sábado, 10 de dezembro de 2016


Dampyr Especial 12 - A Porta do Inferno
A "Dampyriana Comédia" de Moreno Burattini e Fabrizio Longo

"Boa leitura, então, com a nossa dampyriana comédia...", assim o curador e co-autor de Dampyr, Mauro Boselli, conclui a introdução do décimo segundo especial dedicado a Harlan Draka. A escolha de ambientar a história parte em Florença parte no inferno (literalmente) ainda faz claras referências a Dante Alighieri e a sua Divina Comédia. Dampyr é uma série que desde sempre está repleta de sugestões literárias: se até agora estávamos habituados com homenagens aos mestres do horror e da ficção (dentre os mais conhecidos, Edgar Alan Poe e H.P.Lovecraft, e, outros menos conhecidos como Fitz-James O´Brien), no momento em que se planeja uma viagem ao inferno, obviamente é impensável prescindir do poeta da Divina Comédia.
A Porta do Inferno representa antes de tudo a ocasião para uma dupla estréia em Dampyr: aquela de Moreno Burattini e Fabrizio Longo. Se para Burattini, já é de tempo curador e autor de Zagor, o termo "estréia" é desnecessário, já para o desenhista Fabrizio Longo se trata da primeira obra publicada pelo Sergio Bonelli Editore, uma estréia com a marca da dificuldade, que como vemos, foi plenamente superada.
O episódio começa com o repentino desaparecimento de um estudioso, o Professor Martelli, que enquanto está envolvido na realização de pesquisas na Biblioteca Medicea Laurenziana, o filólogo é catapultado para um lugar infernal. Para libertá-lo das garras dos demônios, intervêem Harlan e Kurjak que, com a ajuda do Professor Alessio Montanari, são convencidos a uma "visita guiada" em uma espécie de mundo paralelo que descobrem ser uma fiel reprodução do inferno descrito pelo principal poeta Florentino.
A história se presta então a uma interessante viagem, nas temáticas e na iconografia dantesca. Sobre a concepção da história, Moreno Burattini declarou como segue: "refletindo sobre as temáticas de horror típicas da saga dampyriana, parti do pressuposto que a história mais assustadora concebida pela mente humana, seja a descida aos níveis inferiores de Dante Alighieri. Imaginei então uma história em que Harlan cumprisse aquela mesma viagem". No episódio encontramos então alguns dos mais célebres personagens: além das tantas almas condenadas a penas horríveis, podemos ver Caronte, Paolo e Francesca, Cérbero, as Erinni, todas representadas de maneira particularmente sugestiva. Elas emergem com clareza da rica documentação que tiveram o autor e o desenhista. O mesmo Burattini em recente artigo/entrevista declarou ter consultado o historiador Alessandro Monti (citado na história na história na figura do Professor Montanari), enquanto que visualmente é evidente também em uma olhada rápida, que Longo estudou e assimilou as gravuras de Gustavo Dorè para dar vida às páginas. Todas as passagens do Especial ambientadas no inferno são caracterizadas com uma perícia e uma minuciosidade na representação gráfica, que rendem uma leitura particularmente prazeirosa, com um resultado verossímil de resultado que leva o leitor que não prestou tanta atenção na escola a reler uma das obras fundamentais da literatura italiana. 
Concluímos com uma curiosidade que talvez alguns leitores não tenham percebido: a presença entre os personagens da história de Desdemona "Dasy" Metus, protagonista de L´Insonne de Giuseppe Di Bernardo e Andrea J. Polidori, quadrinho ambientado em Florença, que o mesmo Fabrizio Longo há alguns anos desenhou um episódio.


Do nosso lado, os saudamos como convêm
e depois saímos para ver as estrelas.

O Chefe Audace
(muito menos Chefe do que Poeta...)



Publicado orinariamente no blog: gliaudaci.blogspot.it

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