domingo, 6 de dezembro de 2020

 
Série:Dampyr nº 241
Episodio: O cavaleiro de Roccaburna
Textos: Mauro Boselli
Desenhos: Majo
Colorização: Mateo Vattani
Capa: Enea Riboldi
Letrista: Lucca Corda
Páginas: 96
Edição: Bonelli, 4-2020


A edição deste mês de Dampyr sai, como escrevemos nos últimos dias, vinte anos após sua estréia nas bancas. Para comemorar o aniversário, Bonelli publicou uma edição colorida de 112 páginas.

Consultando um antigo livro, Saugrénes tem uma vívida visão da batalha da Montanha Branca, que ocorreu em 1620, perto de Praga. O livro contém um pouco do fluido de Draka, por isso tem a capacidade de reviver episódios narrados em quem os lê. Harlan conta ao amigo, como seu pai o recebeu como presente do Barão Sigmund Khevenhuller.
O ano era de 1621 quando uma tropa espanhola, comandada pelo Duque de Feira y Valhemorsa, invadiu o castelo de uma família evangélica de Valtellina. Os habitantes da fortaleza foram exterminados, com excessão dos filhos do senhor. O duque voltou sua atenção para a jovem e bonita Fortunata e parecia querer poupar-lhe a vida, como a do seu irmão Orlando. No jantar, no entanto, quando Orlando se recusou a brindar ao Rei da Espanha e à Igreja, Jerônimo, um dos capagas do Duque, tentou púnir Fortunata. A jovem conseguiu uma espada e defendeu-se, despertando a ira de Jerônimo. O cavaleiro de Roccaburna teve que intervir para salvar a prisioneira, nome usado na época pelo Mestre da Noite Draka, que ali estava presente como chefe de uma brigada de mercenários. Atingido pela coragem e valor da mulher, Roccaburna matou os espanhóis. Ele então levou Orlando e Fortunata a reboque, tornando a jovem sua amante. 
Uma noite, Roccaburna e seus dois protegidos chegaram ao Castelo de Hochosterwitz, administrado por Sigmund Khevenhuller. Os mortos vivos do Mestre da Noite Vlatna assolavam a região, situando Hochosterwitz assim que Roccaburna chegou. A intervenção deste último foi fundamental para a defesa do castelo, mas o ataque fracassado não impediu os vampiros de sequestrarem Fortunata.
Boselli nos presenteia com uma nova obra-prima a ser registrada nos anais dos quadrinhos: um horror histórico, cheio de batalhas, armas, vampiros e romance. Nesse caso Harlan, para "comemorar" seu aniversário, permanece em repouso, limitando-se a contar, no quadro narrativo, uma história que tem como protagonista seu pai, uma figura intrigante e multifacetada. Na verdade, uma das característica do personagem vampiro é aquele de prestar-se a ser colocado em diferentes contextos históricos. E Boselli sabiamente explora essa qualidade, muitas vezes acompanhando os leitores a territórios distantes no espaço e no tempo, a fim de expandir a saga em uma macro história de duração milenar. Também é significativo que em uma edição comemorativa o protagonista da série não apareça na linha de frente, Dampyr é na verdade uma saga complexa, composta por muitos personagens, muitas vezes co-protagonistas, que é um elemento de maior riqueza narrativa.
Como sempre, muito belos os desenhos de Majo, entre os quais se destacam as evocativas vistas dos feudos, os personagens nos trajes de época e suas expressões sempre credíveis, mesmo quando pintadas no rosto do monstro de plantão.
A cereja do bolo é a cor, explêndido trabalho de Matteo Vattani. Com sua paleta de cores, o colorista não só preenche às páginas, como amplifica  a sua expressividade e ambientes, criando jogos de luz, sombras e sombras, particularmente eficazes em cenas noturnas iluminadas pro tochas ou fogueiras. Tudo isso torna a leitura desse registro muito próxima de assistir um filme.
Um episódio, como se diz, para ser emoldurado, pela história e pelos desenhos. Mas também pelo décimo sexto extra e pelas cores, como um sinal de carinho e atenção da Bonelli para com seus leitores.



Matéria publicada originariamente no blog: www.ilcatafalco.blogspot.com

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