terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

 
Escravos da Krokodil - Dampyr 262 (janeiro 2022) / Crítica
 
Por Paolo M.G. Maino
 
Esse álbum inaugura o ano de 2022 dos matadores de vampiros da Editora Bonelli, que depois de ter festejado os 20 anos em abril de 2020, está próximo de viver um outro ano memorável por dois motivos principais: o primeiro é  - cruzando todos os dedos das mãos e dos pés - sairá o primeiro filme da BCU (Bonelli Cinematographic Universe) enquanto o segundo é a longa história em quatro partes do Retorno a Yorvolak (também adiciono Charles Moore no Especial desse ano).
 
Escravos da krokodil - Dampyr 262
 
Argumento e Roteiro: Davide Barzi
Desenhos: Fabiano Ambu
Capa: Enea Riboldi 
 
Mas vamos ao álbum! David Barzi estréia com o pé direito em Dampyr, com uma história que é clássica no esquema (Harlan e companhia têm que rastrear e eliminar não-mortos sem mestre da noite) e também no cenário narrativo (zonas de guerra ou pós-guerra) mas ele consegue fazê-lo adicionando algumas variações muito apreciáveis.
 
A história tem como co-protagonistas, um irmão e uma irmã separados ainda crianças, mas unidos pelo destino. Uma estrutura que foca no amor entre irmãos, de forma dramática e não trivial. Isso me lembrou e me fez entender melhor um dos elementos vencedores da recente série de TV animada Arcane, que gira em torno das irmãs Vy e Powder. Por outro lado, Barzi é muito bom em nos despistar nas primeiras páginas que se passam em vários locais do Leste Europeu e no Cáucaso. Não entendemos para onde está indo e quando chegamos lá começa a emocionante corrida até o final do álbum. A entrada na comunidade que reúne órfãos e crianças afastadas dos pais tem uma carga emocional significativa e lembra o espírito angustiante que pairava em Os filhos de Pontemorto, o álbum de Dampyr de abril passado. 
 

A segunda intuição feliz (ou melhor, a segunda que vejo entre tantas) é a escolha do cenário que forma o pano de fundo da cena final: a cidade fantasma da estepe asiática, a cidade de Agdam em Nagorno-Karabach. Um lugar real perfeito para um grupo de não-mortos sem seu mestre da noite. Barzi nos contou bem no podcast, mas o que fica é a impressão do clímax bem estudado nos lugares da narração. E afinal, quando se encerra em cenários marcados pela guerra e abandono, toca os acordes mais típicos e originais da saga de matadores de vampiros da Editora Bonelli que começou com a guerra na ex-Iugoslávia!


E com a terceira intuição, vamos falar (também) de Fabiano Ambu. A história de fato apresenta seções de contos de fada/desenhos animados que contam a história de um urso e uma ovelha que são as figuras do irmão e da irmã que são os protagonistas da história. Não são poucas páginas e, portanto, constituem uma novidade importante para o tipo de páginas que estamos acostumados a ler em Dampyr. Ambu consegue nos colocar em um desenho animado melancólico e evocativo, como era típico de certas produções do Leste Europeu de alguns anos atrás (não exatamente a agradável Masha e o Urso, para ser claro). Ao longo do álbum, o trabalho de Ambu é verdadeiramente notável tanto pelos detalhes dos contextos quanto pelos planos que nos mergulham em atmosferas escuras, sombrias e de suspense. Um roteiro decorado com lápis e tintas do desenhista nascido na Sardenha com resultados verdadeiramente notáveis.
 
Em suma, se você não leu, procure o Dampyr de janeiro e fique em dia!

 
 
Crítica publicada no site: www.fumettiavventura.it 

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