quinta-feira, 9 de setembro de 2010


CRÍTICA AO DAMPYR 121
Diretamente do site observadores externos, a crítica ao Dampyr 121.
Roteiro e argumento: Mauro Boselli
Desenhos: Fabiano Ambu
Capa: Enea Riboldi
Editora: Sergio Bonelli
Série Mensal - edição 121 (abril/2010)

Em abril de 2000, era lançado "O Filho do Vampiro", o primeiro número da última coleção mensal da Sergio Bonelli Editore que saiu em banca, e nesses tempos difíceis para todo mundo dos quadrinhos, a superar a edição 100.

Projeto inicial como série com fim, mini-série e depois transformada à vontade popular em série mensal, a coleção de Mauro Boselli e do desaparecido Maurizio Colombo, no curso desses dez anos de vida editorial, transformou-se em muitas coisas. O aparato cultural e histórico, junto à continuidade, são mudados mês após mês, sempre rapidamente, as estupendas atmosferas horror-bélicas dos primeiros números são somente uma distante recordação, bom para que ama o ditado clássico: "o quadrinho "x" não é mais o quadrinho de uma vez" (um tormento que encontra espaço na música, no cinema, na literatura, etc). E de aparato cultural e continuidade está repleta "A Casa de Faust", edição chamada a homenagear estes dez anos de vida editorial.

Escolha seguramente ousada, para uma edição assim importante, encontramos nos desenhos, um estreiante absoluto, pelo menos no mundo Bonelli, Fabiano Ambu, diante de uma história muito difícil de desenhar.

Dez anos depois
O que aconteceu dez anos depois que a edição dupla de como Harlan, Kurjak e Tesla se encontraram pela primeira vez? Bem, uma coisa certamente aconteceu: Maurizio Colombo não escreve mais Dampyr, e assim o estilo de Mauro Boselli pôde encontrar amplo espaço para moldar a coleção segundo os seus gostos (diria à sua própria imagem e semelhança). Lendo esta edição, nos veio uma pergunta institiva: se está se comemorando os dez anos de vida do personagem Dampyr ou os dez anos de "gestão boselliana"? "A Casa de Faust" é uma das edições mais bosellianas que foi já escrita: plena de inverossímel, de idéia cultural, totalmente desconhecida às pessoas, cheia de diálogos, continuidade onipresente, uma multidão de personagens, conhecidos e desconhecidos. Mas, ouvir, desta vez Harlan Draka, pseudo-protagonista da série, que aparece na página 15, recitando sua parte em uma história que realmente tem muitos personagens, muitos elementos. Um excedente de informações, personagens, situações, acontecimentos afetam o leitor: o novato provavelmente terá uma dor de cabeça, e quando ele pensar essa edição, lhe virá em mente talvez uma analogia com "Guerra e Paz", uma leitura pesada, mas aos fãs de Dampyr tudo aparecerá como ouro, que brilha como luz que cega, e sobre ele a leitura deta edição exercerá um fascínio irresistível. Um pouco, como o fascínio de Samael: citamos um Harlan Draka finalmente presente, mas não ainda protagonista, porque a verdadeira protagonista desta edição é evidente a partir do título, é a mágica Praga, como os seus anjos e demônios. Caleb, Nicholas, Samael, Dr. Dee, o canalha Edward Kelly, quanto magia se desdobra diante de nossos olhos.
Falavamos de Colombo. Boselli parece sempre render homenagem ao colega (que todos esperamos retorne a escrever, talvez no Maxi que sai no verão (europeu), citado na Seção dal buio... da edição), tratando da Dimensão Negra, um elemento sempre mais importante na saga dampyriana (basta somente o nome de Thorke para torná-la fundamental), um elemento idealizado pelo próprio Colombo, na longinqua edição 19. Mas não é só isto: nós somos levados ao antiquário Frantisek (desaparecido desde a edição 23), comprovamos também a inédita parceria Dean Barrymore-Maud Nightingale, outro já citado Samael e o novato Ryakar, sinal que a coleção de Dampyr tem uma precisa memória histórica, que às vezes faz a cabeça (como nos recorda de maneira provocativa o mesmo Boselli, sempre na Seção dal buio...). E a edição de dez anos, ocasião que era propícia para expor toda a qualidade da série.
Para um argumento realmente incrível, encontramos um roteiro tipicamente boselliano, com diálogos simples, mas claros e eficazes, como as típicas trocas de cenas da atmosfera das histórias de Praga, mas temos tambpem algumas evidências e algumas passagens não muito claras. Começando, o incício da edição, todos os personagens falam da mesma história (ou que eles estavam combinados, o Doutor Dee e o mesquinho Kelly) em diversos lugares, de maneira obviamente forçada, ainda mais forçada é a revelação que também Samael cai no mesmo discurso como ator principal. É o jogo das coincidências, um truque de Boselli poucas vezes utilizado, mas um truque necessário: se este fantástico argumento fosse esmiuçado em duas edições, provavelmente agora estaríamos falando da pedra angular dos quadrinhos Bonelli, mas infelizmente assim não é. Imperativa é a elaboração de uma história dupla, e com todos os empenhados texianos que Boselli tem em seu grupo é quase proibido (especialmente a luz da edição quádrupla dampyriana que Stefano Andreucci está terminando, que será publicada em 2011). Outra passagem dupla é o que se executa da pág. 42 a pág. 45, em que vemos interagir na mesma sala Cale, depois Nikolaus, sem que o segundo perceba o primeiro, para depois chegar ao confronto da última página.

Um argumento incrível, um roteiro difícil, de inegável qualidade: um filme já visto em Dampyr.


Capitão Ambu
Dito que a surpreendente escolha de Boselli, de confiar esta difícil história a um noviço do mundo dampyriano, uma história plena de personagem recorrentes no curso da série, e de forte componente de sonho. Fabiano Ambu, autor bastante famoso na web, por questões também extra quadrinhos, realiza uma obra praticamente perfeita. O seu trato nervoso se apresenta de maneira idílica com a atmosfera da história, o desenhista cria atmosferas estupendas, como talvez, somente Luca Rossi é capaz de criar, no interno da coleção.

Normalmente, o trabalho do revisor é aquele de identificar exclusivamente os defeitos (se houver) em vez dos méritos, e os defeitos estão aqui. Seria absurdo pretender de Ambu que acertasse tudo de primeira: na sua edição vemos um Harlan Draka não propriamente centrado, características em alguns casos alteradas, assim como nos causou perplexidade algumas das primeiras imagens de Nikolaus, e sobretudo a figura de Dean Barrymore, que nos primeiros quadrinhos dele, se mostrou irreconhecível, de aspecto muito usado (mas com o passar dos quadrinhos este erro de atenua até desaparecer).
Mas de primeira, Ambu centra-se apenas em Tesla, Caleb, Samael, Maud, a Dimensão Negra com tantos sentinelas, e enfim Praga: era este o desafio maior, saber retratar Praga em toda a sua magia, sua atmosfera onírica, sobretudo, depois das versões de Luca Rossi primeiro e Michele Cropera depois, que ofereceram na série. Outros desenhistas seriam impiedosamente criticados, Ambu, não. E deve ser dado mérito, além do talendo desenhista, também a sabedoria e experiência de Boselli, em haver encontrado provavelmente o desenhista (estreiante) perfeito para esta história.


Feliz Aniversário
Depois de duas capas convincentes, Enea Riboldi produz uma capa não muito bem arquitetada, que deveria jogar com a perspectiva de fazer sentir em dificuldade, que apresenta figuras que resultam decompostas, de Harlan às sentinelas, e que sofrem problemas de coloração.

Depois da leitura desta edição, um preciso teorema encontra uma definitiva confirmação. Dampyr, ou o odeia ou o ama. E nós fazemos parte da segunda categoria. Nos resulta difícil de imaginar as críticas que uma edição como esta pode receber de um leitor que, tenha sido atraído à edição de dez anos: demorada, heterogenea, complicada, pesada, sem conclusão. O problema, doce problema neste caso, está em que Dampyr deveria ser um quadrinho popular, mas no balanço é muito mais que um quadrinho de entretenimento: Boselli corajosamente vai em frente pela sua estrada, trazendo atrás dele, um público fiel que o segue, e a crítica está toda com ele. É a apoteose da arte de contar histórias, é a admiração que um autor tem de si mesmo, um Dorian Grey que se olha no espelho, compadecendo-se.

Falamos mais da edição de dez anos da "gestão" Boselli que da coleção. Se Tiziano Sclavi introduziu em Dylan Dog seus caprichos e o seu mal-estar interior, Boselli quer chegar a arte pura de contar histórias: nada de personificação entre autor e protagonista. O protagonista em Dampyr é o que ele quer dizer, é a história.

Em suma, estamos realmente felizes de não sermos novatos também nós.


Roteiro: 8,5
Argumento: 7
Desenhos: 8
No todo = 8

Crítica publicada originariamente no site: www.osservatoriesterni.it

Tradução: Joe Fábio e Janete Mariano de Oliveira.

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