quinta-feira, 13 de junho de 2024

 
A caverna da Sibila - Dampyr 291 (junho/2024) / crítica
 
Por Paolo M.G. Maino
 
 
Nicola Venanzetti e Giorgio Gualandris, depois de "A floresta dos suicídios", voltam a trabalhar juntos e se mudam do Japão para a Itália, mas atmosfera onírica da zona crepuscular em que estávamos imersos na floresta japonesa retorna às aldeias abandonadas e entre as encostas dos relevos de Marche.
 
Resumindo, uma dupla que funciona não pode ser mudada. E esta história também tem um elemento adicional muito forte: Venanzetti conhece muito bem o folclore e as lendas da sua terra. Partindo da tradição das sibilas da sua região, desenvolve um enredo que ser articula perfeitamente com o imaginário e a continuidade Dampyriana. 
 
Prossigamos... (e sem spoilers)
 
A caverna da sibila - Dampyr 291
História e Roteiro: Nicola Venanzetti
Desenhos: Giorgio Gualandris
Capa: Enea Riboldi

Harlan viaja para o interior de Marche (Itália), onde um mix de desaparecimentos repentinos e rumores populares indicam a presença (ou melhor, o retorno) de um mal atávico. Disfarçado de professor de folclore da Universidade de Freiburg, ele participa de uma animada conferência (talvez se a coisa mais irreal da história: uma conferência universitária bem concorrida!) onde pessoas da cidade também reclamam de desaparecimentos e mostram os seus medos às forças investigativas que parecem tatear no escuro. Além de Harlan, Padre Ruggero, um padre austero, que também participa da conferência e mostra que sabe muito sobre as monstruosas sibilas e a caverna onde elas eram trancadas. 


A partir daqui (e depois de um prólogo impressionante) a trama se desenvolve: os inimigos estão bem identificados nas sibilas, mas são muitos os elementos de interesse que Venanzetti nos revela aos poucos em uma trama repleta de coadjuvantes, aliados inesperados, flashbacks entre história, mitos populares e dampyrianos. Como um bom conhecedor da saga de Harlan e seus associados, na verdade, Venanzetti nos oferece uma visão substancial e agradável da subtrama dos príncipes infernais e das várias lutas em torno do trono de Iblis, príncipe do inferno, demonstrando que possui conhecimento dampyriano como poucos e já conta com mais de uma década de colaboração com a série do Matador de vampiros da Bonelli, e todos os anos nos delicia com histórias góticas bem selecionadas. 


Giorgio Gualandris se diverte e nos diverte desenhando aldeias medievais e cavernas escuras com abundância de detalhes e não economizando em cenas respingadas que dão vida a sacrifícios humanos e aos ritos das práticas haruspícias da tradição romano-osco-úmbria (afinal, também a cada de Enea Riboldi está entre as mais espalhafatosas da série). Fígado, olhos arrancados, intestinos e entranhas diversas são elementos necessários da narrativa e ao desenho de Gualandris só o cheiro acre de sangue!
 
Para quem acompanha as páginas de Gualandris, há também alguns extras que relembram estudos de vários personagens com sabor de mangá. As sibilas são excelentes tanto na versão persuasiva quanto na demoníaca. 
 
 
Um álbum que me deixa um gostinho gostoso (não pelo fígado e pelos intestinos, né?!), tanto pelo que mostra quanto pelo que esconde e nos faz imaginar (e o mesmo deve acontecer com qualquer narrativa de suspense e terror). Venanzetti tira a satisfação de trazer Harlan para sua casa (e nós, leitores com ele) e Gualandris confirma com sua arte sólida que se mostra pronto para novas aventuras!


 
Crítica publicada no site: www.fumettiavventura.it   

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