O MEU AMIGO HARLAN
Daniele Statella e Dampyr, atração ao primeiro vampiro
Daniela Statella é eclético. Alterna trabalhos com vídeo à direção artística de mostras sobre quadrinhos. Chefia um estúdio, o Createcomics. Mas sobretudo desenha. Passar o pincel sobre o papel, e ver nascer - traço após traço - personagens e ambientes, para ele é uma necessidade vital. Uma paixão desenfreada. Depois de tantos trabalhos e as intrigantes experiências com Diabolik, Statella está pronto para a estréia na Sergio Bonelli Editore. Está desenhando dois episódios de Dampyr simultaneamente, uma história de Boselli e outra de Di Gregorio. As duas historias verão a luz em 2014.
Você e Dampyr. Quando o encontrou pela primeira vez?
O descobri na sua estréia em 2000. Gostei muito do número 1 da série, encontrei nele algo, atmosfera e horror, que já não encontrava mais em Dylan Dog.
Na época tinha terminado a pouco a "Escola de Quadrinhos" e tinha desenhado o meu quadrinho de horror - "Amanhã é um outro dia". Se tratava de uma história ambientada na minha cidade, cujos protagonistas era eu e meus amigos, empenhados em combater uma invasão de monstros, cujo aspecto eram de mosquitos gigantes. Uma história muito autobiográfica, na verdade. Um pequeno editor estava louco e, topou publicar uma trilogia em formato francês. Nesse mesmo período, na Cartoomics Mauro Boselli e Alessandro Baggi apresentavam Dampyr, e eu aproveitei para me aproximar de Boselli com a desculpa que Baggi era meu "professor" na escola e lhe presentear com uma cópia do meu quadrinho... Quem sabe, se depois Boselli tenha lido aquele volume.
Na verdade, mais que o encontro com Dampyr, foi o encontro com seu criador que influenciou a minha vida profissional. Teve um outro episódio, ligado a Milão, mais antigo, uns vinte e cinco anos atrás. Com treze anos, fã de Tex, passava por Milão com meu pai,e ele, que sabia que eu gostava de desenhar, me levou a "visitar" a redação da Bonelli. Obviamente não havia nada a explorar, mas quem nos atendeu foi um simpático e jovem redator, que gentilmente me aconselhou a terminar os estudos e continuar a desenhar, "que talvez um dia... quem sabe..." Bom, aquele redator era Boselli. Ele não sabe, mas se segui esse caminho um pouco é culpa dele.
Em qual desenhista se inspirou para desenhar Dampyr?
Os autores que me estimulam são tantos e são aqueles que são conhecidos, senão todos. Os mestres, de Moebius a Toppi... Porém, há um desenhista que sigo o trabalho faz anos, e que já era o meu preferido quando realizava Cornélio, o personagem de Carlo Lucarelli, cuja ação se passa num ambiente noir. O autor em questão é Majo. Assim quando eu fui chamado a SBE, foi natural basear-me na sua interpretação de Dampyr, que penso ser verdadeiramente a mais "quente" para o personagem, sem desmerecer nenhum desenhista da série. Adoro seus traços, os detalhes meticulosos. E então, sob seu pincel os personagens ganham um charme especial, sem contar a forma magistral com que cria uma atmosfera dark. Quando desenho Dampyr, Majo é seguramente meu ponto de referência.
Quais vampiros te atraiu no cinema, nos quadrinhos, nas séries?
Durante o serviço militar li "Drácula" de Bram Stoker e gostei muito. Acredito sem falsa modéstia, de ter visto quase tudo que o cinema produziu sobre vampiros, de Marnau a Coppola, de Dreyer a Carpenter, de Bela Lugosi a Christopher Lee, de Polanski aos mais recentes (e péssimos) exemplos, os vários Blade, Underworld, Twillight, etc.
Antes um personagem cult, Diabolik, agora horror graças a Dampyr. Gosta de forte emoções?
Adoro o suspense, o meu diretor preferido em absoluto é Alfred Hitchcock, os gêneros derivados, thrilers e o horror. Depois gosto também de comédia, e, não há duvidas, prefiro emoções fortes.
E agora, finalmente, o horror.
O horror é indubitavelmente o meu gênero preferido. Me nutro desse gênero há muito tempo, desde quando o Dylan Dog de Sclavi me abriu um mundo, quando lia o dicionário do cinema horror de Dylan Dog e andava a procura de filmes em videotecas. Sobre o meu quadrinho de horror, acabei rodando um filme que une horror a minha outra grande paixão, o western. Se trata de um filme low budget gravado com Alessia Di Giovanni, um western horror com zumbis, interpretado por Marco Silvestri e Elena Di Ciocci, com músicas do maestro Manuel de Sica e os efeitos especiais de Sergio Stivaletti.
O cinema é minha outra grande paixão, sempre realizei curta-metragens e dessa vez com meu grupo, decidimos nos aventurar num longa-metragem. Trabalhos muito, mas foi divertido, e, a crítica acolheu favoravelmente, Gigi Marzullo não pegou pesado como esperava, e isso me encheu de orgulho, porque se trata de um filme bem simples, feito com pouco dinheiro, mas muita paixão. E, temos Claudio Villa (participação especial) num vilarejo desenhando um cartaz de "procurado"... Quando a câmara se aproxima do desenho, descobrimos que nele está estampado a face de Tex.
Voltemos a Dampyr. Como se preparou para desenhá-lo? Adotou estratégias particulares durante o trabalho com as páginas, como música gótica ao fundo, imagens aumentadas, sons estranhos?
Preparo o trabalho com uma procura fotográfica, porque em Dampyr é importantíssimo o realismo. Os ambientes devem ser bem reconhecíveis e então procuro material que me possa ajudar. Os personagens devem ser fiéis as suas origens e então uso alguma fotografia para ajudar. Desenho escutando (mais do que vejo) SKY, também dois ou três filmes ao dia e naturalmente prefiro gênero mais negro que rosa.
O descobri na sua estréia em 2000. Gostei muito do número 1 da série, encontrei nele algo, atmosfera e horror, que já não encontrava mais em Dylan Dog.
Na época tinha terminado a pouco a "Escola de Quadrinhos" e tinha desenhado o meu quadrinho de horror - "Amanhã é um outro dia". Se tratava de uma história ambientada na minha cidade, cujos protagonistas era eu e meus amigos, empenhados em combater uma invasão de monstros, cujo aspecto eram de mosquitos gigantes. Uma história muito autobiográfica, na verdade. Um pequeno editor estava louco e, topou publicar uma trilogia em formato francês. Nesse mesmo período, na Cartoomics Mauro Boselli e Alessandro Baggi apresentavam Dampyr, e eu aproveitei para me aproximar de Boselli com a desculpa que Baggi era meu "professor" na escola e lhe presentear com uma cópia do meu quadrinho... Quem sabe, se depois Boselli tenha lido aquele volume.
Na verdade, mais que o encontro com Dampyr, foi o encontro com seu criador que influenciou a minha vida profissional. Teve um outro episódio, ligado a Milão, mais antigo, uns vinte e cinco anos atrás. Com treze anos, fã de Tex, passava por Milão com meu pai,e ele, que sabia que eu gostava de desenhar, me levou a "visitar" a redação da Bonelli. Obviamente não havia nada a explorar, mas quem nos atendeu foi um simpático e jovem redator, que gentilmente me aconselhou a terminar os estudos e continuar a desenhar, "que talvez um dia... quem sabe..." Bom, aquele redator era Boselli. Ele não sabe, mas se segui esse caminho um pouco é culpa dele.
Em qual desenhista se inspirou para desenhar Dampyr?
Os autores que me estimulam são tantos e são aqueles que são conhecidos, senão todos. Os mestres, de Moebius a Toppi... Porém, há um desenhista que sigo o trabalho faz anos, e que já era o meu preferido quando realizava Cornélio, o personagem de Carlo Lucarelli, cuja ação se passa num ambiente noir. O autor em questão é Majo. Assim quando eu fui chamado a SBE, foi natural basear-me na sua interpretação de Dampyr, que penso ser verdadeiramente a mais "quente" para o personagem, sem desmerecer nenhum desenhista da série. Adoro seus traços, os detalhes meticulosos. E então, sob seu pincel os personagens ganham um charme especial, sem contar a forma magistral com que cria uma atmosfera dark. Quando desenho Dampyr, Majo é seguramente meu ponto de referência.
Quais vampiros te atraiu no cinema, nos quadrinhos, nas séries?
Durante o serviço militar li "Drácula" de Bram Stoker e gostei muito. Acredito sem falsa modéstia, de ter visto quase tudo que o cinema produziu sobre vampiros, de Marnau a Coppola, de Dreyer a Carpenter, de Bela Lugosi a Christopher Lee, de Polanski aos mais recentes (e péssimos) exemplos, os vários Blade, Underworld, Twillight, etc.
Antes um personagem cult, Diabolik, agora horror graças a Dampyr. Gosta de forte emoções?
Adoro o suspense, o meu diretor preferido em absoluto é Alfred Hitchcock, os gêneros derivados, thrilers e o horror. Depois gosto também de comédia, e, não há duvidas, prefiro emoções fortes.
E agora, finalmente, o horror.
O horror é indubitavelmente o meu gênero preferido. Me nutro desse gênero há muito tempo, desde quando o Dylan Dog de Sclavi me abriu um mundo, quando lia o dicionário do cinema horror de Dylan Dog e andava a procura de filmes em videotecas. Sobre o meu quadrinho de horror, acabei rodando um filme que une horror a minha outra grande paixão, o western. Se trata de um filme low budget gravado com Alessia Di Giovanni, um western horror com zumbis, interpretado por Marco Silvestri e Elena Di Ciocci, com músicas do maestro Manuel de Sica e os efeitos especiais de Sergio Stivaletti.
O cinema é minha outra grande paixão, sempre realizei curta-metragens e dessa vez com meu grupo, decidimos nos aventurar num longa-metragem. Trabalhos muito, mas foi divertido, e, a crítica acolheu favoravelmente, Gigi Marzullo não pegou pesado como esperava, e isso me encheu de orgulho, porque se trata de um filme bem simples, feito com pouco dinheiro, mas muita paixão. E, temos Claudio Villa (participação especial) num vilarejo desenhando um cartaz de "procurado"... Quando a câmara se aproxima do desenho, descobrimos que nele está estampado a face de Tex.
Voltemos a Dampyr. Como se preparou para desenhá-lo? Adotou estratégias particulares durante o trabalho com as páginas, como música gótica ao fundo, imagens aumentadas, sons estranhos?
Preparo o trabalho com uma procura fotográfica, porque em Dampyr é importantíssimo o realismo. Os ambientes devem ser bem reconhecíveis e então procuro material que me possa ajudar. Os personagens devem ser fiéis as suas origens e então uso alguma fotografia para ajudar. Desenho escutando (mais do que vejo) SKY, também dois ou três filmes ao dia e naturalmente prefiro gênero mais negro que rosa.
Marco Fara é preenchedor com trabalhou durante cinco anos na Starcomics, e que agora está com você em Dampyr. Como funciona o "trabalho em equipe"? Trabalhei pela primeira vez com Marco em 2006, quando Giusepe Di Bernardo, o indicou para preencher um trabalho. Inicialmente, titubiei... Tinha medo que me descaracteriza-se meu traço, e, foi justamente o contrário, digo que Fara soube ser extremamente respeitoso com meu trabalho. Seu trabalho eficaz foi de encontro ao meu ódio em preencher os desenhos.
Nosso "trabalho em equipe" prosseguiu em vários títulos da Starcomics e agora acho natural continuarmos com ele na Bonelli. Dado a distância (moramos em cidades distantes), eu preparo uma página como todos os detalhes via internet, então ele faz a parte dele. Ele usa um truquezinho, et voilà, tudo pronto. Às vezes, se temos tempo para trabalhar, mando para ele minhas páginas originais e ele trabalha de maneira tradicional.
O que pensa de Tesla e das suas impossíveis histórias de amor?
Gosto muito de Tesla, adoro seu lado doce que contrasta com sua força e como se relaciona com o "soldadinho" dela. Gosto que no fundo, acredita que o amor vence tudo. Gostaria de ser como ela.
Entre os pards quem é aquele que gosta mais?
Além de Tesla, aquele que gosto mais de desenhar é Kurjak. Gosto muito de caracterizar sua face carregada de experiência e rica de expressividade. Por um acaso, a história que me foi dada para desenhar para a série regular é toda centrada nele e no seu passado. Escrita por Boselli e se entitulara "O Filho de Kurjak".
Há algum personagem coadjuvante da série que gostaria que tivesse mais espaço que tivesse mais espaço nas histórias?
Dampyr é uma série que dá muito espaço aos personagens co-protagonistas e coadjuvantes bem caracterizados. Gosto muito da pequena Ljuba, porque é o lado bom de Lisa. Estou desenhando ela...
Aonde gostaria que se passasse uma próxima aventura de Harlan Draka?
Admiro Dampyr porque, a parte, a maravilhosa atmosfera de Praga, não há uma ambientação fixa. Devo confessar que gosto muito das histórias que se passam na Itália, por exemplo "As Exterminadoras" (Dampyr 59, que se passa na Sardenha ou aquela sobre o Rio Pó (O Grande Rio). Gostaria de ver Harlan nos Alpes do Piemonte, na região de fronteira com a França, lá há regiões ainda bastante rurais e que, quem sabe, escondam mistérios.
De Cornélio a Diabolik e agora em Dampyr. Aonde quer chegar Daniele Statella?
Chegar? Não, estamos somente no início... Desenhar quadrinhos é a minha paixão antes que uma profissão. Tenho ainda tantíssimo para aprender e, quando vejo as páginas dos mestres (Claudio Villa, por exemplo) me sinto mal... Estou distante mil milhas daqueles trabalhos maravilhosos e, para responder a pergunta, é ali que gostaria de chegar. Nem tanto desenhar Diabolik ou Dampyr, mas ser tão bom como aqueles grandes mestres do desenho, cujo trabalho admiro e que para mim atualmente é inatingível. Mas eu vou chegar lá.
Entrevista sob a responsabilidade de Paolo Guiducci
Entrevista publicada na edição especial para a Rimini Comics 2013 "Baile de Fim de Verão".
Chegar? Não, estamos somente no início... Desenhar quadrinhos é a minha paixão antes que uma profissão. Tenho ainda tantíssimo para aprender e, quando vejo as páginas dos mestres (Claudio Villa, por exemplo) me sinto mal... Estou distante mil milhas daqueles trabalhos maravilhosos e, para responder a pergunta, é ali que gostaria de chegar. Nem tanto desenhar Diabolik ou Dampyr, mas ser tão bom como aqueles grandes mestres do desenho, cujo trabalho admiro e que para mim atualmente é inatingível. Mas eu vou chegar lá.
Entrevista sob a responsabilidade de Paolo Guiducci
Entrevista publicada na edição especial para a Rimini Comics 2013 "Baile de Fim de Verão".
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