista Andrea Del Campo na visualização de sua história?
As imagens de Olimpia Maidalchini são poucas, mas muito sugestivas: mostram toda a sua maldade. Andrea Del Campo foi perfeito ao criar um personagem forte fisicamente e colocá-lo num contexto contemporâneo e crível. O trabalho mais importante, fizemos sobre Roma, queria que ela fosse a protagonista da história e conseguir sua essência, fotos e documentações não são o suficiente. Andrea nasceu em Catânia, mas vive em Roma há muito tempo e juntos realizamos algumas histórias mais importantes de "Valter Buio", então estamos entrosados. A minha idéia era que todas cenas partissem de um bairro da cidade e, de qualquer modo, o representasse. Esta foi à procura que estivemos concentrados.
Ótimo e incontestável autor, não está focado em um único projeto. Já escreveu histórias em flashbacks, de fantasmas, de horror, "misteriosas", para jovens e por aí vai... Respeitando as suas histórias precedentes, como foi trabalhar em Dampyr? Teve que adotar um modo particular para escrever esta sua primeira aventura?
Penso que me seja particularmente prazeiroso inventar personagens e mundos, porque me interessa contar personagens e mundos que não parecem interessantes para outros autores, então eu me torno uma espécie de porta-voz de um povo de atmosfera e protagonistas "frágeis", de histórias que utilizo em formato popular, mas tenho a ambição de que sejam relevantes. Histórias sem armas ou mistérios para resolver, sem heróis que devem salvar não se sabem quem, sem personagens em busca contínua. Este é o motivo do meu não contentamento, que parte antes de tudo de uma insatisfação como leitor.
Ao mesmo tempo, de modo completamente esquizofrênico, exercito meu fascínio infinito por aqueles personagens que povoam meu universo de leitor. Por esses personagens nutro profundo respeito e me aproximo deles somente quando penso que conheço todos os seus detalhes. Dampyr foi um desses.
Em que está trabalhando atualmente? Sabemos que tem nas mãos episódios de "As Histórias" e que também está envolvido numa esperada aventura dylandoghiana... conte-nos um pouco...
Nos próximos dois anos devo lançar outras três edições de "As Histórias": uma desenhada por Michele Bertilorenzi, ambientada numa Londres vitoriana; uma de Pietro Vitrano, numa América rural dos primeiros anos do século XX; e uma outra junta com Matteo Mosca, que levará os leitores a uma Roma da metade do século XIX. Agora estou me dedicando somente a Dylan Dog, na série regular aos especiais anuais sobre o Planeta dos Mortos. Estou trabalhando em "Arturo Klemen" (uma série), desenhada por Sergio Ponchione. Estou prosseguindo também em "Corsários de classe Y", desenhada por Oskar e estou trazendo de volta à vida "Valter Buio"...
Matéria publicada originariamente no site: www.sergiobonellieditore.it
Todos esses pormenores, na realidade, nos ajudou no nosso bate papo com Alessandro Bilotta, autor de "A Papisa de Roma", que foi para as bancas ontem (na Itália), edição quer marca sua estréia entre os autores de Dampyr.
Como se aproximou de Dampyr? Antes de escrever essa história, já era seguidor do matador de vampiros de Boselli&Colombo?
Leio Dampyr desde o primeiro número. Uma coincidência, quando ele saiu, em 6 de abril de 2000, também saiu um dos meus primeiros quadrinhos, "il dono nero", desenhado por Emiliano Mammucarri e Andrea Bergioli. A minha história era uma revisitação ao mito vampiro, ambientada num Roma contemporânea, a mesma que uso como "pano de fundo" em "A Papisa de Roma". Penso que, entre as séries da Bonelli, Dampyr é a minha favorita, como leitor e agora como autor. Aquilo que escrevo, parte sempre de uma documentação rica, uma imersão no argumento que vou "encarar", e o estilo Boselli de escrever sempre me fascinou, pela incrível capacidade de se utilizar vasta documentação, para tornar o enredo envolvente.
Com a sua história, Harlan vai pela primeira vez a Roma! Que fatos históricos/misterioros conseguiu "pescar", para envolver Dampyr em uma aventura pelas ruas da capital?
O episódio é centrado na figura história de Dona Olimpia Maidalchini, que viveu na primeira metade do Século XVII e considerada a mulher mais malvada da história. Enviada para o convento, consegue escapar, acusando de tentar seduz-i-la, o sacerdote que era o seu diretor espiritual. No seu segundo casamento, tornou-se esposa de Pamphilio Palmphili, e seu cunhado, Giovanni Batista se tornou o Papa Inocêncio X. Parece que ela guiou Inocêncio X e dirigiu toda a corte papal, sendo chamada de Papisa. Inventou o sistema de beneficência que escondia na realidade troca de favores, um sistema de subornos, bem a frente de seu tempo.
Por exemplo, quando concedeu proteção as cortesães, ditas "mulheres da Cúria", na realidade estava organizando a prostituição e se transformou na primeira cafetina da história. O povo romano "não morria de amores" por ela. Virou até fonte para ditado popular.
Quando há de verdadeiro, então, na história, a respeito de Dona Olimpia Maidalchini?
Quando contamos história penso que o mais importante é ser crível. A idéia que uma figura como Olimpia Maidalchini, que se achava onipotente, tenha encontrado a imortalidade por meio de um Mestre da Noite, me parece crível.
Como falávamos, as histórias de Dampyr parte de um rico trabalho de documentação, histórica e fotográfica. Que tipo de material juntou para poder ajudar o desenhista Andrea Del Campo na visualização de sua história?
As imagens de Olimpia Maidalchini são poucas, mas muito sugestivas: mostram toda a sua maldade. Andrea Del Campo foi perfeito ao criar um personagem forte fisicamente e colocá-lo num contexto contemporâneo e crível. O trabalho mais importante, fizemos sobre Roma, queria que ela fosse a protagonista da história e conseguir sua essência, fotos e documentações não são o suficiente. Andrea nasceu em Catânia, mas vive em Roma há muito tempo e juntos realizamos algumas histórias mais importantes de "Valter Buio", então estamos entrosados. A minha idéia era que todas cenas partissem de um bairro da cidade e, de qualquer modo, o representasse. Esta foi à procura que estivemos concentrados.
Ótimo e incontestável autor, não está focado em um único projeto. Já escreveu histórias em flashbacks, de fantasmas, de horror, "misteriosas", para jovens e por aí vai... Respeitando as suas histórias precedentes, como foi trabalhar em Dampyr? Teve que adotar um modo particular para escrever esta sua primeira aventura?
Penso que me seja particularmente prazeiroso inventar personagens e mundos, porque me interessa contar personagens e mundos que não parecem interessantes para outros autores, então eu me torno uma espécie de porta-voz de um povo de atmosfera e protagonistas "frágeis", de histórias que utilizo em formato popular, mas tenho a ambição de que sejam relevantes. Histórias sem armas ou mistérios para resolver, sem heróis que devem salvar não se sabem quem, sem personagens em busca contínua. Este é o motivo do meu não contentamento, que parte antes de tudo de uma insatisfação como leitor.
Ao mesmo tempo, de modo completamente esquizofrênico, exercito meu fascínio infinito por aqueles personagens que povoam meu universo de leitor. Por esses personagens nutro profundo respeito e me aproximo deles somente quando penso que conheço todos os seus detalhes. Dampyr foi um desses.
Como dizia, sou fascinado pelo modo de escrever de Mauro Boselli e procurei aproximar-me daquele modo a fazer a minha história. Então, se de um lado me concentrei na dinâmica e pesquisa histórica, de outro, eu procurei inserir um universo de personagens para aflorar meus sentimentos.
Em que está trabalhando atualmente? Sabemos que tem nas mãos episódios de "As Histórias" e que também está envolvido numa esperada aventura dylandoghiana... conte-nos um pouco...
Nos próximos dois anos devo lançar outras três edições de "As Histórias": uma desenhada por Michele Bertilorenzi, ambientada numa Londres vitoriana; uma de Pietro Vitrano, numa América rural dos primeiros anos do século XX; e uma outra junta com Matteo Mosca, que levará os leitores a uma Roma da metade do século XIX. Agora estou me dedicando somente a Dylan Dog, na série regular aos especiais anuais sobre o Planeta dos Mortos. Estou trabalhando em "Arturo Klemen" (uma série), desenhada por Sergio Ponchione. Estou prosseguindo também em "Corsários de classe Y", desenhada por Oskar e estou trazendo de volta à vida "Valter Buio"...
Entrevista concedida a Luca Del Savio
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