terça-feira, 6 de setembro de 2011


Entrevista de Luca Raimondo ao PQEditori, em junho passado:
"O PQEditori tem o prazer de apresentar um extraordinário expoente da escola Salernitana, um desenhista que consegue combinar virtuosíssimas técnicas e grande fluidez de narração. Para todos os amantes dos quadrinhos, apresentamos Luca Raimondo, desenhista da Sergio Bonelli Editore e desenhista de Dampyr, quase certamente o melhor quadrinho italiano em circulação.

1) Diga-nos que coisa o motivou a se tornar desenhista de quadrinhos?
Acredito e penso que aconteceu para todos os desenhistas, que seja uma paixão inata, eu não me recordo a primeira vez que tive um lápis entre as minhas mãos. A verdadeira paixão, está em contar histórias através de imagens, mas a "partida" se deu quando estive em Salerno e vi um desenhista de Dylan Dog, Bruno Brindisi, em ação; e então tentei. Na época, lhe apresentei meus trabalhos, de qualidade não muito grande, e com o tempo me empenhei e o trabalho alcançou um estilo profissional, que me permitiu desenhar um quadrinho real, então você precisa de um certo conhecimento de anatomia e de perspectiva.


2) A qual escola gráfica você se inspira em particular?
Obviamente, crescendo sob a influência gráfica de Bruno Brindisi é possível encontrar nos meus traços, elementos típicos da escola salernitana. Sou também, um admirador da escola Franco-Belga, que também adota a linha clara. Sendo um leitor de quadrinhos de todos os gêneros, procuro "pescar" o melhor de vários autores. Na verdade, a escola gráfica que menos gosto é a dos mangás.

3) Qual foi o personagem mais difícil de desenhar?
Um personagem, seu eu me limitar ao universo bonelliano, que seria mais complexo de desenhar, é Nathan Never. Mesmo tendo colaborado com Roberto De Angelis (desenhista histórico de Nathan Never). Uma experiência que me enriqueceu muito pessoalmente, mesmo não sendo amante de ficção-científica. Não tenho problemas em desenhar cenas com cavalos, que é o Calcanhar-de-Áquiles de muitos desenhistas.

4) Hoje é importante desenhista de Dampyriano, mas como seu primeiro contato com o personagem?
Dampyr é um personagem que tinha vontade de desenhar, sendo um apaixonado por horror, depois de Dylan Dog. Antes de realizar o personagem, reli a série, mais por motivos pessoais que técnicos, e quanto aos argumentos, falam por si só. Devo dizer que o impacto com o personagem foi positivo, porque Boselli é um dos melhores argumentistas da Itália e do mundo, pois além de conhecer muito bem os quadrinhos, insere muitos elementos culturais. Um outro aspecto fascinante, eu defino Dampyr como "Cosmopolita", pois toda edição é ambientada em algum lugar do mundo, e isso me força, informar-me e conhecer países e ambientes muito distantes dos nossos. Enfim, devo dizer, que a qualidade de Dampyr é altíssima, com um staff também altíssimo, tanto que brinco sempre, dizendo que o convite para mim desenhá-lo, foi para diminuir um pouco essa qualidade.


5) Quando existe divergência na realização de uma página entre o desenhista, a redação e o argumentista, como se resolve essa divergência?
Quando recebo um argumento, que já foi visto pela Bonelli, procuro traduzí-lo, respeitando aquelas que são as regras do quadrinho bonelliano. Se realmente aparece uma divergência, aceito as recomendações e os conselhos de Boselli.

6) Para você, qual é o elemento que faz de Dampyr um grande sucesso editorial?
A qualidade dos desenhos e dos argumentos. Podemos dizer que Dampyr é um mix, utiliza-se de alguns elementos culturais já vistos em Martin Mystere, obviamente Dampyr foca mais os lugares, permite absorver a atmosfera dos lugares aonde se passam as histórias. Um outro elemento é a "continuidade narrativa" e seguramente os personagens muitíssimo bem caracterizados.


7) Um dos pontos de força de Dampyr está na continuidade das tramas narrativas, como procura igual seu traço com aquele de outros desenhistas, que lhe precederam numa história com continuação?
Uma escolha Bonelliana, para mim vencedora, é aquela de não limitar muito os desenhistas, dando a possibilidade aos leitores de apreciarem diversos estilos, mas sempre ligados a corrente realista. Para realizar Dampyr, eu tive que utilizar menos traços claros, a vantagem dos traços negros é que apresentam uma atmosfera mais ligada ao horror.


8) Que coisa falta a Dampyr para alcançar os níveis de venda de monstros sagrados como TEX e DYLAN DOG?
Pessoalmente acho difícil entender certas dinâmicas, vale dizer que Tex para muitos leitores se transformou numa leitura que não abrem mão, com aficcionados que seguramente não são tão jovens; o mesmo discurso vale também para Dylan Dog. Certo, é extremamente complicado, hoje, por vários motivos, obter certo sucesso de vendas, não nos esqueçamos que Dylan Dog nasceu há mais de vinte anos e Tex tem sessenta anos.


9) Concluindo, está trabalhando em novos projetos na Bonelli ou em algo fora dela?

Há cerca de três anos, iniciei uma colaboração com uma editora francesa, empurrado principalmente pela minha paixão pelo quadrinho Franco-Belga, experiência um tanto complexa, que ocorreu em um momento de mudança na minha vida, e que há um ano decidi suspender. Agora, me dedico principalmente a desenhar Dampyr, então veremos mais adiante, novos projetos."
Materia publicada originariamente no: www.pqeditori.altervista.org

Um comentário:

Luca Raimondo disse...

Olà!