quarta-feira, 21 de outubro de 2015


C4 conversa com... Claudio Falco!

Claudio Falco, autor Bonelli da série Dampyr, criada por Mauro Boselli e Maurizio Colombo. Une a paixão pela nona arte com o trabalho de médico ematólogo. Colaborou por diversos anos com a Editora Tornado Press, escrevendo artigos para revista Flex e participando da realização de sagas e edições em quadrinhos. Além disso, está entre os autores de Nero Napolitano, publicada no Corriere del Mezzagiorno, e recentemente traduziu e apresentou a Semana Negra na Espanha, em Gijon, onde teve um sucesso enorme.


C4C: Olá Claudio. Seja bem vindo ao C4 Comic. Depois de tantos anos como leitor e apaixonado por quadrinhos, transformou a paixão em trabalho, escrevendo histórias que fazem muito sucesso entre os fãs da série Dampyr. Pode-nos contar como foi isso?
Claudio Falco: Olá. Obrigado por estar aqui novamente e pela hospitalidade. Voltando à pergunta, a passagem foi extremamente lenta (lentíssima!) Há alguns anos, fechada a experiência com Flex, comecei a distribuir roteiros. Quando ia bem, era descartado de forma cortês, mas nas maioria das vezes não recebia resposta alguma. Já tinha colocado uma pedra sobre (também porque o meu trabalho como médico me ocupava muitíssimo) quando, via Giuliano Piccininno, histórico desenhista da Escola Salernita que estava no staff de Dampyr desde o início e meu amigo de longa data, veio a saber que talvez naquela série havia espaço. Expedi alguns roteiros a Mauro Boselli que (com grande disponibilidade e paciência, sabendo que eu era um estreiante absoluto) decidiu me colocar à prova. Saiu, muitos meses e muitas correções depois, a primeira história, o resto vocês já conhecem. 

C4C: Há anos, já, é um dos autores das aventuras de Dampyr. Foi amor a primeira vista com Dampyr?
Claudio Falco: Na maneira mais absoluta. O primeiro número de Dampyr, para mim, foi sensacional, para dizer pouco. Passou-se durante a guerra da ex-Iugoslávia. Não li mais, desde então, uma edição Bonelli que, embora "caindo" no quadrinho de aventura típico da editora, tivesse tantas referências a uma realidade histórica assim tão perto no tempo. E então "veio para ficar".

C4C: Uma peculiaridade da série é o cuidado com a parte história e a precisão dos detalhes. Um desafio que os leitores adoram. Um estímulo ou uma dor de cabeça ao se iniciar uma história?
Claudio Falco: As duas coisas. Para mim é divertido, mas é também um grande esforço. Exige um enorme trabalho de juntar documentação e não permite erro ou superficialidade, também porque Mauro Boselli tem uma cultura monstruosa e deste ponto de vista (e de muitos outros) nada lhe escapa. Sem esquecer que os leitores estão sempre atentos. Como eles não se pode "vacilar". 
 
C4C: O Dampyr Especial que escreveu, se anuncia muito interessante e com um alto nível de suspense para os leitores que são ligados a Harlan, Tesla e Kurjak. Que coisa devemos esperar? Pode-nos revelar alguma coisa? 
Claudio Falco: Do momento que se trata de uma história muito peculiar (lendo-a entenderão porque) não posso revelar muito (sob pena de sofrer a sanguinária vingança de Tesla). Posso dizer, entretanto, que teremos várias surpresas, algumas muito "dolorosas" para os fãs da série. A história parte do fato que um Dampyr, no nosso caso, Harlan, envelhece cinco vezes mais lentamente que os seres humanos normais, e, por consequência, está destinado a sobreviver aos seus companheiros de aventura.

C4C: Além de ser um dos autores de Dampyr, recentemente escreveu um roteiro em forma de graphic novel sobre a história de Eluana Englaro, para 001 Edizioni. Médico e autor, como viveu essa experiência?  
Claudio Falco: Foi dificílimo, seja porque o argumento é particularmente controverso, seja porque já foi tratado no cinema, em um espetáculo teatral e foi objeto de uma infinidade de livros e notícias de jornais. Precisava encontrar uma maneira original de aproximar um e outro. E depois, como pode imaginar, o impacto emotivo para mim que vivo quotidianamente este tipo de problemática foi muito forte. Mas o verdadeiro trabalho foi feito pelo autor Marco Ferradino e a desenhista Martina Sorrentino, dois bravos, saídos da Scuola Italiana di Comix, que forma em frente, e tenho certeza, terão uma bela carreira.


C4C: Além disso, consegue conciliar também as aulas para cursos de roteiros e narração de histórias para a Scuola Italiana di Comix. Como se sente no papel de professor e quais noções procura transmitir aos seus alunos?  
Claudio Falco:É divertidíssimo e muito estimulante. A relação com eles, para mim que sou "um veterano", é fundamental para procurar descobrir o talento deles. Da minha parte, como profissional do setor, procuro passar para eles uma série de instrumentos técnicos, de ensinar-lhes a "gramática" da autoria, da qual não podem abrir mão se querem fazer esse trabalho. O talento, as idéias, eles devem demonstrar. E devo dizer que nestes anos encontrei alguns realmente bons.



C4C: Como avalia o panorama dos quadrinhos italianos? Há algum autor que segue particularmente?   
Claudio Falco: É um momento "estranho", de mudança. Os gostos dos jovens mudaram velozmente nesses últimos anos e os autores e editoras às vezes, lutam para atendê-los. Isto, junto ao bombardeamento de videogames e um cinema sempre pleno de efeitos especiais, colocam em dificuldade uma arte "pobre" como o quadrinho. apesar disso, continuo confiante. Na metade dos anos 80 se dizia que o quadrinho estava "no fim da carreira". Então, um certo Senhor Tiziano Sclavi inventou Dylan Dog, e, o sucesso do personagem abriu caminho para uma infinidade de outros personagens. Devemos somente esperar. De novidade não há muita coisa e, um dia desses, qualquer novo personagem "explodirá". Com relação a autores, sou bastante eclético, não tenho preferências particulares.


C4C: Além de Dampyr, qual outro personagem Bonelli teria o prazer de criar uma história?   
Claudio Falco: Todos, sem excluir nenhum! Estamos falando da Bonelli, como se pode preferir um a outro? 

C4C: Se fala há anos da crise editorial e em particular modo dos quadrinhos, como grandes editoras em dificuldade. A Bonelli, ao contrário, parece estar em um momento positivo. A qualidade e os novos projetos que proporcionaram isso?   
Claudio Falco: A qualidade paga sempre. E a editora está, progressivamente, explorando novas estradas. Alguns projetos podem cair (alguns velozmente) na graça do público, outros nem tanto (Dylan Dog começou "lento" e sabemos o final), mas o nível médio é sempre é altíssimo e o resultados falam por si. Não esqueçamos que na Bonelli trabalham, em todos os níveis, profissionais de grande valor que tiveram a sorte de se formarem na escola de um autêntico gênio como Sérgio Bonelli (sem esquecer do grande Decio Canzio). O legado deles conta.



C4C: A última pergunta é uma marca registrada de nosso site. Qual é a sua kryptonita?   
Claudio Falco:Para ter uma kryptonita devo ter super poderes e poder perdê-los, como o Super Homem. Mas eu, se tiver que me comprar a um personagem dos quadrinhos, no máximo, me pareço com o Peninha...


Te agradecemos pela disponibilidade e esperamos revê-lo mais breve possível no C4Comic.







Matéria originariamente publicada no site: www.c4comic.it

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